Mito ou verdade: ficamos mais doentes quando esfria?


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Infectologia

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Publicado em: 14/06/2024

Revisado em: 14/06/2024

À medida que as temperaturas caem, aumenta a tendência de termos gripes, resfriados e infecções respiratórias, além do agravamento de alergias.

 

Quem nunca ouviu aquele clássico conselho de mãe ou de avó para levar um agasalho ao sair de casa para não pegar “friagem”? Ou para ter cuidado com o “sereno”? Isso pode ter cara de superproteção e de exagero por parte delas, mas o fato é que, sim, à medida que esfria, aumenta a tendência de termos gripes, resfriados e infecções respiratórias, além do agravamento de alergias.

Cristóvão Mangueira, médico patologista clínico e diretor de medicina laboratorial do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, explica o que acontece no nosso corpo quando as temperaturas caem: os vasos sanguíneos se contraem, sentimos calafrios, o metabolismo aumenta e diminui a frequência cardíaca. Tudo isso ocorre com um só objetivo: gerar ou manter energia para que o corpo fique aquecido. 

O médico esclarece que as baixas temperaturas também afetam a imunidade ou o sistema imunológico, que é um grupo de células que defendem o organismo contra doenças, infecções e tumores. 

“O ar frio e seco pode ressecar as membranas mucosas do trato respiratório, tornando-as mais suscetíveis a infecções. [Além disso,] a baixa temperatura pode reduzir a eficiência de resposta celular do sistema imunológico”, detalha.

O dr. Cristóvão cita como outro “agravante” o fato de ficarmos mais em ambientes fechados. Sabe aquele hábito comum e compreensível de fechar portas e janelas para não deixar o frio “entrar”? Isso dificulta a circulação de ar. “Durante o frio, as pessoas tendem a ficar mais em ambientes fechados, facilitando a propagação de vírus e bactérias”, pontua o patologista.

 

Doenças de outono ou inverno

É a combinação desses fatores que gera um ambiente perfeito para que se proliferem as chamadas “doenças de outono ou inverno”, como gripes, resfriados e infecções respiratórias. As alergias também costumam piorar nessa época do ano. 

“Há uma maior incidência de resfriados e gripes e de infecções respiratórias, como bronquite e pneumonia, devido à combinação de imunidade reduzida e maior proximidade entre pessoas em ambientes fechados. O ar seco, mais frequente no inverno, pode agravar alergias e asma”, detalha. 

        Veja também: 7 dicas e cuidados práticos para os dias frios

 

Doenças de verão

Mas não é só no outono ou no inverno que estamos mais propensos a ficar doentes. Quando as temperaturas aumentam, outros problemas aparecem. O dr. Cristóvão explica que, em dias mais quentes, aumentam a transpiração e a frequência cardíaca, e os vasos sanguíneos se dilatam. Tudo isso acontece para facilitar a perda de calor.  

O médico chama a atenção para a questão da transpiração excessiva, que “pode levar à perda de líquidos e eletrólitos, aumentando o risco de desidratação”. “A desidratação pode afetar negativamente a função imunológica”, diz o especialista. Além disso, segundo ele, o calor e a umidade facilitam a proliferação de alguns microrganismos, como bactérias e fungos.

De acordo com o dr. Cristóvão, algumas “doenças de verão” comuns são: insolação e desidratação, por conta da exposição prolongada ao sol; infecções gastrointestinais, “devido ao consumo de alimentos deteriorados pelas altas temperaturas e mais facilmente contaminados”; e dermatoses e infecções cutâneas, pois “devido ao calor e umidade, há maior propensão a contrair doenças de pele”.

 

Reforço da imunidade

Independentemente do clima, é importante seguir bons hábitos. O médico lista “práticas fundamentais para manter um sistema imunológico forte e funcional, independente das variações de temperatura”:

  • Manter uma alimentação balanceada, rica em frutas, verduras, proteínas e grãos integrais;
  • Beber água regularmente;
  • Fazer atividades físicas regulares, pois isso ajuda a manter o sistema imunológico ativo;
  • Dormir bem, o que é essencial para a regeneração do corpo;
  • Controlar o estresse, usando técnicas de relaxamento, meditação e hobbies;
  • Lavar frequentemente as mãos e realizar boa higiene pessoal;
  • Manter as vacinas em dia para proteção contra doenças infecciosas.

 

Sobre a autora: Fabiana Maranhão é jornalista desde 2006 e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por temas ligados à infância e à adolescência, alimentação saudável e saúde mental. 

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