Embora concordem que a redução de seus índices traga efeitos indesejáveis, especialistas discordam quanto às indicações da reposição de testosterona.
A internet está repleta de exaltações aos benefícios da reposição de testosterona.
Os níveis de testosterona diminuem com a idade. Calcula-se que, a partir dos 20 anos, a queda seja de 1% a 2% ao ano.
Os sinais e sintomas atribuídos à baixa produção (hipogonadismo) não são específicos: aumento da gordura corpórea, diminuição da massa muscular, da densidade óssea, da libido, da vitalidade e da sensação de bem-estar. Embora a função erétil também seja afetada, ela se acha preservada até que as concentrações estejam muito baixas.
Veja também: Artigo do dr. Drauzio sobre osteoporose em homens
Na maioria dos laboratórios, os níveis normais estão entre 300 ng/dL e 900 ng/dL. O diagnóstico de hipogonadismo não deve ser baseado num único exame; há obrigatoriedade de duas medições efetuadas pela manhã.
Quando o resultado estiver pouco abaixo da faixa da normalidade, o diagnóstico deve ser confirmado pela dosagem de testosterona livre e de outros hormônios.
Os especialistas estão de acordo com esses conceitos, as discordâncias dizem respeito às indicações da reposição:
1) Os defensores admitem que faltam dados de boa qualidade para avaliar a relação custo/benefício, mas argumentam que o hipogonadismo está relacionado com outros agravos: diabetes tipo 2, doença cardiovascular e síndrome metabólica.
Reconhecem que, em alguns estudos, a reposição aumentou o risco cardiovascular, mas que essa associação não foi confirmada.
Afirmam que o risco de câncer de próstata não está comprovado, e que pode ser minimizado com a adoção de critérios que contraindiquem a reposição em homens com PSA > 4 ng/dL (ou > 3 ng/dL, se forem negros ou tiverem parentes de primeiro grau com câncer de próstata), nódulos prostáticos palpáveis ou próstatas muito aumentadas.
2) O segundo grupo é formado pelos que limitam a indicação apenas aos casos com níveis de testosterona muito baixos.
Para eles, a reposição pode melhorar a sensação de bem-estar, a força muscular, a densidade óssea e a libido, mas os efeitos estão diretamente relacionados com o grau de deficiência. Em homens com níveis pouco abaixo da normalidade, o aumento da concentração sanguínea de testosterona traz benefícios tão pequenos que não compensam os riscos, os custos e os inconvenientes do tratamento.
3) Os conciliadores partem do princípio de que existem controvérsias em relação às doenças cardiovasculares e que o risco de câncer de próstata parece ser mínimo ou inexistente (embora os dados sejam limitados), especialmente quando o PSA é controlado.
Propõem modificações no estilo de vida, porque a obesidade contribui para reduzir a produção de testosterona. Recomendam que a reposição fique limitada aos homens com diagnóstico laboratorial preciso, sinais e sintomas claros de hipogonadismo.
Nesses casos, as doses de testosterona devem ser pequenas, suficientes apenas para manter as concentrações na faixa intermediária da normalidade. Depois de seis meses, se a melhora não for evidente, não há justificativa para insistir no tratamento.