A demência por corpos de Lewy (DCL) se manifesta mais nos homens do que nas mulheres especialmente naqueles acima de 60/70 anos de idade. Saiba mais.
Demência por corpos de Lewy (DCL) é um distúrbio neurodegenerativo, lento e progressivo, que acomete o tecido cerebral e interfere na execução das atividades do dia a dia.
Sua principal característica é o desenvolvimento de aglomerados anormais de uma proteína defeituosa e tóxica chamada alfa-sinucleína, que se instalam nos neurônios e nos espaços existentes entre eles, ocupando determinadas regiões do cérebro, tais como o córtex e o tronco cerebrais e o interior do mesencéfalo. São esses depósitos defeituosos de proteínas que constituem os chamados ‘corpos de Lewy’, estruturas que promovem a destruição das células nervosas e que podem aparecer também em pessoas com Alzheimer, Parkinson ou síndrome de Down.
Veja também: Demências frontotemporais
Descritas pela primeira vez, em 1912, por Frederich Heinrich Lewy, neurologista americano nascido na Alemanha, foi só em 1996, que a denominação “demência por corpos de Lewy” passou a ser reconhecida e adotada com o propósito de agregar diversos tipos de transtornos neurológicos que apresentam quadro clínico semelhante.
Corpos de Lewy estão envolvidos no declínio de habilidades mentais que podem comprometer a cognição, a linguagem, o movimento, o comportamento e o sono.
A condição se manifesta mais nos homens do que nas mulheres especialmente naqueles acima de 60/70 anos de idade.
Os sintomas de demência por corpos de Lewy, da doença de Parkinson e da doença de Alzheimer podem sobrepor-se, o que dificulta estabelecer o diagnóstico diferencial entre esses distúrbios e, com frequência, retarda o início do tratamento.
Causas da demência por corpos de Lewy
Ainda não se conhece a causa específica para a demência por corpos de Lewy. Segundo parece, não se trata de um transtorno hereditário, apesar de alguns casos já terem sido registrados em pessoas da mesma família. Entretanto, importante mencionar que pesquisas mais recentes sugerem que certas variantes genéticas (genes APOE e GBA, por exemplo) possam representar, de algum modo, fator de risco para a formação de corpos de Lewy, estruturas arredondadas que destroem o tecido cerebral saudável e provocam declínio das funções cognitivas.
Sempre vale destacar que, na DCL, o comprometimento da memória pode surgir mais tarde, com a evolução do distúrbio.
Sintomas demência por corpos de Lewy
Segundo publicação da Cleveland Clinic, é possível classificar os sintomas da demência por corpos de Lewy de acordo com seguintes categorias:
- Dificuldade de movimento – falta de equilíbrio, movimentação lenta (bradicinesia), caminhada arrastada, quedas frequentes, descoordenação motora, dificuldade para engolir (disfagia), rigidez muscular, tremores (parkinsonismo atípico ou secundário);
- Flutuação da função cognitiva – sintoma relativamente específico da demência por corpos de Lewy que, como os outros, pode variar de intensidade ao longo do tempo e de uma pessoa para a outra.. Em outras palavras: estados de alerta, coerência e capacidade de manter o foco podem alternar-se com outros que indicam confusão mental, dificuldade de planejamento para resolver problemas e tomar decisões;
- Perturbação comportamental do sono REM – além da movimentação rápida dos olhos, o distúrbio pode ser reconhecido pela representação física dos eventos ocorridos durante os sonhos;
- Exames laboratoriais de sangue – dado importante para avaliar a funcionamento da tireoide ou os níveis alterados da vitamina B12 no sangue;
- Alterações no funcionamento do sistema nervoso autônomo – parte do sistema nervoso central relacionado com as funções involuntárias do organismo: controle da temperatura corporal e da pressão arterial, batimento cardíaco, circulação do sangue, incontinência urinária e fecal, respiração, disfunção sexual;
- Mudanças de humor e de comportamento: depressão, ansiedade agitação, agressividade;
- Alucinações visuais (a mais comum) e auditivas recorrentes – delírio, crenças em ideias falsas, paranoia, entre outras.
Diagnóstico da DCL
O diagnóstico da DCL leva em consideração os seguintes recursos:
- Levantamento da história clínica pessoal e familiar, sintomas e achados obtidos em exame físico e neurológico criterioso;
- Exames de imagem como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética que podem não colaborar diretamente para esclarecer o diagnóstico específico da demência por corpos de Levy, mas são úteis para estabelecer o diagnóstico diferencial com outras patologias;
- Polissonografia – exame que permite avaliar a qualidade do sono e os distúrbios comportamentais que possam ocorrer durante o sono REM;
- Avaliação neurológica da função mental – incluindo as habilidades de pensamento, memória e atenção, assim como o reconhecimento das alucinações visuoespaciais e auditivas recorrentes.
Atenção: nenhum exame isoladamente pode certificar o diagnóstico da demência por corpos de Lewy.
Veja também: Demências
Prevenção da demência por corpos de Lewy
Até o momento, não há nada a que se possa recorrer para prevenir o aparecimento da condição.
Fatores de risco e prognóstico da DCL
O envelhecimento é o fator de risco de maior importância para o aparecimento da demência por corpos de Lewy, uma vez que a tendência é o quadro agravar com o passar da idade.
De maneira geral, o prognóstico também não costuma ser animador, uma vez que não se conhece, ainda, uma forma eficaz para deter a progressão da doença.
Tratamento
Infelizmente, os estudos, ainda, não indicaram um caminho terapêutico seguro que possa levar à cura da demência por corpos de Lewy. Por enquanto, o tratamento está voltado basicamente para o controle e alívio dos sintomas. O objetivo é adiar o surgimento da condição, sempre pensando que tanto o diagnóstico quanto o início precoce do tratamento são fundamentais para controlar a progressão da doença e preservar a qualidade de vida dos pacientes e cuidadores.
Alguns medicamentos inibidores da colinesterase, rivastigmina, galantamina e donepezil, por exemplo, já se mostraram úteis para controle dos sintomas cognitivos. Por sua vez, clonazepam e melatonina podem ajudar, quando o foco se volta para os distúrbios comportamentais do sono REM.
Fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia são áreas do conhecimento de extrema importância para o tratamento não medicamentoso da demência por corpos de Lewy. Da mesma forma, a prática regular de atividade física e alimentação balanceada são recursos terapêuticos sempre bem-vindos.
Perguntas frequentes sobre demência por corpos de Lewy
A demência por corpos de Lewy tem tratamento?
Alguns medicamentos inibidores da colinesterase, rivastigmina, galantamina e donepezil, por exemplo, já se mostraram úteis para controle dos sintomas cognitivos. Por sua vez, clonazepam e melatonina podem ajudar, quando o foco se volta para os distúrbios comportamentais do sono REM.
Quais os sintomas da demência por corpos de Lewy?
Os sintomas incluem dificuldade de movimento, alteração da função cognitiva, perturbação do sono, mudanças de humor e comportamento, alucinações visuais, entre outros.
Qual o CID da demência por corpos de Lewy?
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11) para a DCL é 6D82.
