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Gastroenterologia

Inchaço abdominal: quais as possíveis causas?

Gases e inchaço abdominal são queixas comuns que qualquer pessoa pode apresentar de vez em quando. Mas, se o problema é recorrente, é preciso investigar. 
Publicado em 14/06/2022
Revisado em 14/06/2022

Gases e inchaço abdominal são queixas comuns que qualquer pessoa pode apresentar de vez em quando. Mas, se o problema é recorrente, é preciso investigar. 

 

Sentir-se cheio, inchado, com gases é uma sensação que todo mundo já sentiu pelo menos alguma vez na vida. O inchaço abdominal – que muitas vezes surge acompanhado pelo excesso de gases – pode ter diferentes origens, desde um alimento que não caiu bem até uma doença gastrointestinal que precisa ser investigada.

Em alguns casos, a adoção de hábitos simples relacionados à alimentação pode amenizar o problema. Contudo, quando os sintomas surgem com frequência, o mais indicado é procurar um médico e realizar exames específicos para descobrir o que está causando o desconforto e assim fazer o tratamento mais adequado. 

 

Hábitos que atrapalham a digestão

O estufamento é aquela sensação de estômago inchado, quando a pessoa se sente cheia mesmo tendo comido pouco naquela refeição ou ao longo do dia. Uma das causas para isso acontecer está relacionada ao modo com que se come. Quem mastiga pouco, por exemplo, tende a se sentir mais inchado. 

É o que explica a dra. Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo, médica do Centro de Especialidades do Aparelho Digestivo do Hospital Nove de Julho, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Aparelho Digestivo (SBDC) e da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBC). “Se você é uma pessoa que come rápido demais, isso influencia no estufamento porque o alimento vai cair no estômago de forma íntegra, sem ser triturado, e o estômago vai demorar mais para processar a digestão, então vai causar uma fermentação maior no estômago.”

Consumir carboidratos em excesso, de acordo com a especialista, também pode levar a uma maior fermentação e, assim, favorecer o inchaço.

 

Condições e doenças que podem causar inchaço

Quem tem gastrite, que é uma inflamação na parede do estômago, também costuma se sentir mais estufado. Isso porque quando o estômago está inflamado, ele demora mais para fazer a digestão, o que pode levar ao aumento de gases e inchaço na região abdominal. Outras doenças comuns que podem causar esses sintomas são intolerância à lactose (quando a pessoa não consegue digerir o açúcar do leite) e a doença celíaca (quando existe intolerância ao glúten, proteína presente no trigo, cevada e centeio). 

“Lembrando que intolerância é diferente de alergia. O paciente pode, por exemplo, não ser intolerante, mas ter alergia à proteína do ovo e tudo que ele come com ovo, ele fica estufado. Então, às vezes é preciso investigar as duas coisas: as intolerâncias e as alergias, sendo que a intolerância é a causa mais frequente dos estufamentos”, destaca a dra. Vanessa. 

Quando a pessoa está com um inchaço na região inferior da barriga, abaixo da linha do umbigo, as causas podem ser outras, como constipação (dificuldade para evacuar), excesso de gases presos, intoxicação alimentar ou mesmo um sintoma de doenças como apendicite, diverticulite e até endometriose. “São problemas inflamatórios do intestino que causam uma disfunção, ou seja, o movimento intestinal vai ficar alterado por conta dessas doenças, o que vai gerar maior estufamento.”

Tumores na região também podem causar essa sensação já que obstruem o intestino. 

Veja também: Doença celíaca pode demorar até 7 anos para ser diagnosticada no Brasil

 

Como melhorar a digestão

A especialista recomenda algumas medidas que favorecem o processo de digestão e, dessa forma, ajudam a prevenir sintomas gastrointestinais desagradáveis, como inchaço e excesso de gases:

  • Evite beber durante a refeição. A médica diz até dois dedos de líquido não causam problemas, mas o ideal é beber de 30 minutos a uma hora depois de comer;
  • Procure manter uma postura na mesa e evite comer mexendo no computador ou no celular, por exemplo, pois isso faz com que você se distraia da sua mastigação;
  • Preste atenção ao que está comendo e tente mastigar devagar, para triturar melhor os alimentos;
  • Alguns legumes e verduras causam maior produção de gases – como brócolis, couve-flor e repolho, por exemplo. Se você está com algum problema intestinal, o ideal é evitar esse tipo de alimento; 
  • Evite deitar logo depois de comer porque, além de atrapalhar a digestão (podendo levar à distensão abdominal, gases e cólica), esse hábito favorece o refluxo e pode causar azia, queimação e regurgitação. 

 

O que fazer para aliviar

Além das medidas para ajudar na digestão, segundo a especialista, uma dica comum para aliviar o excesso de gases e o inchaço abdominal é o chá de camomila. “A camomila ajuda muito a reduzir isso. Uma xícara de chá morno meia hora após a refeição ajuda na digestão e evita a produção de gases em excesso”, explica.

“Isso é uma dica natural, mas se você está sempre estufado, com gases, sentindo cólicas, o ideal é procurar um profissional de saúde para pedir exames específicos como endoscopia, colonoscopia e ultrassom para fazer o tratamento adequado com medicação”, destaca. “A melhora desse quadro ocorre a partir de um conjunto de hábitos, escolha de alimentos, mastigação adequada e a busca de um profissional.”

Para quem está com inchaço causado pela constipação, a dica é aumentar a ingestão de líquidos e consumir mais fibras, legumes, verduras e frutas. Além disso, o exercício físico é um aliado importante: caminhar, por exemplo, ajuda a estimular o movimento intestinal. 

Lembre que sentir um desconforto gastrointestinal esporadicamente é normal. Pode ser resultado de um exagero eventual, um dia corrido em que a pessoa precisou comer muito rápido ou até mesmo um dia estressante, já que o estresse também pode afetar o aparelho digestivo. Medicamentos comuns, como os antigases, podem aliviar os sintomas. “Se é algo esporádico, ok. Mas se você está tendo sintomas uma média de três, quatro vezes durante a semana, o mais adequado é procurar um profissional”, recomenda a médica.

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