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Drogas Lícitas e Ilícitas

Quais são os efeitos do cigarro eletrônico no organismo?

Veja o que já se sabe sobre as consequências do vape para o pulmão e para os outros órgãos do corpo.
Publicado em 07/12/2022
Revisado em 14/12/2022

Veja o que já se sabe sobre os efeitos do cigarro eletrônico para o pulmão e para os outros órgãos do corpo.

 

Sabores diferentes, cores chamativas, formatos práticos e compactos… Os atrativos do cigarro eletrônico, criado sob o pretexto de ajudar fumantes a largarem o cigarro convencional, acabaram atraindo um novo público: os jovens. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a OMS, cerca de 70% dos usuários têm atualmente entre 15 e 24 anos.

No Brasil, a comercialização, importação e propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidos. Por outro lado, não é difícil encontrá-los à venda. Sem regulamentação, fica complicado ter certeza de quais são as substâncias presentes no vape e, consequentemente, quais são os prejuízos do seu uso à saúde.

 

O que tem no vape?

A diferença do cigarro eletrônico para o cigarro convencional é a sua constituição química. Os vapes supostamente contêm concentrações menores de nicotina, que se encontra no estado líquido. Por outro lado, eles apresentam mais de 80 substâncias tóxicas que variam de acordo com o produto, tais como:

  • Propilenoglicol;
  • Glicerina;
  • Nitrosaminas;
  • Químicos oxidativos;
  • Metais;
  • Benzaldeído, cinamaldeido ou diacetil.

Muitos desses ingredientes servem para dar o gosto adocicado e estão intimamente relacionados ao surgimento do câncer.

 

Só o pulmão é afetado pelo cigarro eletrônico?

Quando se fala em cigarro, seja o convencional ou o eletrônico, as primeiras doenças que vêm à mente são as oncológicas ou pulmonares. Faz sentido, já que o câncer de pulmão é uma das principais ameaças aos usuários desses dispositivos, bem como o aumento de inflamações no pulmão que podem ocasionar insuficiência respiratória ou pneumonia bacteriana. Além disso, dificulta ainda o combate de doenças infecciosas, como a covid-19.

“A gente sabe que o cigarro convencional está muito associado às doenças tromboembólicas e neoplasias, relação que já foi estudada extensivamente. A correlação que fazemos é que o risco do cigarro eletrônico é igual ou maior, porque as mesmas substâncias se fazem presente”, explica a dra. Mariana Laloni, oncologista da Oncoclínicas e doutora em cirurgia torácica e cardiovascular pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Mas, ainda que o pulmão seja o órgão mais prejudicado pelos vapes, outras partes do corpo não estão livres dos seus efeitos, como mostra um estudo publicado em abril de 2022 na revista científica “eLife”:

 

Cérebro

Segundo os pesquisadores, o uso de cigarro eletrônico faz com que os marcadores inflamatórios aumentem e interfere ainda no acúmulo do gene neuroinflamatório, responsável pela motivação e processamento de recompensas do organismo. Na prática, isso significa um maior risco de AVC (acidente vascular cerebral) e propensão à adição.

Além disso, a neuroinflamação do cérebro também está associada à potencialização da ansiedade, depressão, transtornos de humor e síndrome do pânico.

 

Cólon

No intestino, os estudiosos viram que os marcadores inflamatórios também aumentaram no cólon, causando maior risco de doença gastrointestinal.

 

Coração

Já quando o assunto é cardiovascular, os marcadores inflamatórios diminuem, o que não é bom, já que essa imunossupressão pode fazer com que o tecido do coração fique mais sujeito a infecções e ao infarto

Veja também: Cigarro eletrônico sem nicotina faz mal?

 

O que é a EVALI?

O perigo é tão real que já existe uma doença ligada ao uso dos cigarros eletrônicos. É a lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico ou produto vaping, mais conhecida pela sua sigla em inglês: EVALI. Os sintomas vão desde tosse, dor no peito e falta de ar até náuseas, vômitos, problemas abdominais e perda de peso. 

Em um estudo feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) em 2020, dos quase 3 mil pacientes hospitalizados com EVALI, 68 morreram. Em sua maioria, adolescentes e jovens adultos. No Brasil, os especialistas afirmam que há uma subnotificação dos casos.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), o tratamento consiste na suspensão do uso dos cigarros eletrônicos e medidas como oxigenação e ventilação, podendo ou não ser invasiva.

A questão é que, como os vapes se popularizaram nos últimos cinco anos, a ciência ainda não sabe exatamente quais são os seus efeitos a longo prazo. Os estudos ainda se limitam às consequências imediatas ou a produtos mais antigos, como canetas e box mods, que diferem dos atuais pods recarregáveis. As reações do organismo também mudam de acordo com o sabor do cigarro eletrônico, o que exige uma pesquisa mais aprofundada.

“Hoje, os vapes são a porta de entrada para o cigarro no caso dos jovens. O Brasil foi um país que teve sucesso no combate ao tabagismo, mas estamos vendo um perigo muito grande para as novas gerações”, alerta a dra. Mariana.

Veja também: Pare de fumar: 21 passos para largar o cigarro

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