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Drogas Lícitas e Ilícitas

OMS: Álcool causou 2,6 milhões de mortes em 2019

garrafa enchendo copos pequenos de bebida sobre balcão de bar. Álcool matou mais de 2 milhões de pessoas em 2019, segundo OMS
Publicado em 27/06/2024
Revisado em 27/06/2024

De acordo com a OMS, o álcool foi responsável pela morte de cerca de 2,5 milhões de pessoas no mundo todo em 2019. Leia na coluna de Mariana Varella.

 

Novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que o álcool foi responsável pela morte de cerca de 2,6 milhões de pessoas no mundo todo em 2019. Destas, 2 milhões eram homens e 600 mil, mulheres.

As taxas mais altas de mortes relacionadas ao álcool por 100 mil habitantes foram observadas na Europa e na África, com 52,9 e 52,2 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente.

Veja também: Uso do álcool: o que a ciência sabe

Jovens entre 20 e 39 anos foram os mais afetados: 13% das mortes relacionadas ao álcool em 2019 ocorreram nessa faixa etária. Os dados revelam, da mesma forma, que 400 milhões de pessoas acima de 15 anos de idade (7% da população mundial nessa idade) usavam a droga de forma abusiva, e 209 milhões (3,7% dos adultos do mundo) tinham problemas de dependência.

Também há diferenças de gênero no padrão de consumo de bebidas alcoólicas e nas mortes causadas por elas. Em 2019, 52% dos homens usavam a substância com frequência, enquanto 35% das mulheres haviam consumido bebidas alcoólicas nos 12 meses anteriores. Nesse ano, o álcool foi responsável por 6,7% de todas as mortes de homens no mundo e por 2,4% das mortes de mulheres.

 

Álcool: efeitos nocivos

As bebidas alcóolicas contêm etanol, uma substância tóxica e psicoativa que pode levar à dependência. Qualquer quantidade de álcool é maléfica para a saúde. Contudo, a maioria das mortes em 2019 foi atribuída a episódios agudos de consumo abusivo ou ao abuso crônico e prolongado da substância.

O álcool está associado a mais de 200 doenças, lesões e outras condições de saúde. Ainda de acordo com a OMS, o uso de álcool  aumenta o risco de desenvolver doenças não transmissíveis, como doenças no fígado e cardiovasculares (só em 2019, o álcool causou 474 mil mortes no mundo por esse tipo de doença ), vários tipos de câncer e problemas relacionados à saúde mental, como depressão, ansiedade e outros associados ao consumo da substância.

Outro problema associado ao consumo da substância são os acidentes: em 2019, houve 298 mil mortes em acidentes de trânsito envolvendo o álcool; destas, 156 mil foram causadas por outras pessoas alcoolizadas .

Acidentes e agressões envolvendo o álcool incluem quedas, afogamentos, queimaduras, agressões sexuais, violência doméstica e suicídio. Além disso, há uma relação causal já bem estabelecida entre álcool e o aumento da incidência de doenças infectocontagiosas, como tuberculose, e infecção pelo HIV.

 

Álcool e câncer

A ciência já alerta, com base em evidências de vários estudos bem desenhados, que o uso de álcool está diretamente relacionado a vários tipos de câncer, como de cabeça e pescoço, esôfagofígadomama e colorretal. Alguns cânceres, como o de fígado e colorretal, estão associados ao uso excessivo de álcool, mas o risco de câncer de mama e esôfago, por exemplo, aumenta mesmo que o consumo seja moderado.

Desse modo, quanto menor o consumo de álcool, menor o risco de câncer, afirma o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), um dos órgãos que ajudam a definir políticas públicas de saúde nos Estados Unidos.

Nesse sentido, não importa qual a bebida escolhida para consumo, qualquer quantidade de cerveja, vinho ou destilado aumenta a probabilidade de desenvolver determinados tipos de câncer. Esse risco é dose-dependente, o que significa que ele cresce conforme a ingestão de álcool aumenta.

 

Dose segura de álcool

Antes de mais nada, não há, segundo a OMS, uma dose segura para o consumo de álcool. Qualquer dose pode acarretar aumento de risco para várias doenças e problemas de saúde.

No entanto, a OMS ressalta que o nível de risco depende de vários fatores, como quantidade consumida, frequência de uso, condições gerais de saúde, idade, sexo e outras características individuais, além do contexto em que ocorre o consumo.

Veja também: Álcool: qual a quantidade eleva risco de câncer?

Fatores sociais e culturais, condições de acesso a bebidas, nível socioeconômico e a existência ou não de políticas de controle do uso do álcool também afetam o padrão de consumo da substância.

 

Mudanças positivas e obstáculos

No relatório a OMS ressalta que há, também, mudanças positivas na forma como países vêm lidando com o álcool. Entre 2010 e 2019, o número de mortes por 100 mil habitantes relacionados ao álcool diminuiu 20,2% no mundo todo.

Há cada vez mais países que desenvolvem e implementam políticas de controle do consumo de álcool. Quase todos cobram impostos sobre o consumo de bebidas alcoólicas, embora a indústria do álcool tente interferir, com frequência, no desenvolvimento dessas políticas.

Com base nos dados de 2019, cerca de 54% dos 145 países avaliados no relatório tinham directrizes nacionais para o tratamento especializado para problemas relacionadas ao consumo de álcool.

O acesso ao rastreio, à intervenção rápida e ao tratamento para pessoas com consumo nocivo de álcool
e problemas relacionados a esse  consumo continuam precários, assim como o acesso a medicamentos para o tratamento de pessoas que fazem uso abusivo da droga.

Globalmente, a proporção de pessoas com problemas relacionados ao consumo de álcool que frequentam serviços de tratamento varia entre menos de 1% e não mais de 14% em todos os países onde tais dados estão disponíveis.

Por fim, a OMS termina termina o relatório afirmando: “As políticas e intervenções públicas para prevenir e reduzir os danos relacionados ao álcool devem ser orientadas e formuladas pelos interesses de saúde pública e baseadas em objectivos claros de saúde pública e nas melhores evidências disponíveis”.

 

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