Veja as principais dúvidas e o que a ciência já sabe sobre o novo coronavírus.
A revista “Nature” relaciona cinco aspectos da infecção pelo coronavírus, que os cientistas procuram elucidar:
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1) Por que as pessoas respondem de forma tão diversa?
É um dos aspectos mais intrigantes. Em epidemias de outros microrganismos, o quadro clínico costuma seguir determinado padrão. Tem sido assim com o HIV, o Ebola, a meningite e outras.
No caso do coronavírus, até 40% dos infectados permanecem assintomáticos, enquanto os demais podem apresentar um quadro gripal benigno de sintomatologia variável, evoluir com insuficiência respiratória, necessitar de internação em UTI, intubação, ventilação mecânica e, eventualmente, ir a óbito.
É possível que diferenças genéticas individuais expliquem tamanha diversidade. Uma equipe internacional que analisou 4 mil genomas de pacientes da Itália e Espanha, mostrou que duas variantes genéticas são mais comuns naqueles que desenvolveram insuficiência respiratória. Uma delas está numa região do genoma que determina o tipo sanguíneo, no sistema ABO. A outra está próxima de diversos genes que codificam proteínas envolvidas na resposta imunológica contra microrganismos.
2) Qual a natureza da imunidade e quanto tempo vai durar?
O esforço está centrado nos anticorpos neutralizantes que se ligam às proteínas da cápsula viral, impedindo a penetração nas células. Esses anticorpos permanecem no sangue em níveis elevados por algumas semanas, mas depois caem.
Nos que apresentaram quadros graves, as concentrações se mantêm por mais tempo. Parece que quanto maior o número de vírus, maior e mais durável a produção de anticorpos. Ainda não sabemos quais os níveis necessários à proteção contra reinfecções.
Estudos recentes procuram caracterizar a participação de células imunologicamente competentes na defesa antiviral. A resposta imunológica a outros coronavírus não depende apenas de anticorpos.
Há mais de 200 preparações vacinais em desenvolvimento, das quais 20 sendo testadas em ensaios clínicos (dois deles com participação do Brasil).
3) O vírus pode ter sofrido mutações que o tornaram mais agressivo?
A maioria das mutações identificadas não interferem com a agressividade. Não é fácil detectar as que são capazes de fazê-lo. Mutações que surgiram numa proteína da coroa do vírus em fevereiro, na Europa, têm sido encontradas em todos os países. Os estudos sugerem que estejam ligadas a quadros mais graves.
4) E a vacina?
Será a única maneira de controlar a pandemia. Há mais de 200 preparações vacinais em desenvolvimento, das quais 20 sendo testadas em ensaios clínicos (dois deles com participação do Brasil). Com a indústria e os governos investindo bilhões de dólares na pesquisa e produção, uma vacina poderá estar disponível no primeiro semestre de 2021, tempo recorde. É provável que não proteja todos os vacinados, mas se for capaz de reduzir a gravidade da doença, já será útil.
5) Qual a origem do vírus?
A maioria dos especialistas admite que o SARS-CoV-2 surgiu em morcegos. É possível que tenha infectado um hospedeiro intermediário antes de ser transmitido a seres humanos, mas até agora não está comprovado.