Dermatite atópica | Artigo - Portal Drauzio Varella
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Dermatite atópica | Artigo

Publicado em 19/04/2011
Revisado em 11/08/2020

Caracterizado por lesões avermelhadas na pele, problema é observado em pessoas com alergia respiratória. Saiba mais no artigo sobre dermatite atópica, abaixo.

 

Dermatite atópica é uma doença inflamatória da pele caracterizada por lesões avermelhadas que causam coceira, localizadas geralmente na face das crianças pequenas e nas dobras do joelho e cotovelo das crianças maiores e dos adultos. A afecção, muitas vezes, é observada em pessoas com história de alergia respiratória.

Embora os termos dermatite e eczema sejam usados como sinônimos, os médicos dão preferência ao primeiro.

 

Evolução

 

Dermatite atópica é uma doença crônica, que evolui com fases de ativação e de remissão espontânea. Costuma acometer crianças ao redor do terceiro mês de vida. Cerca de 60% a 85% dos casos se instalam já no primeiro ano de vida.

Quem chega à adolescência sem ela, dificilmente corre risco de tê-la, já que em menos de 1% dos pacientes a doença tem início na vida adulta.

O quadro costuma entrar em remissão, ou mesmo desaparecer, antes da adolescência em cerca de 60% a 80% dos pacientes; os demais referem diminuição da frequência e da gravidade das crises.

 

Veja também: Conheça os sintomas da psoríase

 

Associação com outras doenças de fundo alérgico

 

Em cada três portadores de dermatite atópica, dois apresentam quadros associados de asma ou rinite alérgica, e apenas um tem dermatite atópica como única manifestação alérgica. Nos meninos, a associação com quadros respiratórios é mais frequente. Pelo menos metade dos asmáticos é portadora de dermatite atópica.

Conjuntivites alérgicas frequentemente fazem parte da apresentação.

 

Hereditariedade

 

Há várias evidências de que a hereditariedade esteja envolvida:

1 – um estudo brasileiro mostrou que 80% dos pacientes têm casos de alergia entre os familiares próximos;

2 – em gêmeos univitelinos ou iguais, quando um dos irmãos tem dermatite atópica, em 70% a 80% dos casos o outro também é acometido. Quando os gêmeos são diferentes, essa porcentagem cai para cerca de 20%;

3 – quando a mãe é afetada, o risco de transmissão para o filho é 4 vezes maior do que quando o pai é portador;

4 – quando um dos pais é acometido, a probabilidade de o filho desenvolver a doença é de 56%; quando pai e mãe têm a doença, essa probabilidade aumenta para 81%.

 

Como surge a doença

 

A pele é a barreira que protege os órgãos internos do contato com o ambiente. Suas camadas mais externas estão sujeitas a alterações do clima e a agressões por agentes químicos e biológicos capazes de modificar seu nível de hidratação, sua estrutura e composição bioquímica.

Substâncias estranhas com as quais entramos em contato (antígenos) ou aquelas liberadas pela flora microbiana da pele podem estimular a fabricação de anticorpos e mediadores químicos que, em indivíduos predispostos, criam uma cascata de reações que agride a barreira e provoca o aparecimento das lesões pruriginosas. O ato de coçar pode agravar o processo inflamatório.

 

Fatores desencadeantes

 

Podem desencadear o aparecimento das lesões com coceira, características do quadro:

1 – alimentos: têm papel controverso; os mais implicados são ovos, leite, trigo, soja, peixe, amendoim;

2 -alérgenos aéreos: exposição aos ácaros da poeira domiciliar;

3 -contato da pele com certas bactérias ou fungos;

4 – dermatite de contato: níquel e outros metais, derivados da borracha, conservantes, amaciantes, detergentes, produtos de limpeza, roupas de lã e tecidos sintéticos;

5 – frio intenso e ambientes secos;

6 – calor e transpiração;

7 – estresse emocional.

 

Diagnóstico

 

Para fazer o diagnóstico, os médicos se baseiam na presença de coceira, acompanhada de dois ou mais dos seguintes achados:

1 – dermatite crônica ou cronicamente recidivante;

2 – localizações típicas, como a face nos lactentes e as dobras de pele em pacientes com dois anos ou mais;

3 – história pessoal ou familiar de outras atopias (asma, rinite alérgica, conjuntivite alérgica).

 

Quadro clínico

 

Coceira é o sintoma dominante. A intensidade depende de características pessoais e da gravidade. Pode ocasionar escoriações e infecção secundária. A coceira piora com a transpiração. A pele quase sempre é seca, mesmo nas áreas normais.

Nas crianças pequenas, as lesões avermelhadas surgem nas bochechas a partir do terceiro mês. Aos 6 meses, localizam-se principalmente nas regiões malares da face e no couro cabeludo.

Elas podem permanecer localizadas ou disseminar-se para o rosto inteiro, pescoço e membros.

Nas crianças de 2 a 12 anos, as áreas mais acometidas são as dobras do cotovelo e da região posterior do joelho. Podem aparecer lesões na face, pescoço, punhos, nádegas, parte posterior da coxa, dorso das mãos e dos pés.

Já nos adolescentes e nos adultos, elas tendem a ser mais difusas, avermelhadas e descamativas, localizadas em áreas de flexão, na face e em volta dos lábios e dos olhos.

Ocasionalmente, surgem casos atípicos com descamação de mãos, pés, mamilos, região em volta dos lábios e dos olhos.

 

Tratamento

 

1 – Cuidados com a pele

A pele do portador de dermatite atópica tende a ser facilmente irritável e ressecada por causa da perda excessiva de água. Para evitar que isso aconteça, são recomendadas as seguintes medidas:

  • tomar banhos rápidos com água morna. Banhos rápidos de imersão podem evitar a estimulação da coceira que a ducha provoca. Usar toalhas macias e enxugar a pele com delicadeza;
  • dar preferência a sabonetes líquidos e infantis. Sabonetes de glicerina ressecam ainda mais a pele;
  • aplicar hidratante logo depois do banho. Repetir a hidratação mais duas ou três vezes no decorrer do dia;
  • evitar irritantes como amaciantes, branqueadores e detergentes. Enxaguar várias vezes a roupa para retirar o sabão. Não usar tecidos sintéticos ou de lã, nem roupas novas sem antes lavá-las e remover as etiquetas;
  • evitar carpetes, cortinas, móveis estofados, brinquedos e enfeites de tecido ou pelúcia;
  • não coçar a pele.

 

2 – Medicamentos

Segundo os especialistas do Consenso Latino-Americano, além desses cuidados gerais, as dermatites atópicas devem ser tratadas de acordo com a gravidade do caso.

Os mais graves podem exigir o uso de derivados da cortisona e outras drogas imunossupressoras administradas com o objetivo de inibir a resposta imunológica responsável pela agressão aos tecidos cutâneos (ciclosporina A, azatriopina, imunoglobulina hiperimune, entre outras).

Os casos iniciais ou de média gravidade devem ser tratados com uma nova classe de medicamentos tópicos desenvolvidos a partir de 1998, os inibidores da calcineurina: pimecrolino e tacrolino.

Quando aplicadas sobre a área afetada, essas drogas bloqueiam a enzima calcineurina, essencial para a estimulação da resposta imunológica patológica responsável pela dermatite, além de bloquear a atividade de outras células envolvidas na reação inflamatória.

Estudos conduzidos em mais de 18 mil pacientes comprovaram que esses medicamentos são eficazes e bem tolerados: previnem novos surtos e provocam melhora progressiva e duradoura das dermatites atópicas.

Importante: O acompanhamento médico é absolutamente necessário. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhores serão os resultados.

 

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