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Drogas Lícitas e Ilícitas

Abuso de anabolizantes | Artigo

Publicado em 04/04/2011
Revisado em 09/08/2021

Não é de hoje que atletas usam anabolizantes para melhorar a performance, mas foi nos últimos 10 anos que o abuso dos esteroides se disseminou entre frequentadores de academias, unicamente para melhorar a aparência física.

 

Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas administravam hormônios derivados da testosterona para aumentar a agressividade dos soldados alemães. Esses hormônios anabolizantes – chamados de esteroides androgênicos – foram estudados na década de 1950 como agentes promotores de crescimento, mas suas propriedades virilizantes tornaram o uso clínico inviável.

Não é de hoje que alguns atletas usam anabolizantes com o objetivo de melhorar a performance, mas foi nos últimos 10 anos que o abuso dos esteroides se disseminou entre frequentadores de academias sem nenhum interesse em participar de competições esportivas, unicamente para melhorar a aparência física.

Quando andrógenos são ingeridos ou injetados na corrente sanguínea, ao passar pelo fígado, a testosterona é metabolizada e tornada inerte. Para impedir essa inativação surgiram no mercado adesivos transdérmicos, cápsulas de liberação prolongada e preparações contendo modificações estruturais na fórmula da testosterona.

 

Veja também: Doping

 

Doses fisiológicas de testosterona e seus derivados, como aquelas empregadas em homens com hipogonadismo (insuficiência de produção de testosterona), não exercem efeitos indesejáveis em homens normais. Por isso, quem abusa de anabolizantes é obrigado a aumentar e escalar as doses para obter o efeito desejado – exatamente como o fazem os usuários de outras drogas.

Doses mais altas (suprafisiológicas) de testosterona estimulam a síntese de proteínas e aumentam a massa muscular, porque o hormônio se liga a receptores específicos localizados nas fibras musculares. Dosagens mais elevadas provocam ainda euforia e resistência à fadiga, facilitando a realização de exercícios mais vigorosos que colaboram decisivamente para hipertrofiar a musculatura.

Alguns estudos mostram que o exercício físico é muito importante para o ganho de massa muscular se for associado ao uso de anabolizantes. Estes, quando administrados a sedentários, provocam aumentos bem mais discretos.

O abuso de anabolizantes provoca distúrbios comportamentais, endócrinos, cardiovasculares, hepáticos e musculoesqueléticos.

  • Comportamentais

São frequentes as queixas de agressividade exacerbada, irritabilidade, agitação motora e aumento ou diminuição da libido. Síndromes psiquiátricas como transtorno bipolar (anteriormente conhecida com o nome de psicose maníaco-depressiva), síndrome do pânico e quadros depressivos podem surgir na vigência do uso de doses elevadas.

  • Endócrinos

É comum aparecerem lesões dermatológicas típicas de acne – principalmente na face -, atrofia dos testículos, calvície, impotência sexual, diminuição do número e da motilidade dos espermatozoides, redução do volume de esperma ejaculado, ginecomastia (crescimento das mamas em homens), masculinização das mulheres e alterações na tolerância à glicose que podem desencadear quadros de diabetes em indivíduos predipostos.

  • Cardiovasculares

Retenção de líquido que favorece o aparecimento de edemas. Aumento da pressão arterial. Alteração no metabolismo dos lípides que podem levar a aumento do risco de doenças cardiovasculares: aumento do colesterol total, diminuição de HDL (“bom colesterol”), aumento de LDL (“mau colesterol“) e aumento de triglicérides.

  • Hepáticos

Elevação das enzimas do fígado (transaminases, fosfatase alcalina, gama GT, etc.), quadros de icterícia e, mais raramente, câncer do fígado.

  • Musculoesqueléticos

Lesões osteomusculares por solicitação exagerada (“overuse”). Fechamento precoce das epífises, com consequente interrupção do crescimento dos ossos. Não existe tratamento específico para o uso abusivo de anabolizantes.

Como essas drogas são geralmente comercializadas por vias ilegais e administradas em dosagens e concentrações variáveis por pessoas leigas, não há estudos clínicos para nos ajudar a definir esquemas seguros de administração, se é que eles existem.

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