Dificilmente encontraremos alguém que nunca teve um episódio de dor de cabeça. Se o problema for frequente, porém, é recomendável investigar com a ajuda de um especialista.
Dor de cabeça, ou cefaleia, é uma condição frequente, de intensidade variável e características distintas. Ela pode ser classificada, segundo suas causas determinantes, em cefaleias primárias e cefaleias secundárias. Ao primeiro grupo pertencem as dores de cabeça que indicam, ao mesmo tempo, a enfermidade e o sintoma. Ao segundo, aquelas que estão correlacionadas com outras doenças. Por exemplo: infecções bacterianas e virais (sinusite, meningite, encefalite, gripes e resfriados, entre outras) fibromialgia, aneurismas, tumores cerebrais, AVC, hipóxia cerebral, lesões cranianas, distúrbios oftalmológicos e do ouvido etc. Há casos, porém, em que não é possível definir a causa da dor de cabeça.
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Dores de cabeça podem ocorrer em pessoas de todas as idades, desde o nascimento até a velhice. Essa queixa também comum na infância pode estar relacionada com um distúrbio físico, emocional ou psicológico, ou ainda ser efeito colateral de algum medicamento.
Tipos e sintomas
Existem inúmeros tipos de cefaleias primárias. Os mais frequentes são a cefaleia tensional, a cefaleia em salvas e a enxaqueca.
A cefaleia tensional costuma ser a mais prevalente e pode ser aguda ou crônica. Como o nome diz, resulta da tensão prolongada da musculatura cervical (ao redor do pescoço) e da musculatura ao redor do crânio. Em geral, é uma dor em peso ou aperto, bilateral, de intensidade leve ou moderada, que se manifesta na testa, na nuca ou na parte de cima da cabeça. A duração da crise varia bastante. No entanto, em geral não impede que a pessoa exerça suas atividades rotineiras.
Na cefaleia em salvas (cluster headache), a dor é pulsátil, muito forte, de um lado só, na região têmporo-frontal, na face e na órbita ou no fundo de um dos olhos. Queda da pálpebra, congestão ocular (o olho fica vermelho e lacrimejante), obstrução nasal e coriza são outros sintomas que se manifestam também no lado afetado pela dor. As crises vêm agrupadas, são diárias (de uma a oito por dia), muitas vezes ocorrem durante a noite, e podem repetir-se por dias ou meses. Assim como desaparecem de uma hora para outra (remissão espontânea), podem voltar de repente.
Acredita-se que a cefaleia em salvas tenha origem no hipotálamo, uma estrutura cerebral ligada aos ciclos sono-vigília, e que haja alguma correlação entre essa dor e a apneia do sono. O distúrbio se manifesta mais nos homens do que nas mulheres, durante a segunda e terceira décadas da vida.
A enxaqueca, ao contrário, afeta mais as mulheres. Também chamada de migrânea, é um distúrbio neurovascular crônico, multifatorial e incapacitante. As crises podem surgir em qualquer idade, mas é mais comum terem início na adolescência.
O sintoma característico é a dor de cabeça unilateral e latejante, de intensidade média ou forte, que pode ser precedida por uma aura premonitória (embaçamento da visão ou aparecimento de pontos luminosos, manchas ou linhas em zigue-zague). Outros sintomas são náuseas, vômitos, sensibilidade à luz (fotofobia), aos sons (fonofobia), aos movimentos e irritabilidade.
Diagnóstico
O diagnóstico dos diferentes tipos de cefaleia começa pelo levantamento da história do paciente e pelo exame clínico e neurológico com o objetivo de determinar as causas e as características da dor. Alguns exames de sangue e de imagem, como ressonância magnética, tomografia de crânio e eletroencefalograma podem ser necessários para estabelecer o diagnóstico diferencial.
Tratamento
Nos casos de cefaleias secundárias, o tratamento se voltará para o controle das enfermidades de base. Quanto às cefaleias primárias, ele varia de acordo com o tipo da doença. Crises esporádicas de cefaleia tensional costumam responder bem ao uso de analgésicos comuns. Nos quadros crônicos, medicamentos antidepressivos têm-se mostrado eficazes. Mudanças no estilo de vida que ajudem a controlar a tensão e o estresse, assim como a prática de exercícios físicos e de relaxamento são medidas importantes tanto para a prevenção quanto para o alívio da dor.
O tratamento das cefaleias em salvas tem basicamente dois objetivos: prevenir novas crises e cortar a dor tão logo tenha se manifestado. Na verdade, esse tipo de cefaleia só responde a medicamentos que agem diretamente sobre os receptores da serotonina. O efeito é bastante rápido se forem injetados por via subcutânea no início da crise. A inalação de oxigênio é outro recurso terapêutico útil para controle da dor. Quanto ao tratamento preventivo, existem vários medicamentos que apresentam bons resultados, mas só devem ser utilizados com indicação médica.
Muitas vezes, os episódios de enxaqueca podem ser controlados com analgésicos comuns. Quando isso não acontece, existe uma classe de drogas chamada triptanos, que apresenta bons resultados no controle da dor e baixa incidência de efeitos colaterais. A resposta ao tratamento é mais eficaz, quando iniciado logo que surgem os primeiros sintomas.
Recomendações
- Esteja atento: deve ser encaminhada para assistência médica imediata a pessoa com dor de cabeça forte, que surge de repente, ou persiste por dias, não cede com o uso de analgésicos comuns e está associada a sintomas como confusão mental, sonolência, febre alta, desmaios, convulsões, rigidez da nuca ou alterações motoras.