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Dermatologia

Dermatite seborreica no couro cabeludo: o que é e por que aparece

Publicado em 05/05/2025
Revisado em 30/04/2025

A dermatite seborreica tem origem multifatorial e atinge entre 1% e 3% da população mundial; veja como identificar e prevenir.

 

Seu couro cabeludo tem glândulas sebáceas, estruturas microscópicas que secretam sebo, uma substância oleosa que ajuda na hidratação e na proteção da pele. No entanto, por uma série de fatores que vão desde a predisposição genética até o estresse, essas áreas podem inflamar, gerando uma condição conhecida como dermatite seborreica. 

A doença é caracterizada pela descamação e vermelhidão das áreas afetadas, atinge entre 1% e 3% da população mundial e tem dois picos de incidência, segundo estudos. O primeiro na primeira fase da vida, até os três meses de idade, e depois na fase adulta, aproximadamente entre os 30 e 60 anos.

A condição afeta tanto homens quanto mulheres, mas tende a ser mais frequente e intensa no sexo masculino. Isso acontece porque hormônios sexuais masculinos, como a testosterona, estimulam a atividade das glândulas sebáceas.

        Ouça: Dermatite seborreica – DrauzioCast #180

 

Causas da dermatite seborreica 

A origem da dermatite seborreica é multifatorial. De acordo com pesquisas e especialistas, pode envolver predisposição genética, estresse, variações climáticas (como frio e baixa umidade) e certas doenças neurológicas ou imunológicas, como Parkinson e vírus da imunodeficiência humana (HIV). 

A condição também tem relação com a proliferação excessiva de fungos do gênero Malassezia da microbiota (conjunto de todos os microorganismos que vivem no corpo). Esses microrganismos, que começam a nos colonizar já nas primeiras semanas de vida, segundo estudos, precisam de lipídios (o sebo é exemplo) para se multiplicar. 

“Esse fungo se alimenta do sebo, a oleosidade natural produzida pela pele. Durante esse processo, ele libera substâncias como o ácido oleico, um ácido graxo que pode irritar a pele, provocar inflamação e desencadear os sintomas típicos da doença, como vermelhidão, descamação e coceira. Em pessoas predispostas, essa reação inflamatória é mais intensa”, explica o dr. Diego Szeremeta Colle, médico dermatologista. 

 

Sintomas da dermatite seborreica

Os principais sintomas são descamação amarelada ou branca; coceira, leve ou intensa; vermelhidão e sensibilidade local; e sensação de ardor ou queimação em casos mais intensos, segundo o dr. Eduardo Schneider, dermatologista da Paraná Clínicas, operadora de planos de saúde empresariais. 

Esses sintomas, porém, não são iguais para todo mundo. Alguns apresentam sinais mais discretos, enquanto outros enfrentam quadros recorrentes e intensos. “A gravidade e a extensão desses sintomas variam conforme fatores genéticos, hormonais, ambientais e até emocionais. Algumas pessoas têm crises mais discretas e pontuais, enquanto outras enfrentam quadros recorrentes e intensos”, diz o dr. Schneider.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a doença “não é contagiosa e não é causada por falta de higiene. Também não é uma alergia e tampouco perigosa.”

        Veja também: Além do piolho: entenda o que pode causar coceira no couro cabeludo

 

Alimentação e dermatite seborreica

Os hábitos alimentares também têm impacto na forma como a dermatite seborreica se manifesta e evolui, de acordo com o dr. Colle. Embora a alimentação não seja a causa da doença, ela pode funcionar como um fator agravante ou de controle, dependendo do padrão adotado.

‘’Dietas com alta carga glicêmica, aquelas ricas em açúcares simples, farinhas refinadas e alimentos ultraprocessados, estão associadas a um maior risco de crises e piora dos sintomas. Esse tipo de alimentação favorece a inflamação no organismo, estimula a produção excessiva de sebo e reduz a capacidade antioxidante da pele, criando um ambiente ideal para a proliferação do fungo Malassezia, um dos principais envolvidos na dermatite seborreica’’, fala.

Por outro lado, padrões alimentares mais naturais e balanceados, com baixo índice glicêmico e alto teor de antioxidantes, podem exercer um efeito protetor, segundo o especialista. ‘’O consumo regular de frutas frescas, legumes, verduras, grãos integrais, castanhas e peixes ricos em ômega-3 melhora a resposta imunológica da pele e ajuda a controlar a inflamação crônica. Isso porque esses alimentos são ricos em compostos antioxidantes que neutralizam o estresse oxidativo, um dos mecanismos que contribuem para a piora da dermatite.’’

 

É a mesma coisa que caspa?

A dermatite seborreica é frequentemente confundida com a caspa. Segundo o dr. Schneider, porém, há diferenças. “Ambas envolvem descamação no couro cabeludo, mas na dermatite seborreica ocorre inflamação visível, vermelhidão e, em muitos casos, coceira intensa. Já a caspa geralmente é seca, sem sinais de inflamação e mais discreta”, diz.

Outras condições, como a psoríase, a micose do couro cabeludo e a dermatite de contato provocada por cosméticos, também podem ser confundidas com a doença, segundo o especialista. Nesses casos, o diagnóstico preciso do quadro sempre é clínico e, em situações específicas, pode ser necessária uma biópsia.

        Veja também: Coceira pode ser falta de hidratação da pele? Entenda a relação

 

Tratamento da dermatite seborreica

O tratamento padrão, de acordo com o dr. Schneider, inclui xampus antifúngicos, corticosteroides tópicos leves para diminuir a inflamação e loções de ácido salicílico, além de enxofre ou alcatrão, que também podem ser utilizados. Ele diz que tratamentos mais naturais podem ser utilizados, como óleo de melaleuca, porém não há evidências científicas robustas.

No caso dos xampus anticaspa vendidos em balcão na farmácia, eles podem colaborar com quadros mais leves, de acordo com o dr. Schneider. Em casos mais resistentes, porém, é melhor optar por xampus que melhorem a descamação, calmantes e com ação antifúngica, falou. O uso deve ser regular, sendo a frequência definida por avaliação médica conforme a gravidade.

Se a inflamação for intensa, com dor ou crostas espessas, e se houver queda de cabelo associada, frequência muito alta das crises, falha de resposta aos xampus de farmácia e dúvida individual sobre o problema, é recomendado procurar um dermatologista. 

 

Como prevenir? 

De acordo com SBD, não há maneira de prevenir o surgimento da condição. Porém, alguns cuidados podem ajudar a diminuir os sintomas, caso apareçam, como não tomar banhos com água muito quente, remover todo xampu e condicionador após passar na cabeça, sempre se secar bem depois da ducha (fungos adoram umidade) e usar chapéus que não segurem o suor.

Segundo o dr. Colle, é importante evitar também cosméticos muito oleosos ou comedogênicos (que tendem a obstruir os poros), pois podem agravar a dermatite. Além disso, é recomendado controlar o estresse emocional, pois é um gatilho importante para crises.

        Veja também: Como o estresse afeta a pele?

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