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Coluna da Mariana Varella

Novas recomendações para prevenir o AVC

casal de idosos fazendo exercícios ao ar livre, para prevenir o AVC
Publicado em 25/10/2024
Revisado em 25/10/2024

Associações médicas americanas lançam diretrizes para prevenir o AVC ou derrame. Leia na coluna de Mariana Varella.

 

Na última segunda-feira (21), a Associação Americana do AVC e a Sociedade Americana de Cardiologia  (ASA e AHA, respectivamente, da sigla em inglês) lançaram novas diretrizes para a prevenção do acidente vascular cerebral (AVC).

A ideia é aproveitar o Dia Mundial do AVC, comemorado em 29 de outubro, sobretudo para conscientizar os profissionais de saúde e a população sobre a importância da prevenção da doença.

Veja também: Por que os casos de AVC têm crescido entre os mais jovens

Quase 110 mil brasileiros morreram de derrame em 2023, segundo dados do Portal de Transparência do Centro de Registro Civil, com base em atestados de óbito.

Entretanto, a maioria dos casos, cerca de 90%, no entanto, é prevenível, de acordo com a Associação Mundial do AVC. 

No documento, os especialistas pedem a profissionais de saúde que identifiquem e tratem os fatores de riscos de seus pacientes, como pressão arterial alta, taxas elevadas de colesterol e glicemia e obesidade.

 É muito importante, ressalta o documento, atuar para prevenir o primeiro derrame, já que após o evento o risco de uma pessoa sofrer outros acidentes vasculares cerebrais é maior.

Medidas preventivas para o AVC

Para evitar o AVC, as associações médicas recomendam oito medidas para toda a população, independentemente do risco individual:

 

1. Alimentação

 A dieta considerada mais saudável pelos especialistas é a chamada dieta mediterrânea, que tem como base frutas, vegetais, grãos integrais e carnes magras. Por outro lado, a dieta mediterrânea é pobre em açúcar, alimentos processados e carne vermelha.

 

2. Atividade física

Exercícios físicos regulares são essenciais para manter a saúde em dia, pois o sedentarismo é fator de risco para inúmeras doenças, incluindo as cardiovasculares. 

Desse modo, as associações recomendam pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica moderada ou 75 minutos de exercícios vigorosos por semana ou, ainda, uma combinação dos dois. 

Dados mostram que embora essa seja a orientação para a prática de exercícios, qualquer atividade física reduz o risco de AVC em pessoas sedentárias.

 

3. Peso adequado

 Do mesmo modo, manter o peso dentro dos limites considerados saudáveis é muito importante para prevenir doenças cardiovasculares.

A medida do IMC, determinada pelo peso dividido pela altura ao quadrado, auxilia no diagnóstico de sobrepeso e obesidade; no entanto, por não considerar a composição corporal (quantidade de massa muscular, de gordura e ossatura), essa pode não ser uma medida fidedigna. 

Por outro lado, a medida da circunferência abdominal e da relação cintura-quadril (RCQ) são mais precisas para determinar se um indivíduo tem obesidade. Assim, veja como medi-la:

  • Circunferência abdominal 

Com uma fita métrica, dê a volta em torno do umbigo.

Os valores considerados de risco para AVC são:

Mulheres:

> 80 cm: risco aumentado de eventos cardiovasculares

> 88 cm: aumento significativo de risco de eventos cardiovasculares

Homens:

> 94 cm: risco aumentado de eventos cardiovasculares

> 102 cm: aumento significativo de risco de eventos cardiovasculares

  • Relação cintura-quadril (RCQ)

 Divida a medida da cintura pela medida do quadril. Os valores que indicam aumento de risco para AVC são:

Mulheres: 

> 0,85 cm: risco aumentado de eventos cardiovasculares

Homens:

> 0,90 cm: aumento significativo de risco de eventos cardiovasculares

 

4. Sono 

Dormir o suficiente é fundamental para a saúde no geral. Além disso, a apneia do sono (pausas respiratórias repetitivas durante o sono) e a hipopneia (redução do fluxo de ar durante o sono) aumentam o risco de AVC.

Pessoas que sofrem cinco ou mais episódios de apneia ou de hipopneia em uma hora de sono têm risco maior de sofrer um AVC, independentemente da ausência de outros fatores de risco.

 

5. Glicemia

Pré-diabetes e diabetes tipo 1 e 2 são fatores de risco isolados para AVC.

Veja os valores da glicemia de jejum – exame que mede a taxa de açúcar no sangue em indivíduos que não ingeriram nenhum alimento nas últimas oito horas – considerados normais e altos:

Normal: < 100 mg/dL

Pré-diabetes: 100 – 125 mg/dL

Diabetes: > ou igual 126 mg/dL

 

6. Pressão Arterial

Indivíduos hipertensos têm mais risco de sofrer um AVC. A AHA recomenda as seguintes medidas para diagnosticar a pressão alta:

Hipertensão grau 1: 130 a 139 mmHg de pressão sistólica (o primeiro número citado quando o médico afere a pressão arterial) ou 80 a 89 mmHg de pressão diastólica (o segundo valor).

Hipertensão grau 2: > ou igual a 140 mmHg de pressão sistólica ou > ou igual a 90 mmHg de pressão diastólica.

 

7. Lipídios

Lipídios como colesterol e triglicerídeos altos aumentam o risco de AVC.

Desse modo, é preciso controlar os níveis de colesterol. Assim, mantenha o LDL, chamado de “colesterol ruim”, em níveis inferiores a 100 mg/dL.

 

8. Tabagismo

O cigarro é o principal fator de risco modificável para AVC. Desse modo, o documento das associações médicas ressalta a importância de se adotar medidas preventivas para evitar ou cessar o uso de tabaco e de cigarros eletrônicos, já que, por serem produtos novos, ainda não há estudos com fumantes desses dispositivos por prazos longos.

Veja também: 21 passos para largar o cigarro

 

AVC ou derrame

Por fim, para prevenir a doença, também é preciso entender como e por quê os AVCs ocorrem.

De acordo com o Ministério da Saúde, existem dois tipos de AVC:

– Acidente vascular isquêmico ou infarto cerebral: responsável por 80% dos casos de AVC, ocorre quando há obstrução de um dos vasos cerebrais devido a uma trombose (formação de trombos numa artéria principal do cérebro) ou embolia (quando um trombo ou uma placa de gordura originária de outra parte do corpo se desprende e chega aos vasos cerebrais através da corrente sanguínea);

– Acidente vascular hemorrágico: quando ocorre o rompimento de vasos sanguíneos, a maioria das vezes no interior do cérebro (hemorragia intracerebral), ou uma hemorragia subaracnoide (sangramento entre o cérebro e a aracnoide – uma das membranas que compõem a meninge). Como resultado, a pressão intracraniana aumenta, o que pode dificultar a chegada do sangue em outras áreas não afetadas e agravar a lesão. É o subtipo de AVC mais grave.

 

SAMU

Por último, se você desconfia que uma pessoa tenha sofrido AVC, veja como identificar os sinais de alarme aplicando o teste SAMU:

S de sorriso: peça para a pessoa dar um sorriso. Se ela não conseguir ou se o sorrir com um desvio labial, pode ser AVC.

A de abraço: se a pessoa não conseguir abraçar ou levantar o braço, pode significar perda de força no braço, o que pode ser sinal de AVC.

M de música: peça para a pessoa contarolar ou citar um trecho de uma música ou frase. Se ela não conseguir falar ou se expressar bem, pode ser sinal de AVC.

U de urgência: quanto mais rápido a pessoa que sofreu um AVC for socorrida, mais chances ela terá de se recuperar. Na dúvida, ligue para o Samu (192).

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