As dificuldades dos tratamentos para infertilidade envolvem as áreas financeiras e afetivas, geralmente pesando unicamente sobre a mulher.
Pesquisas apontam que cerca de 15% a 20% dos casais têm ou terão dificuldade para engravidar. Como hoje em dia muitas mulheres adiam a maternidade e os tratamentos para infertilidade se tornaram mais acessíveis, são cada vez mais frequentes os casais que buscam as clínicas de fertilização.
Para comprovar a necessidade de tratamentos para infertilidade, a mulher começa uma verdadeira epopeia médica: são dezenas de exames de sangue e imagem, muitas vezes dolorosos, para comprovar a dificuldade em engravidar. Para o homem, na maioria dos casos basta um espermograma, que verifica a contagem e a qualidade dos espermatozoides.
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Comprovada a necessidade do tratamento, seguem-se mais exames, consultas e tratamento medicamentoso para estimular a ovulação. Em certos casos, o tratamento é cirúrgico, envolvendo anestesia, internação e repouso. Cada tentativa frustrada traz a sensação de fracasso, culpa e impotência.
Por que não comecei a tentar a engravidar antes? Por que priorizei a carreira? Será que vou conseguir ter filhos? Essas são apenas algumas das perguntas que passam a dominar a vida da futura mãe.
Além de lidar com as mudanças físicas e emocionais que os hormônios e a pressão para conseguir engravidar trazem, ela acaba condicionando sua vida sexual a relações com hora marcada, com a única finalidade de engravidar. Seu relacionamento afetivo volta, portanto, aos primórdios da humanidade, quando sexo era visto apenas como meio de procriação.
A vida financeira do casal também passa por um teste e tanto: cada tentativa de fertilização in vitro em uma clínica particular não custa menos de 10 mil reais, e são muitos os casais que precisam passar por várias tentativas até conseguir a gravidez.
Profissionalmente também há consequências, pois, tendo de seguir os horários e dias que o tratamento impõe, muitas mulheres se queixam de não conseguir cumprir as tarefas e de precisar faltar ou chegar atrasada ao trabalho. Com medo das consequências que uma gravidez pode trazer à profissão, a maioria esconde que está passando por um tratamento.
Na verdade, os tratamentos para infertilidade envolvem o casal, mas são as mulheres que se sentem responsáveis por seu sucesso ou fracasso. É a elas que cabe toda a pressão para conseguir engravidar, mesmo quando não é a única responsável pela dificuldade.
Fragilizada e cansada, ela vê seu casamento, profissão, saúde física e mental degringolarem em nome de um sonho que, supostamente, seria do casal.
O problema nem sempre é a falta de participação do parceiro, mas a forma como os tratamentos para infertilidade são apresentados. Colocar a mulher como única responsável pelo tratamento apenas porque ela engravida não é justo nem correto.
Ao optar por tratamentos para infertilidade o casal deve estar ciente das dificuldades que enfrentará. Essa deve ser uma escolha de ambos, que devem se preparar para não deixar o tratamento comandar todas as áreas de sua vida.