Crianças e desreguladores hormonais presentes em embalagens de produtos

Menina bebendo um copo de água e texto esclarecendo que não é possível afirmar que crianças brasileiras são mais expostas a desreguladores hormonais.

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É possível afirmar que as crianças brasileiras estão entre as mais expostas a desreguladores hormonais presentes em embalagens plásticas e cosmésticos?

 

Há algum tempo as substâncias classificadas como desreguladores hormonais (ou endócrinos)  estão sob o holofote da ciência. Com a capacidade de afetar o equilíbrio hormonal e causar problemas no desenvolvimento do sistema reprodutivo e na fertilidade, os desreguladores hormonais têm aparecido cada vez com mais frequência nas notícias, como na matéria do site GreenMe que afirma que “crianças brasileiras estão entre as mais expostas a este tipo de substâncias”.

Será que é verdade? A DROPS checou.

 

QUEM DISSE? GreenMe

 

QUANDO DISSE? 24/09/2018

 

 O QUE DISSE?  “Crianças brasileiras estão entre as mais expostas a desreguladores hormonais.”¹

 

CHECAGEM: INSUSTENTÁVEL

 

Os desreguladores endócrinos são uma variedade de substâncias químicas que possuem potencial para promover desordens no metabolismo, através de desequilíbrios hormonais.2 Podemos estar expostos a esses agentes de diversas formas, como por meio do contato com o meio ambiente, água potável, alimentação, cosméticos, embalagens plásticas, resíduos e depósitos de lixo, entre outras.

Em setembro, foi publicada no site GreenMe uma matéria afirmando que as crianças brasileiras estão entre as mais expostas a desreguladores hormonais, com base em um estudo da Universidade de São Paulo³, de coautoria de pesquisadores de diversas instituições internacionais.

 

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Esse estudo visou a detectar a presença de alguns desreguladores endócrinos em amostras de urina de crianças brasileiras e tentou estabelecer uma associação entre tal exposição e danos ao DNA. Em alguns casos, as concentrações de substâncias encontradas no Brasil foram maiores que as encontradas em países como os Estados Unidos, China e Índia; porém, houve também casos em que a concentração no Brasil foi similar e até mesmo menor quando comparada a dados de outros países .

O  estudo mencionado pela reportagem não tinha a intenção de comparar a exposiação de crianças a substâncias classificadas como desreguladores endócrinos, mas sim buscava confirmar sua ocorrência e avaliar os possiveis danos ao DNA decorrentes dela, como explicado em suas conclusões. Além disso, para que a afirmação “crianças brasileiras estão entre as mais expostas a desreguladores hormonais”  pudesse ser embasada segundo preceitos da metodologia cientifica, seria necessário que os resultados da pesquisa fossem replicados e ainda comparados a outros estudos, algo que não ocorreu até o momento.

 

Portanto, a DROPS classifica a afirmação como INSUSTENTÁVEL.

 

 

Referências

 

Acesso em 06/10/2018:

¹ https://www.greenme.com.br/consumir/cosmeticos/7103-criancas-brasileiras-desreguladores-hormonais

² http://bvsms.saude.gov.br/bvs/trabalhador/pdf/texto_disruptores.pdf

³ https://www.researchgate.net/publication/324759235_Advanced_data_mining_approaches_in_the_assessment_of_urinary_concentrations_of_bisphenols_chlorophenols_parabens_and_benzophenones_in_Brazilian_children_and_their_association_to_DNA_damage/

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