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Investimento em pesquisas pelos EUA apresenta resultados impressionantes, como o estudo STAR, com mulheres menopausadas.
Publicado em 19/04/2011
Revisado em 29/03/2021
Investimento em pesquisas pelos EUA apresenta resultados impressionantes, como o estudo STAR, com mulheres menopausadas.
País nenhum aplica tantos recursos em ciência e tecnologia quanto os Estados Unidos: 3% do Produto Nacional Bruto. Anos atrás, assisti a uma palestra sentado entre dois colegas: um francês, o outro sueco. O expositor projetou um slide no qual estavam alinhadas as verbas que os países industrializados haviam destinado à pesquisa em aids.
Naquele ano, a Espanha tinha investido U$ 12 milhões, a Inglaterra 32 milhões, e os demais países europeus quantias intermediárias entre esses dois valores; a soma não chegava a 100 milhões. No mesmo ano, o governo americano havia aplicado U$ 750 milhões.

A meu lado, o pesquisador sueco resmungou:

— Perto deles, nós, europeus, estamos brincando de fazer ciência.

— Eles investem muito em pesquisa porque são ricos — acrescentou o francês.

— Ao contrário, são ricos porque investem muito — encerrou a conversa o sueco.

Esteja a razão com quem estiver, o fato é que pelo menos na área das Ciências Biológicas eles estão anos na frente do resto do mundo. A Medicina não foge à regra. Prova é que os congressos americanos das mais variadas especialidades se transformaram em verdadeiros congressos mundiais. Há 20 anos, quando comecei a frequentá-los, eram realizados em cidades pequenas nas quais se reuniam 2 mil ou 3 mil especialistas em cancerologia, se tantos.

Nos últimos anos, só apresentam condições de acolhê-los cidades com ampla infraestrutura hoteleira como Chicago ou Orlando, dotadas de centros de convenção que ocupam quilômetros quadrados, com centenas de salas nas quais ocorrem eventos simultâneos e auditórios monumentais para abrigar as sessões plenárias, ocasião em que mais de 30 mil participantes se reúnem em torno de telões para ouvir a apresentação dos mais recentes avanços das ciências básicas e dos ensaios clínicos que podem mudar a prática da Medicina.

Os ensaios de grande impacto costumam ser aqueles em que um tratamento novo é comparado com o medicamento mais eficaz existente para a doença em questão ou com um placebo (comprimido inerte), nas situações em que não existem drogas com atividade demonstrada. Para que a comparação produza resultados com significado científico, os estaticistas calculam previamente o número de participantes, a proporção deles que deverá receber o esquema A ou o esquema B, a duração prevista do estudo e a frequência das análises dos dados obtidos.

São estudos “randomizados”, prospectivos, em duplo-cego, multicêntricos.“Randomizados” porque o participante é alocado para os grupos A ou B aleatoriamente; prospectivos, porque todos começam a ser avaliados nas mesmas condições, a partir da entrada no protocolo; duplo-cego, porque nem eles nem os médicos que deles cuidam conhecem a natureza do conteúdo dos frascos A e B, para que as observações não sejam influenciadas por preferências ou idiossincrasias pessoais; e, finalmente, multicêntricos, para garantir que os resultados serão reproduzíveis em todos os centros mundiais em que o tratamento venha a ser empregado.

Um dos exemplos é o estudo STAR, cujos resultados foram apresentados na conferência de Atlanta, encerrada em junho de 2006. Nele, foi feita a comparação entre duas estratégias de tratamento hormonal em mulheres menopausadas, recém-operadas de câncer de mama. O objetivo era saber se um anti-hormônio (tamoxifeno) administrado durante cinco anos depois da cirurgia era capaz de curar mais mulheres com câncer de mama, do que se a mesma droga fosse mantida por apenas dois ou três anos, e substituída por um outro agente (exemestano), dotado da propriedade de bloquear a formação de estrógenos, administrado pelo tempo que faltava para completar os cinco anos.

O STAR envolveu 4.724 pacientes acompanhadas por um período médio de 55,7 meses, matriculadas em 366 Centros de Oncologia distribuídos em 37 países.

Estudos da magnitude do STAR foram as maiores aquisições da medicina clínica do final do século 20. De fato, merecem ser discutidos em templos modernos com capacidade para reunir 30 mil especialistas.

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