Síndrome dos ovários policísticos aumenta o risco de câncer?

mão de médico segurando curativo em forma de cruz ao lado de boneco do aparelho reprodutor feminino. Saiba mais sobre a síndrome dos ovários policísticos e o câncer de endométrio

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Publicado em: 4 de abril de 2024

Revisado em: 4 de abril de 2024

Mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) têm risco elevado de câncer de endométrio devido à exposição contínua do hormônio estrogênio sem oposição da progesterona.

 

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio hormonal muito comum, que afeta mulheres em idade reprodutiva e é caracterizada pela presença de múltiplos cistos nos ovários. Os cistos do SOP são pequenos, com cerca de 0,5 centímetro de diâmetro (diferente do cisto ovariano, que é único e maior) e podem atrapalhar o processo normal de ovulação, causando desequilíbrios hormonais, além de problemas como acne, infertilidade, diabetes, hirsutismo (excesso de pelos) e até câncer.

Mas quando falamos de câncer, ao contrário do que se possa imaginar, o risco não é de desenvolver câncer nos ovários, mas sim no endométrio (a camada que reveste a parte interna do útero e é eliminada durante a menstruação) devido à exposição contínua dessa camada interna ao hormônio estrogênio sem oposição da progesterona.

O câncer de endométrio é um dos dez tipos de cânceres mais prevalentes no mundo, sendo diagnosticados cerca de 200 mil novos casos por ano. A síndrome dos ovários policísticos é um dos principais fatores de risco para esse tipo de câncer.

Veja também: Cisto no ovário – quando se torna perigoso?

Qual a relação entre a síndrome dos ovários policísticos e o câncer de endométrio? 

Segundo a Sociedade Americana de Câncer, mulheres com SOP apresentam níveis de hormônios alterados, níveis elevados de androgênios (hormônios masculinos) e estrogênio e níveis extremamente baixos de progesterona. 

O desequilíbrio hormonal no organismo leva à anovulação, que ocorre quando os ovócitos não atingem maturidade para a ovulação. Com isso, em vez de sairem dos ovários, eles continuam no seu interior, formando os pequenos cistos característicos da SOP. 

Cristina Laguna, médica ginecologista e membro da Comissão de Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que com a exposição prolongada do endométrio ao estrogênio sem ter uma ovulação para contrabalancear, podem haver problemas sérios ao longo do tempo, como a hiperplasia endometrial, que já é caracterizada como uma condição pré-cancerígena e se deve ao crescimento excessivo e anormal do endométrio.

“Por causa dessa desregulação hormonal, ou seja, o ovário funciona, mas não ovula, ao longo da vida, se não houver um bom controle desse distúrbio ovulatório, a alteração hormonal acaba atuando sobre o endométrio e isso aumenta o risco de câncer ao longo da vida”, diz a dra. Laguna. 

 

O que fazer para diminuir o risco?

A SOP é uma síndrome que trás uma série de complicações e prejudica a qualidade de vida da mulher, por isso precisa ser corretamente diagnosticada e tratada. 

Como se trata de uma doença crônica, o objetivo do tratamento é a melhora dos sintomas e a prevenção de doenças, como o câncer. 

Por isso, é importante que mulheres de 15 ou 16 anos, que estejam acima do peso, se atentem a esse fator, pois o excesso de peso é um grande complicador da doença. 

Isso ocorre porque a SOP pode gerar resistência à insulina, condição na qual o pâncreas precisa produzir mais e mais insulina, para equilibrar a glicose na corrente sanguínea. O excesso de insulina no organismo induz ao armazenamento de gordura e aumenta o risco de diabetes. 

Se não estiverem acima do peso, a atenção se volta para o controle da produção de hormônios masculinos, por meio de medicamentos que atuam na regulação da menstruação, na redução da produção de sebo pelas glândulas sebáceas e na diminuição do crescimento de pelos.

“Por isso é muito importante destacar que um bom controle do distúrbio ovulatório ao longo da vida, aliado a hábitos saudáveis de vida, são fundamentais para quem tem SOP e diminui consideravelmente o risco de doenças”, finaliza a dra. Cristina. 

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