O linfedema é um inchaço persistente que pode começar após alguns tratamentos que afetam os nódulos linfáticos.
O linfedema é uma das complicações oncológicas mais comuns que ocorrem após um procedimento cirúrgico ou radioterápico. O tratamento de certos cânceres pode exigir uma linfodenectomia, o esvaziamento dos gânglios linfáticos das regiões próximas, como, por exemplo, axilar ( no caso de câncer de mama), pélvica (em tumores ginecológicos) e cervical (no caso de cânceres de cabeça e pescoço).
Dr. Bernardo Batista, cirurgião linfático do Hospital A.C Camargo Cancer Center, explica que esse esvaziamento é fundamental, pois essas regiões têm inúmeros gânglios linfáticos que drenam o líquido linfático e ajudam na circulação sanguínea.
“Quando se tem um tumor [dos que foram citados acima], essa região costuma ser um dos primeiros locais para onde o câncer se espalha. Por isso, a necessidade de fazer a retirada desses linfonodos [são retirados de 10 a 20, mas o número pode variar]”, explica o médico.
E é aí que entram os efeitos colaterais da cirurgia, que podem acometer cerca de 20% dos pacientes, mas seguem sendo pouco discutido: os linfedemas.
O que são linfedemas
Na região das axilas, existem nervos e vasos sanguíneos importantes. Dessa maneira, a cirurgia deve ser cuidadosa, pois a lesão dessas estruturas pode causar sequelas na movimentação do braço. Entretanto, como os linfonodos são removidos, cria-se um dano irreversível no sistema linfático, que fica com dificuldade de drenar a linfa, líquido que circula pelo sistema linfático e atua na defesa do organismo.
“Linfedemas são [resultado do] acúmulo de linfa. Por conta do procedimento cirúrgico, pode ocorrer uma obstrução, e a linfa passa a não ser drenada na região, gerando um acúmulo de líquido no braço”, relata o dr. Batista.
No início, o acúmulo costuma ser discreto a ponto de não ser notado pelo paciente, já que quase não provoca sintomas. O paciente não sente dor nem incômodo, mas aos poucos o braço vai inchando, e o paciente começa a sentir o membro “pesado”.
Se não for feita nenhuma intervenção, como o sistema de drenagem não está funcionando adequadamente, o líquido vai continuar se acumulando na região, dificultando a movimentação.
“É uma doença progressiva, que não tem cura, mas tem tratamento. Se não cuidar, o braço vai inchando, acumulando líquidos e gordura. Por isso, a compressão é a base do tratamento”, reforça o especialista.
Tratamento do linfedema
O tratamento do linfedema varia de acordo com a fase, mas o uso de meias ou braçadeiras de compressão são fundamentais, pois a pressão constante aplicada nos membros ajuda o fluxo linfático.
A fisioterapia também pode ser indicada, pois ela atua aumentando a passagem da linfa para as vias secundárias de drenagem.
Dependendo do grau do linfedema, também podem ser indicados procedimentos cirúrgicos, como a transferência de linfonodos, em que os gânglios linfáticos são colhidos de uma parte do corpo e transplantados cirurgicamente para a área afetada, a fim de reconstruí-la.
Já a anastomoses linfovenosa, outro procedimento que pode ser recomendado, é uma técnica cirúrgica que tem como principal objetivo melhorar a função linfática do membro.
Prevenção dos linfedemas
Veja as orientações preventivas do linfedema, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca):
- Evite expor o membro submetido à cirurgia ao calor;
- Procure não carregar peso com o membro atingido restrição;
- Não realize movimentos rápidos e repetitivos com o membro;
- Use repelentes e hidratantes;
- Proteja o membro de traumas e queimaduras;
- Use vestimentas de compressão durante viagens de avião;
- Não afira a pressão arterial e não administre injeções no membro homolateral (do mesmo lado) à cirurgia.
Outra recomendação fisioterapêutica para a prevenção do linfedema é a realização de exercícios miolinfocinéticos (que ativam e estimulam o sistema linfático) com os membros superiores. Esses exercícios devem ser iniciados precocemente e realizados de forma lenta, sem resistência e com poucas repetições. A contração muscular promovida durante a realização dos exercícios desencadeia uma espécie de bombeamento mecânico, aumentando o recrutamento das vias linfáticas colaterais.