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Bem-estar

Sensação térmica e os efeitos do excesso de calor em nosso organismo

Publicado em 21/03/2025
Revisado em 19/03/2025

Entenda por que ocorrem as ondas de calor, como nosso corpo percebe essas variações e o que podemos fazer para minimizar seus efeitos.


Nos últimos meses, o Brasil enfrentou temperaturas extremas, resultado de uma combinação de fatores climáticos. Além do calor intenso, a sensação térmica elevada afetou a saúde e o bem-estar da população.

De acordo com Guilherme Borges, meteorologista do Climatempo, o verão de 2025 (período analisado de dezembro de 2024 a fevereiro) foi um dos mais quentes da história. A temperatura média do trimestre ficou 0,73°C acima da normal climatológica de 1991-2020, tornando-se a segunda maior já registrada, apenas 0,05°C abaixo do recorde do verão anterior. Ou seja, tanto a temperatura quanto a sensação térmica tendem a permanecer elevadas.

 

O que é sensação térmica?

A sensação térmica é diferente da temperatura. Ela corresponde à forma como nosso corpo percebe o calor, e seu cálculo leva em conta variáveis como a própria temperatura, umidade do ar e velocidade do vento.

Quando a umidade está alta, a evaporação do suor fica comprometida, dificultando o resfriamento natural do corpo e aumentando a sensação de calor. Já o vento tem o efeito contrário: ajuda a dissipar o calor e proporciona alívio. “A sensação térmica é calculada com base na maior temperatura máxima do dia e na menor umidade relativa do ar, que geralmente ocorre no mesmo período de 24 horas”, explica Guilherme. Em cidades litorâneas e com muitos lagos, como o Rio de Janeiro, onde a umidade é alta e o calor intenso, já foram registradas sensações térmicas superiores a 60°C.

 

Ondas de calor

O verão normalmente traz temperaturas elevadas, mas em 2025, devido às mudanças climáticas, os termômetros marcaram níveis ainda mais altos, com as massas de ar quente, também conhecidas como ondas de calor. “Elas ocorrem quando, por pelo menos três dias consecutivos, a temperatura em uma determinada região fica 5°C ou mais acima da média esperada para o período. Em algumas áreas, a temperatura chegou a ficar até 10°C acima da média, e a previsão é de que novas ondas de calor ocorram, inclusive no inverno, como aconteceu em 2024”, alerta Guilherme.

        Veja também: Pesquisa mostra impacto do aquecimento global na saúde

 

Como o organismo reage a dias tão quentes?

O corpo busca manter uma temperatura ideal entre 36,1°C e 37,2°C. Para isso, ativa mecanismos de defesa, como a transpiração. “Grandes variações térmicas afetam o funcionamento do organismo, e o calor excessivo pode comprometer sua eficiência”, explica Marcelo Leitão, cardiologista e diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). Ele destaca os principais efeitos do calor excessivo:

  • Aumento da transpiração como tentativa de resfriamento da pele;
  • Resfriamento do sangue, que circula pelos órgãos vitais, como coração, vísceras e sistema nervoso, para equilibrar a temperatura corporal;
  • Estresse térmico, quando o calor excessivo sobrecarrega o organismo;
  • Perda de minerais e risco de desidratação devido à sudorese intensa;
  • Queda da pressão arterial, reduzindo o fluxo de oxigênio para o cérebro, o que pode causar tonturas, desmaios e até convulsões.

 

Sinais de alerta para o calor intenso

Fique atento aos sintomas de superaquecimento do organismo:

 

Grupos de risco

Algumas pessoas são mais vulneráveis ao calor extremo, como crianças, que ainda não possuem um sistema de regulação térmica totalmente desenvolvido; e idosos, cujos mecanismos de resfriamento podem ser menos eficientes, aumentando o risco de complicações. Gestantes e pessoas com cardiopatias também estão mais expostas a riscos de complicações pela temperatura excessiva.

 

Como se proteger do calor?

  • Evite exposição direta ao sol nos horários mais quentes;
  • Dê preferência a locais ventilados e, se possível, climatizados;
  • Tome banhos frios para ajudar a regular a temperatura corporal;
  • Use roupas leves e de cores claras;
  • Evite a prática de atividades físicas intensas;
  • Mantenha uma alimentação equilibrada, rica em alimentos com alto teor de água, como melancia, mxelão, pepino, laranja e abacaxi.

É importante reforçar que a sede é um mecanismo extremamente eficaz de aviso. “As exceções são as crianças e idosos, que muitas vezes, por não terem esse mecanismo bem ajustado, podem precisar de um cuidado maior em relação à hidratação. O adulto, em geral, ao ter a sensação de sede, que respeite essa informação e ingira líquidos”, enfatiza o dr. Marcelo.

        Veja também: Cuidados que você precisa tomar nos dias mais quentes

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