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Alimentação

Qual a diferença entre alergia e intolerância alimentar?

pedaço de queijo, castanhas, copo de leite e ovos sobre superfície. Alimentos podem ser a causa de alergia e intolerância alimentar
Publicado em 05/09/2023
Revisado em 20/09/2023

Alergia e intolerância alimentar podem se confundir, já que estão relacionadas a uma reação após a ingestão de um alimento, mas são condições diferentes.

 

Muitas pessoas confundem alergia com intolerância alimentar, já que ambas as condições têm como característica causar reações após a ingestão de determinado alimento ou substância. Mas elas não estão relacionadas. 

Segundo Lucila Camargo Lopes de Oliveira, coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), a alergia é uma resposta exagerada do sistema imune (sistema de defesa) do organismo, geralmente contra uma proteína que deveria ser tolerada. Já as intolerâncias alimentares são decorrentes de falhas do organismo, comumente enzimas relacionadas à digestão dos alimentos, como ocorre na intolerância à lactose (açúcar do leite), que não é bem digerida pela deficiência de lactase no organismo, enzima responsável por “quebrar” esse açúcar. 

“As alergias podem se apresentar por sintomas diversos, sendo os mais comuns urticas (empolamentos), inchaços, chiado no peito, tosse, falta de ar (às vezes, fechamento da glote) súbitos, diarreia, vômitos, sangramentos nas fezes e coceiras na pele. Já as intolerâncias mais comuns se manifestam por sintomas frequentemente gastrointestinais como cólicas, diarreia, empachamento, gases e distensão abdominal (barriga inchada)”, explica. 

Algumas alergias alimentares podem se manifestar de maneira muito rápida após a ingestão de pequena quantidade do alimento, evoluindo com piora progressiva e, em alguns casos, com risco de morte. Por isso, de acordo com a médica, a alergia é considerada um problema mais grave do que a intolerância. 

 

Alergias mais comuns

“Proteínas de ovo e leite são os principais alérgenos alimentares. Amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar também são causas comuns de alergias, e novos alimentos têm aumentado a lista, como gergelim e banana, a depender da localidade. Já a intolerância alimentar mais frequente é definitivamente a intolerância à lactose”, afirma a dra. Lucila. 

        Veja também: Tira-dúvidas: intolerância à lactose | Paulo Carvalho

 

Mudanças na dieta

No caso das alergias alimentares, o tratamento consiste, basicamente, na pessoa evitar o contato com o alimento que leva à reação, mas a médica destaca que isso deve ser feito com acompanhamento nutricional para evitar a falta de nutrientes decorrente da dieta de restrição. “Esses pacientes são orientados também a ter um ‘plano de ação’ com orientações médicas e medicamentos a serem administrados em caso de uma possível reação por ingestão ou contato acidental”, explica. 

Nos casos de intolerância à lactose, é possível manter o consumo de alimentos sem lactose ou fazer a reposição oral da enzima digestiva, a lactase, eventualmente.  

É fundamental buscar orientação médica no caso de reações alérgicas ou sintomas gastrointestinais após a ingestão de determinado alimento. Os sintomas de intolerância à lactose, por exemplo, podem ser confundidos com os de outros problemas gastrointestinais, por isso é importante fazer a investigação para ter o diagnóstico e iniciar o tratamento correto. 

 

Existe cura para alergia e intolerância alimentar?

Segundo a médica, a maioria das alergias alimentares causadas por ovo e leite que têm início na infância costuma melhorar espontaneamente com o tempo. Já nas alergias relacionadas a outros alimentos ou que começam mais tarde, adquirir tolerância (quando o organismo passa a tolerar o alimento que antes causava reações alérgicas) tende a ser mais difícil. 

“Havendo indicação, algumas vezes é possível forçar o sistema imune a ‘tolerar’ o alimento ao qual reage, através de um tratamento chamado imunoterapia (ou dessensibilização), mas que nem sempre garante a ingesta [de] quanto e quando quiser do alimento”, explica. 

Com relação à intolerância à lactose, a especialista esclarece que em alguns casos ela é transitória e decorrente de uma infecção intestinal e, nesta situação, há o retorno completo à normalidade. “Já nos raros casos congênitos (presentes ao nascimento) e na deficiência primária [diminuição da produção de lactase com o envelhecimento], não há cura, mas melhora na qualidade de vida com o tratamento.”

        Veja também: Testes de alergia: para que serve e como funcionam?

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