Pessoas com a doença precisam reduzir a ingestão do glúten, presente em cereais como trigo e derivados. Saiba mais neste podcast sobre doença celíaca.
A doença celíaca é uma doença autoimune. Isto é, é uma doença na qual as próprias defesas imunológicas do organismo agridem as células próprias. No caso da doença celíaca, são agredidas as células do intestino, da parte alta do trato gastrointestinal. E ela é provocada por um agente conhecido que precipita a doença: o glúten.
O glúten é uma proteína existente no trigo, no centeio e na cevada, e ela é digerida com dificuldade na parte alta do trato gastrointestinal. Um dos componentes do glúten, a gliadina, contém a maior parte dos componentes que são nocivos para os portadores de doença celíaca.
Em pessoas predispostas, as moléculas não digeridas de gliadina, ao entrarem em contato com as camadas mais internas da mucosa intestinal, disparam essa reação imunológica no intestino delgado, causando um processo inflamatório crônico — que leva à diarréia, prisão de ventre eventualmente e formação de gases; sempre numa sintomatologia de desconforto abdominal.
Veja também: Doença celíaca pode demorar até 7 anos para ser diagnosticada no Brasil
A principal medida de tratamento para a doença celíaca é simples: eliminar definitivamente alimentos que contenham glúten — [tal como] trigo, cevada ou centeio. Essa medida provoca melhora clínica em dias ou semanas. Mas, nas alterações visíveis — [por exemplo] quando a gente faz biópsia do intestino delgado —, essas mudanças podem persistir por muito mais tempo, meses ou até anos depois de parar de entrar em contato com o glúten.
A aderência disciplinada a dietas com restrição de glúten não é tarefa simples, não, porque o glúten está presente na maioria dos alimentos industrializados; os que não contém glúten são mais caros e difíceis de achar.
Há anos, as associações que defendem os direitos dos portadores da doença celíaca cobram das autoridades rigor no cumprimento da lei que obriga os fabricantes a estampar no rótulo dos alimentos a presença de glúten. Essa medida ridiculamente simples evita o sofrimento de milhares de pessoas.