O achado de um cisto nas mamas pode ser assustador. Mas, na maioria das vezes, eles não estão associados a nenhum problema grave. Saiba identificar.
Toda vez que alguém fala em cistos na mama, um dos primeiros pensamentos é câncer. No entanto, os cistos são mais comuns do que se imagina e, na grande maioria das vezes, completamente benignos.
O que é um cisto nas mamas?
“O cisto é uma lesão benigna envolvida por uma cápsula fibrosa com conteúdo líquido. Ou seja, é algo que não nasceu com a gente, possui formato arredondado e apresenta certa resistência”, define a dra. Sara Dutra, mastologista pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Para entender melhor, imagine uma bexiga d’água. É a mesma ideia: uma cápsula redonda com conteúdo líquido dentro.
Ele pode aparecer em uma ou nas duas mamas, além de surgir em diferentes formas: sozinho, múltiplo ou agrupado. Em geral, o cisto não se transforma em câncer e nem aumenta o risco da doença.
O que causa o surgimento dos cistos?
A especialista explica que os cistos costumam aparecer principalmente durante a idade reprodutiva, ou seja, dos 25 aos 50 anos. Isso porque a sua principal causa são as oscilações hormonais.
“Pode ser estresse, mudança de peso, o próprio ciclo menstrual. Tem muita gente que fala que, antes de menstruar, sente dor nas mamas. [a mulher] menstrua e a dor passa. Isso pode ser por conta do cisto, que some depois”, destaca a dra. Sara.
Como descobrir se eu tenho um cisto na mama?
Na maioria das vezes, os cistos são assintomáticos e não provocam nenhum problema. Por isso, só costumam ser descobertos durante um exame de imagem, como mamografia, ressonância magnética ou ultrassonografia.
Esses exames não são recomendados na rotina de pacientes mais jovens. Eles só são pedidos caso haja alguma queixa de dor nas mamas, surgimento de um nódulo palpável ou histórico familiar.
Já a partir dos 40 anos, conforme recomendado pela Sociedade Brasileira de Mastologia, ou a partir dos 50, de acordo com o Ministério da Saúde, é indicado que a mulher comece a fazer a mamografia anualmente.
“Os cistos mais complexos, que aumentam o risco de algum problema, vêm associados a outros sintomas e são mais comuns em pacientes mais velhas. É justamente na idade em que se começa a fazer o rastreio”, explica a dra. Sara.
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Tenho um cisto nas mamas. Devo me preocupar?
De acordo com a mastologista, é frequente que as mulheres realizem um exame de imagem por outro motivo e saiam preocupadas com a descoberta do cisto nas mamas. Mas isso não é necessário.
“Se for um cisto regular, não há problema algum. Agora, se ele não é redondo, se tem uma borda mais pontuda que a outra ou se apresenta partes sólidas, é um sinal para a gente ficar de olho. O que vai nos dizer é realmente o exame”, destaca a dra. Sara.
Existe uma padronização nos achados de um exame de imagem que os classificam de acordo com o risco de câncer de mama. Essa padronização se chama Bi-Rads. Segundo o Bi-Rads, um cisto na mama pode ser classificado de três formas:
- Categoria 2: Achado benigno. É a classificação da maioria dos cistos: significa que há uma estrutura com a qual a paciente não nasceu, mas que não causa mal nenhum. Nesses casos, não é preciso fazer nada.
- Categoria 3: Achado provavelmente benigno. É preciso acompanhar a cada 6 meses para garantir que não se torne algo mais grave.
- Categoria 4: Achado suspeito. Pode ser um indicativo de câncer de mama, mas só é possível confirmar após a biópsia.
“Mas estamos falando de uma forma bem geral, né? Depende muito da idade, se o cisto é palpável ou não, em que momento aconteceu, entre outros fatores”, enfatiza a mastologista.
Procure um mastologista
Além disso, o cisto pode já existir sem ser percebido e, por conta de uma alteração hormonal, acumular secreção até começar a ser palpável. Para saber o que aquele nódulo realmente significa, é essencial procurar um mastologista.
“Isso não pode nos limitar e nos bloquear. Nada de ‘meu Deus, eu vou esconder, porque se mexer, vai ser pior’. Muitas mulheres atrasam o diagnóstico e isso acaba virando uma bola de neve psicológica. Quando chega ao consultório, descobre que não é nada. Precisamos trabalhar o autocuidado e o conhecimento sobre o nosso corpo”, recomenda a dra. Sara.
A especialista também adverte: jamais puncione a pele da mama para “furar” o cisto. Isso pode provocar uma infecção na região, chamada de mastite. Se estiver causando incômodo, o mastologista irá indicar a melhor forma de tratamento.
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