Apesar de assintomático para a maior parte da população, o vírus do herpes simples permanece no corpo e pode se manifestar repetidamente em casos de baixa resposta do sistema imune.
É possível que você, leitor, já tenha tido alguma manifestação do vírus Herpes simplex na sua vida. A doença é caracterizada pelas típicas bolhas que aparecem preferencialmente no canto da boca e nas mucosas genitais. E não é para menos, o vírus causador da doença é um dos mais comuns e fáceis de ser transmitidos. De acordo com dados da Federação Médica Brasileira (FMB), 95% da população brasileira adulta já teve contato com o vírus do herpes. Apesar disso, o mais comum é que as pessoas não desenvolvam a doença (apenas 45% delas terão sintomas). Porém, em alguns indivíduos, o herpes surge várias vezes, o chamado herpes de repetição.
De acordo com o médico infectologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Infectologia (ABI), Alexandre Naime, o que caracteriza o quadro clínico de herpes de repetição é a recorrência de sintomas de herpes mais de uma vez no período de seis meses. “O vírus fica na forma latente porque o sistema imunológico consegue controlar sua ação. Quando há herpes de repetição, provavelmente existe algum fator que está desequilibrando o sistema de defesa”, afirma o dr. Naime.
Segundo o médico, os principais fatores que podem desencadear esse enfraquecimento do sistema imunológico, e ocasionar a manifestação do herpes de repetição, são: estresse físico ou emocional; privação de sono; excesso de frio ou de calor; desnutrição: submissão do corpo a condições extremas; e abuso de substâncias como álcool e drogas. Além disso, o dr. Naime destaca que pessoas imunossuprimidas, pessoas que vivem com aids e em fase de imunossenescência (envelhecimento do sistema imunológico) precisam estar mais atentas, pois estão mais suscetíveis ao herpes de repetição.
Como diagnosticar
A família Herpesviridae é muito extensa, e possui oito tipos de vírus. Quando falamos do herpes de repetição, estamos nos referindo ao quadro clínico causado pela recorrência de manifestação do Herpes simplex. Esse quadro se refere aos tipos 1 e 2 do vírus do herpes, ambos acometendo mucosas: o primeiro com manifestação na boca e eventualmente em outras áreas do corpo e o segundo, nas regiões genitais.
Geralmente, o quadro de herpes é caracterizado pelo surgimento de feridas em uma região avermelhada nas mucosas – principalmente na boca e na região genital. Com o tempo, essas feridas se tornam bolhas e podem romper.
O dr. Naime adverte que, sempre que houver o aparecimento de sintomas de herpes, é preciso procurar o médico. “Em algumas pessoas, o Herpes simplex pode evoluir para uma doença chamada meningoencefalite herpética, que é quando o vírus toma o sistema nervoso central, podendo levar a consequências drásticas, incluindo óbito”, explica o especialista. Além disso, existem outros quadros clínicos que podem ser confundidos com herpes, e que precisam de tratamento médico imediato, como a sífilis. “Existem diversas infecções sexualmente transmissíveis ou doenças causadas por vírus ou por fungos que podem ser parecidas com o herpes simplex. Por isso mais uma necessidade de uma avaliação médica o mais precoce possível”, esclarece.
Tratamento e prevenção
De acordo com o vice-presidente da SBI, depois que o paciente é diagnosticado com herpes simples pelo médico, o tratamento prescrito é personalizado de acordo com o quadro do paciente. É possível prescrever pomadas, para casos mais simples, e medicamentos antivirais, em casos em que é preciso impedir que o vírus evolua para quadros mais graves.
Além disso, para evitar o quadro de herpes de repetição, é preciso ter hábitos de vida saudáveis, preservando o bom funcionamento do sistema imune. “Se alimentar bem, ter uma fonte nutricional variada, trabalhar questões como ansiedade, depressão, excesso de trabalho, ter uma boa noite de sono, fazer atividade física regular e evitar excessos são o principal método preventivo da herpes de repetição”, explica o dr. Naime.
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Sobre a autora: Milena Félix é jornalista, redatora e, nas horas vagas, escritora e viajante. Interessa-se por assuntos relacionados à saúde da mulher, meio ambiente e à saúde e sociedade.