OMS declara fim da emergência internacional causada pela covid-19, mas pandemia não terminou. Leia na coluna de Mariana Varella.
Nesta sexta-feira (5/5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência internacional provocada pela covid-19. O Comitê de Emergência, em sua 15ª reunião, ocorrida no dia 4/5, havia recomendado o fim do Estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, o mais alto nível de alerta da OMS, que foi anunciado hoje pelo diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesu.
A emergência havia sido declarada no fim de janeiro de 2020. A covid-19 matou oficialmente quase 7 milhões de pessoas no mundo todo, mas a organização estima que esse número possa chegar a 20 milhões.
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Tedros Adhanom lembrou que a pandemia foi mais que uma crise sanitária, pois além de matar milhões de pessoas e atingir em cheio os mais vulneráveis, causou crises econômicas, problemas sociais, crises políticas e institucionais .
Na semana passada, segundo Adhanom, a covid matou uma pessoa a cada 3 minutos. “O vírus veio para ficar. Ele ainda mata e ainda representa um desafio. O risco do surgimento de novas variantes que possam causar novo aumento de casos e mortes ainda existe”, afirmou.
A OMS reforça a importância de os países manterem os sistemas construídos para enfrentar a pandemia e não passarem a mensagem errada de que não há mais motivo para se preocupar com o vírus.
Pandemia continua
Embora possa parecer, a OMS não decretou o fim da pandemia. De acordo com Michael Ryan, diretor-executivo da organização, provavelmente não haverá um momento em que a OMS decretará o fim da pandemia.
Tedros ressaltou que a pandemia não precisava ter causado a tragédia que causou, pois o mundo dispõe das ferramentas e tecnologias para se preparar melhor para enfrentar pandemias, para detectá-las antes, para responder rapidamente e reduzir seu impacto. “Mas globalmente, a falta de coordenação, de equidade e de solidariedade fez com que não usássemos essas ferramentas de modo efetivo, como poderíamos ter feito. Perdemos vidas desnecessariamente. Temos de prometer a nós mesmos, nossos filhos e netos que nunca mais cometeremos esses erros.”
É importante que a OMS tenha reforçado a necessidade de o mundo somar esforços em uma pandemia. Um vírus com o potencial de contaminação do Sars-CoV-2 representa uma ameaça global que deve ser enfrentada conjuntamente. Não existe outra forma eficiente de enfrentar uma pandemia.
Também é primordial que o anúncio da OMS não afete a manutenção de medidas que se comprovaram eficazes para reduzir o número de casos e de óbitos causados pela doença e que permitiram o anúncio de hoje, como a vacinação.
No dia 24/4, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação com a dose de reforço bivalente contra a covid-19 para toda a população acima de 18 anos. A recomendação visa aumentar a proteção contra a doença e ampliar a cobertura vacinal. Essa etapa da vacinação faz parte do Movimento Nacional pela Vacinação e atinge cerca de 97 milhões de brasileiros, segundo as informações do Ministério.
As recomendações do Ministério da Saúde a respeito da vacinação contra a covid não mudam com o anúncio da OMS.
De acordo com a nota técnica divulgada pelo MS, podem se vacinar todas as pessoas com mais de 18 anos:
- Que tenham recebido, pelo menos, duas doses de vacinas monovalentes (CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer) como esquema primário ou como dose de reforço;
- Que tenham respeitado um intervalo de quatro meses da última dose da vacina contra a covid.
Como cada município tem autonomia para organizar suas campanhas de vacinação, antes de se vacinar as pessoas precisam verificar se a medida já está valendo em sua cidade.