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Tratamentos oncológicos podem afetar a fertilidade do paciente?

A quimioterapia e a radioterapia podem causar danos aos oócitos e folículos e também reduzir o número de espermatozoides. Tratamentos de preservação da fertilidade são uma alternativa. 
Publicado em 27/10/2022
Revisado em 27/10/2022

A quimioterapia e a radioterapia podem causar danos aos oócitos e folículos e também reduzir o número de espermatozoides. Tratamentos de preservação da fertilidade são uma alternativa. 

 

Quando o assunto é tratamento oncológico, um tema que não é muito debatido, mas de extrema importância, é a preservação da fertilidade. O risco de uma paciente ficar infértil, principalmente se estiver na faixa etária entre os 30 e 35 anos, pode ser de mais de 50%. 

Mas é preciso entender que a infertilidade não é causada diretamente pelo câncer, mas sim pelos tratamentos, principalmente a quimioterapia e a radioterapia.

A quimioterapia pode causar danos aos oócitos, a célula reprodutiva feminina popularmente chamada de ovo ou óvulo, e aos folículos ovarianos (pequenas bolsas de líquido que envolvem o oócito, localizadas nos ovários) ou induzir a paciente à menopausa precoce. No caso da radioterapia, o comprometimento da fertilidade ocorre quando o local de incidência da radiação ocorre atinge a região pélvica do paciente, onde estão localizadas as gônadas (ovários e testículos).

“Uma das maiores complicações da quimioterapia é a perda da função dos ovários, o que causa infertilidade, seja ela permanente ou temporária. E, apesar de não ser um fator prioritário durante o tratamento oncológico, a fertilidade pode se tornar uma questão importante para a mulher após a cura da doença, principalmente para aquelas que ainda não têm filhos”, explica o dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.

 

O que fazer?

A recomendação dos oncologistas atualmente é que as mulheres diagnosticadas com câncer pensem na possibilidade de fazer o congelamento dos oócitos (óvulos), mesmo se ela não tiver um parceiro ou nunca tenha pensado na possibilidade de gravidez. 

“Em casos de mulheres com câncer de mama, o processo de congelamento de óvulos inicia-se imediatamente, independentemente da fase do ciclo menstrual, com a estimulação hormonal dos ovários para amadurecimento dos óvulos, o que leva cerca de dez dias. Vale ressaltar que já é comprovado que o estímulo ovariano para preservação da fertilidade não piora o prognóstico do câncer de mama”, explica Rodrigo. 

Veja também: Como funciona o congelamento de óvulos

 

Homens também são afetados

Nos homens, a quimioterapia pode impedir que os gametas cresçam e se dividam rapidamente, o que leva à redução do número de espermatozoides. Já cirurgias da próstata, bexiga, intestino grosso, coluna ou reto também podem danificar nervos e tornar o homem incapaz de ejacular, por isso é interessante pensar na possibilidade do congelamento de sêmen, também chamado de criopreservação. 

“O ideal é que a coleta aconteça antes do início do tratamento oncológico para preservar a máxima qualidade seminal. Nem todos os tipos de câncer provocam a infertilidade no homem, mas algumas cirurgias para remoção de tumores no aparelho reprodutor masculino podem provocar lesões irreversíveis”, explica o dr. Alfonso Araújo Massaguer, ginecologista e obstetra especialista em reprodução assistida. 

 

Custos

Normalmente, o tratamento de preservação da fertilidade tem custo elevado (cerca de R$30 mil), mas alguns hospitais de São Paulo oferecem-no gratuitamente, mesmo que o paciente não esteja se tratando no local, como o Hospital Pérola Byington, em São Paulo.

Para ter acesso ao congelamento de óvulos, mulheres em tratamento de câncer devem agendar o procedimento por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Assim que a paciente é atendida, o tratamento é indicado e exames necessários são solicitados para encaminhamento ao centro médico.

Veja também: Infertilidade masculina: conheça as principais causas

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