A amigdalectomia, cirurgia de retirada das amídalas, é indicada somente em alguns casos, que devem ser avaliados pelo otorrinolaringologista. Entenda.
As amídalas são estruturas que ficam entre o final da boca e o início do nariz e da garganta. Elas servem como uma barreira imunológica contra bactérias e outros agentes invasores. Mas, para algumas pessoas, deixam de ser proteção e se tornam incômodo.
É o caso, por exemplo, de quem sofre com amidalites recorrentes ou quem nasceu com amídalas de tamanho maior do que o normal. Nesses pacientes, o órgão vai de uma barreira para uma fragilidade do sistema imune.
Para reverter a situação, há a amigdalectomia, cirurgia de retirada das amídalas. No entanto, considerando que as estruturas são muito importantes na defesa do organismo, ela só é indicada em situações específicas, onde as amídalas não estejam cumprindo sua função.
Quando a amigdalectomia é indicada?
O procedimento só é recomendado após os 4 anos de idade, já que, nessa fase, o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento. Mesmo assim, a indicação da cirurgia depende muito da faixa etária.
Indicação para as crianças
Na infância, a amigdalectomia pode ser um recurso quando a criança sofre de amidalites frequentes ou que causam sintomas muito intensos, as quais não melhoram com a utilização de medicamentos, como antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios.
Vale lembrar que a cirurgia só é uma opção quando a amidalite é bacteriana e aparece sete vezes no período de 12 meses, cinco vezes ao ano no período de 2 anos ou três vezes ao ano no período de 3 anos.
Para os pequenos que sofrem com amídalas grandes e, por isso, não conseguem respirar bem pelo nariz, roncam e têm apneia do sono (isto é, param de respirar momentaneamente durante a noite), o procedimento também pode ser recomendado. Nesses casos, é comum que a remoção das amídalas seja apenas parcial.
Indicação para os adultos
Entre os adultos, as amidalites de repetição também podem resultar na indicação da cirurgia. Se a infecção se espalha para os tecidos periamigdalianos, ela causa uma condição grave chamada de “abscesso periamigdaliano”. Para evitar a recidiva, o procedimento também pode ser considerado.
Outra possibilidade é quando a pessoa apresenta a amidalite caseosa. Essa condição não tem a ver com infecções, mas com o acúmulo de detritos esbranquiçados na superfície das amídalas, causando mau hálito, incômodo e o surgimento de secreções que podem ser confundidas com pus. Por não ser uma doença, a indicação da cirurgia é baseada no desconforto do paciente.
Nessa faixa etária, o ronco também pode estar relacionado às amídalas, em geral, por serem maiores do que deveriam e obstruirem a respiração. Alterações nos tamanhos dessas estruturas podem ainda indicar doença linfoproliferativa ou linfoma, o que, se confirmado por uma biópsia, deverá levar à remoção preventiva.
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Cuidados pré-operatórios
Antes de ir para a sala de cirurgia, o paciente, independentemente da idade, deve realizar alguns exames pedidos pelo otorrinolaringologista. Os principais deles são os exames de sangue, que contêm hemograma completo e coagulograma.
Como é feita a cirurgia?
A amigdalectomia é feita em ambiente operatório sob anestesia geral e dura em torno de 30 minutos a 1 hora. A técnica mais utilizada é a dissecção fria, por apresentar melhores resultados e menos riscos de complicações.
Uma vez que o paciente esteja anestesiado, o otorrinolaringologista faz um pequeno corte na borda da amídala para descolá-la e retirá-la. O procedimento é feito pela boca, sem a necessidade de deixar cicatrizes no pescoço ou deslocar a mandíbula durante a operação.
Depois, o profissional usa eletrocautério e pontos para controlar os sangramentos. Os pontos caem naturalmente em torno de uma semana.
O paciente geralmente é liberado de 8 a 12 horas após a cirurgia, mas pode precisar permanecer mais 1 ou 2 dias em caso de qualquer problema, como uma hemorragia.
Quais são os riscos da amigdalectomia?
As complicações, assim como todo procedimento cirúrgico, existem. No entanto, elas são raras e afetam de 2% a 6% dos pacientes.
- Hemorragia pós-operatória: A mais frequente delas é a hemorragia pós-operatória, que pode acontecer logo depois da cirurgia ou depois de 1 semana. Quando o sangramento é pequeno, colocar gelo na cavidade oral ajuda. Se for mais intenso, é preciso buscar ajuda médica. Com auxílio hospitalar, é um problema fácil de resolver.
- Disfagia: Outro risco da amigdalectomia é a dificuldade em comer pela boca. Essa condição não costuma ser total nem permanente. É apenas uma questão de se acostumar e manter a hidratação.
- Alteração na fala: Nas crianças, há a possibilidade da cirurgia interferir na ressonância da fala, deixando a voz mais anasalada por conta do excesso de espaço que agora existe na passagem do ar. Mas também não é motivo para preocupação, pois isso costuma se resolver naturalmente em até alguns meses depois da cirurgia.
- Aumento do apetite: Por não haver mais o empecilho das amídalas para a alimentação, os pacientes (em especial, as crianças) podem começar a comer mais. Nesses casos, é preciso apenas ficar atento com o ganho não saudável de peso.
- Otalgia reflexiva: Dores de ouvido são frequentes, mas não significam nenhum problema na região. Depois de um tempo, elas cessam espontaneamente.
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Cuidados pós-operatórios
O tempo de recuperação para uma amigdalectomia varia de 10 a 12 dias entre as crianças e de 16 a 20 dias entre os adultos. Não é necessário ficar em repouso total, mas é melhor não fazer grandes esforços físicos nas primeiras duas semanas.
Alguns dos cuidados nessa fase são:
- Adotar uma dieta fria e mole nas primeiras duas semanas;
- Preferir sorvetes, sucos gelados, iogurtes, gelatinas e outros alimentos fáceis de engolir;
- Evitar alimentos quentes, ácidos ou picantes, bem como álcool, refrigerantes e cigarro;
- Hidratar-se bem;
- Ter paciência, pois a região estará em processo de cicatrização e pode ser difícil engolir;
- Em caso de dor de garganta ou ouvido, buscar a prescrição médica de um analgésico;
- Seguir as orientações médicas quanto à retomada de alimentos sólidos na dieta;
- Tomar cuidado na hora de escovar os dentes, sem utilizar muita força no gargarejo ou bochecho nos primeiros dias;
- Ter em mente que a recuperação é individual para cada paciente e manter o acompanhamento médico em dia.
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