A fase de introdução alimentar é vital para o desenvolvimento do paladar e o início de um hábito alimentar diversificado.
Introdução alimentar é o termo usado para designar a fase em que a alimentação dos bebês começa a incorporar outros alimentos além do leite materno. Ela deve ser iniciada no sexto mês de vida, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. Até essa idade, o aleitamento materno deve ser exclusivo e não há necessidade de nenhum outro alimento, nem mesmo água, já que o leite da mãe supre também as necessidades de hidratação do bebê.
Aos seis meses, recomenda-se começar a introduzir outros alimentos na dieta, ao mesmo tempo em que, na medida do possível, o aleitamento continue até os 2 anos de idade. Nos casos em que a mãe não pode amamentar por qualquer motivo, pode-se recorrer às fórmulas infantis, mas nessas situações a orientação é procurar a ajuda de um pediatra para saber qual a melhor conduta em cada caso.
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A alimentação complementar deve ser introduzida de maneira lenta e gradual. Algumas crianças podem estranhar no início e recusar determinados alimentos, o que é normal, pois trata-se de uma experiência totalmente nova para elas. “Se ela não aceitou, não insista, não force e não agrade. Às vezes, ela recusa, e isso é normal. É importante que o alimento seja novamente oferecido em outra ocasião”, explica o pediatra e presidente do Departamento de Nutrição da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), dr. Rubens Feferbaum. Segundo informações do Ministério da Saúde, é necessário oferecer um alimento de oito a dez vezes, em média, até que a criança o aceite.
O que oferecer
Segundo o pediatra, o ideal é oferecer ao bebê uma alimentação variada e rica em nutrientes, tanto macro (proteínas, carboidratos e gorduras) quanto micro (ferro, zinco e vitaminas). Para tanto, é preciso unir representantes dos quatro grupos alimentares principais: hortaliças e frutas, carnes e ovos, cereais e tubérculos e grãos. “A composição de todos esses grupos é que vai permitir que a criança tenha energia, proteínas, sais minerais e as vitaminas necessárias para um crescimento adequado”, explica o dr. Rubens. Ele também alerta que até o oitavo mês é preciso introduzir alimentos como ovos, peixes e glúten para criar tolerância e evitar possíveis alergias.
Não se recomenda bater os alimentos no liquidificador para não deixar a comida muito fina nem misturar os grupos, para permitir que a criança experimente novas texturas e sabores e aprenda a mastigar. É fundamental que ela tenha uma discriminação do sabor dos alimentos e movimentos de mastigação
Por outro lado, pelo menos até os 2 anos é importante evitar itens como frituras, enlatados, salsicha, refrigerantes, café, salgadinhos, balas e açúcar adicionado nos alimentos. O sal deve ser usado com moderação, o mínimo possível. Para temperar, a dica é utilizar ingredientes como salsinha e cebolinha, e mesmo nesses casos, sem exagero: o tempero deve ser leve.
Quando precisar usar óleo, recomendam-se os vegetais, como óleo de canola, soja ou milho, mas também sempre em pequena quantidade. Por fim, priorize sempre alimentos frescos, ou seja, evite congelados e processados.
Hora da refeição
O dr. Feferbaum explica que é necessário ter disciplina nos momentos de refeição e proporcionar um ambiente calmo e tranquilo para a criança comer. “A refeição tem que ser um momento prazeroso. Não devemos ficar prendendo a atenção deles com telas, desenhos e coisas do tipo. Isso prejudica o horário da alimentação.” Ainda segundo o especialista, não se deve castigar a criança por não comer ou oferecer recompensas por ela “limpar o prato”. Quando a criança está sem fome, o melhor a fazer é não insistir nem forçá-la.
Rotina alimentar
A introdução alimentar deve começar com a oferta de duas papas de fruta e uma papa de legumes diariamente durante o primeiro mês. A papa de legumes deve conter um alimento de cada grupo alimentar:
- Hortaliças (folhas verdes, abóbora, beterraba, quiabo, tomate, cenoura etc.)
- Cereais e tubérculos (arroz, batata-doce, batata, inhame, macarrão, aipim etc.);
- Carnes e ovos (frango, peixe, boi, pato, vísceras ou miúdos, codorna, ovos etc.);
- Grãos (feijão, lentilha, soja, ervilha, grão-de-bico etc.).
A alimentação deve ser variada, por isso é interessante oferecer diferentes opções a cada dia. Se um dia a hortaliça foi representada pela cenoura, tente outra no dia seguinte. O mesmo vale para as papas de frutas do mesmo dia: se pela manhã foi abacate, opte por outra à tarde ou à noite.
No início, a consistência da comida deve ser pastosa e ir se solidificando gradativamente. Não é necessário o uso de peneira, basta amassar os alimentos com um garfo. Logo após o primeiro mês de introdução, os pais podem deixar pequenos pedaços sólidos na papa para estimular a mastigação. Perto do primeiro ano de vida, a criança já pode comer a refeição básica da família.
“Não se recomenda bater os alimentos no liquidificador para não deixar a comida muito fina nem misturar os grupos, para permitir que a criança experimente novas texturas e sabores e aprenda a mastigar. É fundamental que ela tenha uma discriminação do sabor dos alimentos e movimentos de mastigação”, afirma o pediatra. Ou seja, cada grupo deve ser amassado, mas colocados em porções separadas no prato, sem formar uma papa única.
Além disso, lembre-se de oferecer água filtrada e fervida nos intervalos das refeições. Também é importante oferecer duas frutas diferentes por dia. As refeições podem ser feitas conforme os horários da família, mas é preciso respeitar o apetite da criança e saber diferenciar sinais de fome de outros desconfortos, como sede ou sono, por exemplo.
Veja o esquema alimentar recomendado pelo Ministério da Saúde para crianças amamentadas:
Veja o esquema alimentar recomendado pelo Ministério da Saúde para crianças não amamentadas:*
* Atenção: No caso de crianças que não são amamentadas, o ideal é buscar orientação médica para tirar dúvidas e saber quando dar início à introdução alimentar de forma personalizada.