Vacinação contra a febre amarela deve continuar mesmo após o fim do verão, uma vez que o risco da doença permanece o ano todo. Veja mais recomendações.
Sempre que termina o verão, período em que as epidemias de arboviroses como dengue, febre amarela, zika e chikungunya são mais comuns, as pessoas passam a se preocupar menos com o risco dessas doenças. No caso da febre amarela, elas também relaxam em relação à vacina, pois acham que o perigo já passou.
Esse é um erro que pode custar a vida. É exatamente fora do período de maior transmissão da doença, de dezembro a março, que as pessoas devem se vacinar. Para a epidemiologista Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, a população precisa entender que vacina não é remédio, ela serve como prevenção e justamente por esse motivo deve ser tomada antes do período de maior circulação dos vírus.
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Desde o surto registrado em 2017, a vacinação para febre amarela foi ampliada para 4.469 municípios. As principais cidades localizam-se nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, onde houve evidência da circulação viral. A cobertura vacinal deveria ser de, no mínimo, 95% da população dessas regiões. No entanto, segundo a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, até fevereiro deste ano a cobertura vacinal da cidade era de 77%, enquanto 1,8 milhão de mineiros ainda não haviam sido vacinados nesse período, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.
“A ideia do Ministério da Saúde é ampliar a vacinação para todo o país, mas isso deve ser feito de modo ordenado. Por enquanto, estamos vacinando as áreas de maior risco. Os estados do Nordeste, com exceção da Bahia, que já tem recomendação da vacina, devem ser incluídos na área com recomendação da vacina depois que conseguirmos vacinar o maior contingente populacional das áreas de risco”, explica Domingues.
Por isso, o ideal é que as pessoas procurem os postos de saúde para tomar a vacina fora do período de maior risco da doença, para garantir o acesso à dose.
Dose completa
Em períodos de surto, como o ocorrido em 2017, o Ministério da Saúde precisou fazer uso da dose fracionada da vacina, cujo efeito protetor dura 8 anos, com o intuito de vacinar o maior número possível de pessoas. Hoje está disponível nos postos a dose completa da vacina, que, segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, não precisa de reforço, pois tem eficácia de 95% a 98% com uma dose, apenas.
“Estudos demonstraram que a vacina gera uma resposta imunológica duradoura. O Ministério investe constantemente em estudos, e caso haja alguma orientação diferente nesse sentido, podemos mudar o calendário de vacinação, que é sempre dinâmico e sujeito a alterações”, conclui Domingues.
A vacina é segura, embora possam ocorrer eventos adversos, como reações locais, febre, mal-estar e dor de cabeça. O risco de morte para quem desenvolve a forma grave da doença varia de 40% a 50%, muito superior ao de apresentar algum efeito adverso com a vacina. “Quem tomar a vacina e se sentir mal deve procurar um serviço de saúde para ser tratado”, orienta Domingues.
A vacina é recomendada para quem mora ou vai visitar as áreas de risco, que hoje incluem as regiões Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste e a Bahia. Deve ser aplicada a partir dos 9 meses de idade até os 59 anos. Pessoas com mais de 60 anos precisam passar por uma triagem para que seja avaliada a presença de comorbidades que possam contraindicar a vacinação.