H1N1 na gravidez pode causar complicações graves. Gestantes devem tomar a vacina e receber tratamento com antivirais logo que apresentarem os primeiros sintomas da doença.
No início de 2009, surgiu um novo vírus influenza A, batizado como A(H1N1)pdm09.
Em junho do mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o alerta 6, seu nível mais elevado nas ameaças de pandemias.
Quase sete anos passados, aprendemos muito sobre os efeitos da gripe H1N1 em gestantes e recém-nascidos. Não obstante, ainda ocorrem casos graves, hospitalizações e óbitos causados pela doença. Bebês nascidos de mulheres que tiveram quadros graves de H1N1 correm risco mais alto de prematuridade e baixo peso.
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Embora já soubéssemos que gravidez é fator de risco para complicações da gripe, a pandemia de 2009 permitiu obter dados mais sólidos a respeito das características dessa vulnerabilidade.
Antes de 2009, as autoridades sanitárias recomendavam que os antivirais — como oseltamivir — fossem prescritos apenas nas gestações associadas a outras condições de risco (diabetes, doenças pulmonares, cardiovasculares etc.); as saudáveis não precisariam de tratamento específico.
No decorrer da epidemia de 2009, entretanto, o tratamento antiviral passou a ser indicado para todas as gestantes e para as que haviam dado à luz recentemente, sem levar em conta a existência ou não de outras enfermidades, a gravidade do quadro clínico ou os resultados dos testes diagnósticos.
Meta-análises mostraram que, em 2009, as grávidas tratadas com antivirais nas primeiras 48 horas da instalação dos sintomas gripais, apresentaram mortalidade 80% mais baixa do que aquelas não tratadas.
Se aprendemos que a vacinação é segura e protetora e que administrar antivirais, ao surgirem os sintomas, reduz significativamente a gravidade do quadro gripal e a mortalidade, além de trazer vantagens para o recém-nascido, esse conhecimento tem que ser levado às principais interessadas: as mulheres grávidas.
Mais ainda: apesar de a eficácia ser maior com o tratamento precoce, foram beneficiadas mesmo aquelas medicadas depois das 48 horas iniciais.
O acompanhamento das que receberam oseltamivir durante a gravidez revelou que a medicação é segura para a mãe e para o feto. É importante ressaltar a segurança, porque há gestantes que se recusam a tomar o medicamento, por um receio que não encontra justificativa nas evidências científicas.
Além dos benefícios dos antivirais, também ficou demonstrada a segurança da vacinação contra a gripe durante a gravidez. Já foram vacinadas milhões de mulheres, sem haver relato de um único caso de má-formação fetal.
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Ainda assim, não são poucas as grávidas que deixam de se vacinar por preconceito, ideologia ou falta de informação, enquanto outras adiam a imunização para depois do primeiro trimestre, providência sem nenhum sentido.
Não bastassem os benefícios maternos, a vacinação da futura mãe reduz o risco de prematuridade, baixo peso e protege o bebê durante os seis primeiros meses de vida, fase em que a doença costuma ser mais agressiva.
Em relação à gripe na gravidez, o Center for Diseases Control dos Estados Unidos faz quatro recomendações principais:
1) É preciso orientar as gestantes para procurar atendimento médico, assim que surgirem os primeiros sintomas gripais, fase em que a eficácia dos antivirais é mais alta.
2) Para que possa ser iniciado de imediato, a indicação do tratamento deve basear-se na avaliação clínica, uma vez que os testes laboratoriais apresentam sensibilidade limitada e a perda de tempo na espera dos resultados pode comprometer a ação protetora dos medicamentos.
3) Como a eficácia da vacina oscila ao redor de 60%, toda gestante com suspeita de gripe deve ser tratada com antivirais, tenha sido vacinada ou não.
4) Embora os melhores resultados sejam obtidos quando o tratamento antiviral é administrado nas primeiras 48 horas contadas a partir do início dos sintomas, há evidências de proteção mesmo quando iniciado mais tarde.
Os relatos de casos graves de gripe durante a gestação, hospitalizações e a morte de mulheres anteriormente saudáveis na epidemia de 2009, chamou a atenção para a gravidez como fator de risco e serviu de base para a publicação de grande número de estudos científicos.
Se aprendemos que a vacinação é segura e protetora e que administrar antivirais, ao surgirem os sintomas, reduz significativamente a gravidade do quadro gripal e a mortalidade, além de trazer vantagens para o recém-nascido, esse conhecimento tem que ser levado às principais interessadas: as mulheres grávidas.