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Resistência bacteriana: por que não se deve usar antibióticos por conta própria?

Tomar antibióticos toda vez que tiver uma dor de garganta pode levar à resistência bacteriana a possíveis tratamentos no futuro. Entenda a relação.
Publicado em 18/12/2024
Revisado em 18/12/2024

Tomar antibióticos toda vez que tiver uma dor de garganta pode levar à resistência bacteriana a possíveis tratamentos no futuro. Entenda a relação.

 

Em 2019, a resistência bacteriana matou mais pessoas do que o HIV e a malária em todo o continente americano, segundo estudo publicado na “The Lancet Regional Health Americas”. No entanto, o que mais da metade da população brasileira não sabe, de acordo com uma pesquisa de opinião pública da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), é que o uso exagerado de antibióticos é um dos principais responsáveis por esse fenômeno.

Veja também: Como enfrentar a resistência bacteriana | Coluna #110

Hoje, quase um quarto dos brasileiros utiliza antibióticos por conta própria uma ou mais vezes por ano, seja para uma dor de garganta ou um resfriado. Isso faz com que as bactérias, que antes eram sensíveis à ação dos medicamentos, passem a desenvolver resistência contra eles.

 

Como acontece a resistência bacteriana?

“Existem bactérias que são naturalmente resistentes a determinados antibióticos. O problema é a resistência adquirida: trata-se de uma bactéria que era sensível e passou a ser resistente a esses antimicrobianos”, explica o dr. Rodrigo Lins, presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro.

Isso acontece porque existem milhões de bactérias que coexistem no nosso organismo, como no trato gastrointestinal, por exemplo. No meio de tantas outras, as bactérias resistentes não sobrevivem por muito tempo, já que costumam se replicar em um ritmo mais lento. Mas, com o uso exagerado de antibióticos, esse ecossistema é alterado pela morte das bactérias mais sensíveis.

“Essa casa vazia vai ser ocupada por outras. Quando você mata as bactérias sensíveis, aquelas resistentes que não iam durar muito tempo começam a não ter concorrência. Então, quanto menos antibiótico a gente usar, menos a gente está fazendo pressão de seleção para que essas bactérias resistentes ocupem novos espaços”, ilustra o especialista.

 

Por que a resistência bacteriana é ruim para o organismo?

Isso faz com que, quando houver um desequilíbrio por conta de alguma doença, o organismo deixe de responder aos primeiros tratamentos.

“Os antibióticos de segunda e terceira linha que a gente usa para matar as bactérias mais resistentes ou são menos eficazes, e por isso não são a primeira opção, ou fazem com que o paciente responda mais lentamente àquela infecção ou ainda podem ser medicações que causam mais eventos adversos do que a droga que eu gostaria de usar para começo de conversa. Então, isso faz com que a doença seja mais grave: porque o meu tratamento inicial deixa de ser o melhor”, alerta o dr. Rodrigo.

Portanto, é extremamente importante não tomar antibióticos por conta própria: não aproveite os comprimidos que sobraram da última prescrição nem pegue emprestado de amigos, vizinhos ou familiares. E mesmo que realmente haja indicação médica, tome apenas pelo tempo recomendado. A campanha da SBI, Será que precisa?, traz mais informações sobre o uso adequado desse tipo de medicamentos.

 

Outras causas da resistência bacteriana

Existem ainda outras causas de resistência bacteriana. Uma delas é a transmissão hospitalar, situação que acontece quando as medidas de higiene não são seguidas como deveriam, e a bactéria de um paciente acaba sendo levada para outro. E a segunda está relacionada à contaminação ambiental, já que o processo de seleção bacteriana pode acontecer a partir do momento em que antimicrobianos são jogados em uma plantação, chegando à alimentação dos seres humanos.

 

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