As demências trazem grande sofrimento aos pacientes e familiares. No entanto, 45% dos casos de demência podem ser prevenidos. Leia na coluna de Mariana Varella.
As demências são um termo usado para definir quadros causados por várias doenças que, com o passar do tempo, causam danos ao cérebro, levando, assim, à deterioração da função cognitiva.
Embora as demências não afetem a consciência, a perda da função cognitiva em geral surge acompanhada por mudanças no humor, no controle emocional, no comportamento ou na motivação.
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A doença de Alzheimer é responsável por mais de 60% dos casos de demência.
As demências causam impacto físico, psicológico, social e econômico, não apenas para os pacientes, mas também para familiares e para a sociedade.
Atualmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 55 milhões de pessoas têm demência no mundo todo; mais de 60% desse total vive nos países de baixa e média renda.
A cada ano, surgem aproximadamente 10 milhões de casos novos no mundo, e a doença deverá ser ainda mais prevalente nos próximos anos, graças ao aumento da expectativa de vida e o consequente envelhecimento da população.
No Brasil, 8,5% da população com mais de 60 anos convive com a demência, o que representa 2,71 milhões de casos. Os dados são do Relatório Nacional sobre a Demência, divulgados em setembro pelo Ministério da Saúde.
Até 2050, a projeção é que 5,6 milhões de pessoas sejam diagnosticadas no país.
Fatores de risco para demência
Apesar de a idade ser o principal fator de risco para as demências, essas doenças não devem ser consideradas como parte normal do envelhecimento.
Os maiores fatores de risco para a demência, de acordo com a OMS, são:
- idade (mais comum em indivíduos a partir ou acima de 65 anos);
- pressão arterial alta (hipertensão);
- glicemia elevada (diabetes);
- sobrepeso e obesidade;
- tabagismo;
- consumo elevado de álcool;
- sedentarismo;
- isolamento social;
- depressão.
Sinais e sintomas
Os sintomas iniciais mais comuns nas demências, ainda segundo a OMS, são:
- esquecer fatos recentes;
- perder ou guardar objetos em locais inusitados;
- perder-se quando sair para caminhar ou dirigir;
- sentir-se confuso, mesmo em locais conhecidos;
- perder a noção de tempo;
- apresentar dificuldade para resolver problemas ou tomar decisões;
- ter dificuldade para acompanhar conversas ou para encontrar as palavras adequadas;
- começar a ter dificuldade com as atividades do dia a dia.
Mudanças no humor e no comportamento incluem:
- ansiedade, tristeza ou nervosismo diante da perda de memória;
- mudanças na personalidade;
- comportamento inapropriado;
- perda de interesse no trabalho ou nas atividades sociais;
- menos interesse em familiares ou amigos;
- dificuldade para se locomover;
- perda de controle sobre a bexiga ou intestinos;
- dificuldade para se alimentar ou ingerir líquidos;
- mudanças de comportamento, como agressividade, que trazem angústia para o paciente e para quem está perto.
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Prevenção da demência
Ao contrário do que muita gente pensa, é possível prevenir boa parte das demências, sobretudo se a prevenção começar cedo. A OMS estima que 45% dos casos possam ser evitados ou adiados com algumas mudanças de hábitos.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, da sigla em inglês) dos Estados Unidos publicou cinco recomendações para reduzir o risco de demência.
1. Mantenha-se fisicamente ativo
A atividade física reduz o risco de inúmeras doenças, incluindo as demências.
A OMS recomenda de 150 a 300 minutos de atividade física de moderada intensidade por semana para todos os adultos e uma média de 60 minutos de atividade aeróbica moderada por dia para crianças e adolescentes.
2. Previna ou controle o diabetes
Taxas altas de glicose no sangue, que ocorrem quando o diabetes não é tratado adequadamente, causam danos em vários órgãos, entre eles o cérebro.
3. Mantenha a pressão arterial sob controle
A pressão elevada pode causar danos nos vasos sanguíneos e limitar o fluxo de sangue para o cérebro, afetando o funcionamento do órgão.
Assim, é importante controlar os fatores de risco que podem levar ao surgimento da hipertensão e tratar a condição quando ela estiver instalada, com mudanças de hábitos e, quando for o caso, o uso correto de medicação.
4. Previna ou trate a perda auditiva
Já há vários estudos demonstrando que a perda da audição é um fator de risco importante para o desenvolvimento das demências. Pessoas com perda auditiva tendem a se isolar socialmente, estimulando menos o cérebro.
Por outro lado, o uso de aparelhos auditivos pode ajudar no tratamento da perda auditiva, reduzindo, assim, o risco de desenvolver demência.
5. Procure evitar ou limitar o consumo de álcool e cigarro
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode levar, a longo prazo, ao desenvolvimento de hipertensão e lesões cerebrais, aumentando, assim, o risco de demência.
O cigarro também está relacionado ao risco aumentado de demências, entre elas a doença de Alzheimer. Além disso, parar de fumar reduz o risco de AVC, hipertensão e diabetes tipo 2.