Para além dos hábitos saudáveis, estudos avaliam a ação de medicamentos na prevenção da artrite reumatoide em pessoas com maior risco para a doença.
Se você conhece alguém que tem artrite reumatoide (AR), sabe o quanto a doença pode ser incômoda. Crônica e autoimune, ela acontece por uma anormalidade da resposta imunológica em que o sistema imune ataca as articulações do próprio corpo, causando, desse modo, dores e inflamações que persistem mesmo em repouso.
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A condição afeta uma em cada 200 pessoas no Brasil, as quais precisam manter o tratamento por toda a vida. Como a AR tem um fator genético importante, uma das preocupações de quem tem familiares com o diagnóstico é: será que dá para prevenir a artrite reumatoide?
Causas da artrite reumatoide
Primeiramente, para responder a essa pergunta, é preciso conhecer as causas da doença. As suas origens não são totalmente conhecidas, mas é provável que sejam uma combinação de vários fatores:
- Fatores genéticos: a presença de alguns genes está associada a um risco aumentado de desenvolver a artrite reumatóoide, portanto, pessoas com histórico familiar da doença têm maior predisposição a ela.
- Fatores ambientais: o meio em que se vive também interfere. Infecções virais e principalmente o tabagismo estão associados ao aumento do risco de desenvolver artrite reumatoide em indivíduos já geneticamente predispostos.
- Fatores hormonais: os hormônios podem ainda ter o seu papel, já que a doença acomete duas vezes mais mulheres do que homens. A teoria é a de que as mudanças hormonais durante a gravidez e a menopausa estariam, portanto, associadas à AR.
É possível prevenir a artrite reumatoide?
Portanto, não existe uma forma garantida de prevenção. Mas sabe-se que algumas estratégias ajudam a diminuir o risco de a doença surgir ou, pelo menos, amenizam os sintomas:
- Manter o peso sob controle;
- Praticar exercícios com regularidade;
- Adotar uma dieta balanceada;
- Evitar o tabagismo;
- Gerenciar o estresse;
- E manter os exames em dia, especialmente quem tem histórico familiar.
Além disso, existem novas perspectivas de prevenção no horizonte, inclusive medicamentosas.
“Estamos vendo estudos serem publicados sobre a prevenção da doença, algo que a gente não falava 30 anos atrás. É a possibilidade de detectarmos um indivíduo de alto risco e prevenirmos a artrite reumatoide nessa pessoa”, afirmou a dra. Licia Mota, diretora científica da Sociedade Brasileira de Reumatologia, ao Portal Drauzio durante o XLI Congresso Brasileiro de Reumatologia. O evento aconteceu entre os dias 18 e 21 de setembro, em Minas Gerais.
Um dos mais promissores é o TREAT EARLIER, estudo cujos resultados foram publicados também em setembro na revista científica “The Lancet”. Depois de quatro anos de investigação, por fim os pesquisadores concluíram que o uso durante um ano de baixas doses de metotrexato, medicamento já utilizado no tratamento da AR, reduz o risco de desenvolvimento da artrite reumatoide em pacientes com risco aumentado para a doença. Após dois anos, o efeito preventivo diminui, mas há melhora considerável na dor e na inflamação das articulações, bem como no funcionamento físico dos pacientes.
“É algo muito promissor. Eu vejo com muita esperança. Em poucos anos, vamos estar aplicando isso na prática clínica. Nas doenças reumatológicas, as pessoas têm aquela ideia de que não tem jeito, né? O indivíduo realmente tem o marcador genético, mas há como prevenir, tratar e talvez até impedir a doença”, comemorou a reumatologista.