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Quais os riscos de tomar Omeprazol por muito tempo?

Publicado em 16/07/2024
Revisado em 20/09/2024

Efeitos no cálcio, magnésio e vitamina B12 são algumas das consequências.

 

O Omeprazol é um medicamento da classe dos inibidores da bomba de prótons, que age impedindo a produção de ácido gástrico em algumas células do estômago. Pode ser usado para aliviar a dor ou desconforto epigástrico, com ou sem azia, e tratar úlceras gástricas (estômago) e duodenais (intestino) e refluxo gastroesofágico (quando o suco gástrico do estômago volta para o esôfago). 

Geralmente, a produção desse ácido é estimulada pela alimentação. Por isso, é preferível que ele seja ingerido em jejum, já que é nesse momento que as células parietais apresentam o maior número de bombas de prótons em repouso. De acordo com Victor Herlys, médico pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), isso pode beneficiar quem tem problemas relacionados à produção excessiva de ácido gástrico.

“O medicamento é eficaz no tratamento de doenças que afetam o estômago, como aquelas no qual o controle da acidez é essencial para a cura. Comumente, o Omeprazol é utilizado no tratamento de infecções por H. Pylori, uma bactéria associada ao aumento de úlceras no estômago. Essas úlceras podem ser causadas, por exemplo, pelo uso prolongado de anti-inflamatórios, refluxo ácido ou gastrite”, afirma Victor.

 

Riscos do uso prolongado

Victor explica que o uso de Omeprazol está geralmente relacionado à diminuição da absorção de cálcio, já que esse mineral necessita de um ambiente um pouco mais ácido para ser absorvido. “Como o medicamento diminui a produção de ácido, o cálcio é absorvido em menor quantidade pelo corpo, o que tende a impactar na massa óssea da pessoa, uma vez que os ossos são basicamente formados por cálcio”, pontua. 

Além disso, a diminuição da absorção de magnésio também está relacionada ao uso do Omeprazol. “As causas desse impacto ainda não são conhecidas, mas a deficiência desse mineral pode aumentar as chances de arritmias, o que torna necessário monitorar os níveis de magnésio em pacientes que fazem uso prolongado do remédio”, esclarece.

A deficiência na absorção da vitamina B12 também pode ocorrer devido à ligação da vitamina a proteínas presentes em alimentos de origem animal. Segundo o profissional, quando há uma diminuição na produção de ácido no estômago, a absorção dessa vitamina ligada às proteínas é afetada. 

“A atrofia do estômago também pode resultar na redução da produção de uma proteína que auxilia na absorção da B12. A falta de vitamina B12 pode causar problemas nos nervos, manifestados por dores e fraqueza nas pernas, e em casos mais graves, sintomas psiquiátricos como psicose ou doenças mentais”, informa o médico.

A deficiência de magnésio pode afetar outros sais minerais no corpo, como o potássio e o cálcio. Esse último, quando em baixo nível, pode resultar na perda de massa óssea e aumentar o risco de fraturas. “Já a deficiência de magnésio pode causar convulsões e arritmias cardíacas, parecendo um espasmo na mão que se fecha repetidamente, por exemplo”, completa.

        Veja também: É possível se automedicar com segurança?

 

Existe risco de câncer gástrico? 

Um estudo da UFFS indicou que o Omeprazol pode estar associado ao aumento do risco de câncer gástrico. O dr. Herlys explica que isso ocorre, em parte, devido à possibilidade de provocar atrofia gástrica e alterações no tecido estomacal que favorecem o desenvolvimento de malignidades. “Ao reduzir a acidez no estômago, o medicamento pode favorecer a proliferação de bactérias que transformam nitratos provenientes de certos alimentos em substâncias carcinogênicas, como o nitroso”.

 

Saúde do idoso

Em casos de pacientes idosos, é importante considerar os fatores de risco para fraturas ósseas, demências e pneumonia. “A idade é um desses fatores de risco, juntamente com o uso prolongado de Omeprazol. Esses fatores podem aumentar a chance de fraturas e demências, e a pneumonia tende a ser mais grave em idosos. É crucial considerar esses efeitos colaterais ao tratar a saúde do idoso”, afirma.

Antes de fazer uso do medicamento, é importante consultar o médico para entender a necessidade e os possíveis efeitos colaterais. 

        Veja também: Qual a relação entre H.pylori e câncer de estômago?

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