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Osteoporose

Uso prolongado de medicamentos para osteoporose pode causar fratura no fêmur

Os bisfosfonatos, classe de medicamentos utilizados no tratamento da osteoporose, podem causar fraturas atípicas quando em uso prolongado. Saiba mais.
Publicado em 12/11/2024
Revisado em 12/11/2024

Os bisfosfonatos, classe de medicamentos para osteoporose, podem causar fraturas atípicas quando em uso prolongado, como a fratura de fêmur. Saiba mais.

 

Cerca de 10 milhões de pessoas convivem com a osteoporose no Brasil, especialmente mulheres depois da menopausa. O maior risco da doença são as fraturas, que provocam 200 mil mortes por ano no país, segundo o Ministério da Saúde. Como não há cura para a doença, o tratamento é para a vida toda.

Veja também: Por que o fêmur demora para se recuperar?

Isso quer dizer que, depois do diagnóstico, os medicamentos podem acompanhar o paciente com osteoporose por várias décadas. Mas, quanto maior o tempo de uso dos bisfosfonatos, classe de medicamentos disponível para o tratamento da doença, maior o risco de outro tipo de lesão: as fraturas atípicas do fêmur.

 

Bisfosfonatos: por quanto tempo usar?

“Os medicamentos relacionados à osteoporose da classe dos bisfosfonatos são relativamente conhecidos: alendronato, risedronato, ácido zoledrônico, etc. Quando a gente tem osteoporose, o osso está reabsorvendo mais do que formando. Esses remédios são para evitar a reabsorção”, explicou a dra. Maria Fernanda Resende Guimarães, presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia (SMR), ao Portal Drauzio durante o XLI Congresso Brasileiro de Reumatologia.

Eles são indicados para pessoas com osteoporose causada pelo uso de corticoides, pacientes que tomam cálcio e vitamina D há mais de cinco anos e, principalmente, mulheres na pós-menopausa com risco elevado de fratura.

No entanto, a dra. Maria Fernanda afirma que os bisfosfonatos não devem ser usados continuamente por mais de dez anos, pois eles podem levar a um acúmulo de danos no processo de remodelação óssea, aumentando o risco de fratura atípica. 

“Pode existir em quem use durante três ou quatro anos, mas é mais frequente em quem usa há mais tempo. Quando passa do limite recomendado, ou seja, dez anos, começa a aumentar o risco e diminuir o ganho do tratamento”, detalhou a reumatologista durante o evento, que aconteceu entre os dias 18 a 21 de setembro, em Minas Gerais.

 

Fratura atípica do fêmur: raro, mas complicada

A probabilidade de o medicamento resultar em uma fratura atípica do fêmur é rara —  menos de 1%, segundo a especialista. No entanto, quando acontece, o paciente enfrenta uma lesão delicada e de difícil cicatrização.

Diferentemente das fraturas da osteoporose, que se dão próximas ao quadril, as fraturas atípicas acontecem na diáfise do fêmur, isto é, na região central do osso da coxa. Ela não está relacionada a um trauma e tende a ser transversal, indo de um lado ao outro.

O tratamento requer cirurgia, incluindo a colocação de talas com tração, e a interrupção da terapia com bisfosfonatos. 

 

Devo largar o meu tratamento para a osteoporose com bisfosfonatos?

Para as pessoas com osteoporose que não tiveram fratura atípica do fêmur, esse risco não deve, de forma nenhuma, impedir o tratamento. Mas os bisfosfonatos devem ser prescritos apenas quando há necessidade, além de exigir uma reavaliação frequente da sua continuidade, considerando os riscos e benefícios para aquele paciente.

“Não é que a gente tem que se preocupar com o medicamento, a gente tem que se preocupar com indicar o tratamento certo pelo tempo certo. Existem outros medicamentos que não estão relacionados [à fratura atípica do fêmur], mas o tratamento da osteoporose é de longo prazo. A gente usa outro, mas depois tem que usar esse também. Mesmo que melhore, a pessoa continua com o diagnóstico da doença. Na mulher pós-menopausa, vamos tratá-la por mais 20 a 30 anos”, destacou a especialista.

Além do tratamento medicamentoso, mudanças no estilo de vida também ajudam a evitar as complicações da osteoporose. São elas: praticar atividade física com frequência, parar de fumar, diminuir a ingestão de álcool, alimentar-se adequadamente e tomar sol com moderação.

 

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