A entrada na terceira idade é um processo marcado por mudanças. A partir dos 70 anos, as alterações vão se tornando ainda mais específicas. Saiba quais são os cuidados.
Entre 2010 e 2022, ano em que foi realizado o último Censo do Brasil, concluiu-se que o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4%. É inegável que a população brasileira está envelhecendo, mas, para manter a qualidade de vida dessas pessoas, é preciso ouvir quais são as suas necessidades.
A seguir, vamos conhecer as cinco queixas mais comuns em pessoas acima dos 70 anos e como lidar com cada uma delas.
1 – Incontinência urinária
Entre os idosos, a incontinência urinária é uma queixa comum. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 10 milhões de brasileiros apresentam algum grau de incontinência, condição que atinge 45% das mulheres e 15% dos homens acima dos 40 anos. É um número maior até do que o de diabéticos no país.
Acontece que os fatores de risco para a condição são processos que ocorrem com frequência durante o envelhecimento. “Não é todo idoso que vai ter um quadro de incontinência, mas existem mudanças que predispõem [à condição]. Depende da história do paciente: um homem que teve aumento de próstata ou uma mulher que teve vários partos, por exemplo [têm risco aumentado]”, diz a dra. Karoline.
Mesmo assim, a geriatra afirma que existe um certo receio em procurar ajuda, devido à vergonha da condição. Segundo ela, é muito importante falar para o médico, que irá analisar caso a caso. O tratamento envolve tanto medidas não farmacológicas, como a fisioterapia, quanto medicamentosas.
2 – Doenças osteomusculares
Além disso, por causa das modificações inerentes ao envelhecimento, pessoas mais velhas estão mais sujeitas a diversas condições, como doenças cardiovasculares, doenças crônicas e doenças da visão. No entanto, as mais limitantes são as doenças osteomusculares.
Entre as principais, estão:
De acordo com a dra. Karoline Fiorotti, geriatra formada pela Universidade de São Paulo (USP), esses diagnósticos acarretam a diminuição da funcionalidade do idoso — isto é, o que ele ainda é capaz de fazer na convivência com a sociedade.
“Se o idoso tem mais limitação para andar ou se há queixa de dores, ele acaba limitando a sua movimentação, ficando mais dependente de cuidados e perdendo mais força muscular. Isso aumenta o risco de infecções, quedas e fraturas, o que pode levar a uma dependência ainda maior e, consequentemente, ao isolamento social, que vem junto com quadros de depressão. É bem complicado o que pode advir das queixas osteomusculares quando não tratadas”, destaca a geriatra.
O esqueleto humano começa a perder massa óssea com mais rapidez após os 40 anos de idade. A partir dos 60, a perda de densidade mineral óssea (DMO) e de massa muscular chega a ser de 1% ao ano. E a situação é ainda pior nos idosos que levaram ou levam uma vida sedentária.
“Manter a nossa reserva muscular e se manter sempre ativo é muito importante. Ter uma dieta com boa ingestão de proteínas também. Isso vai prevenir e ajudar a controlar esses quadros”, recomenda a dra. Karoline.
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3 – Queda na imunidade
Outro fator de preocupação em pessoas com mais de 70 anos é o declínio na imunidade. Entre 2015 e 2017, oito em cada dez mortes por pneumonia no Brasil foram de idosos, segundo dados do Ministério da Saúde. De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) no Brasil, nos últimos dez anos, pessoas acima dos 80 foram as que apresentaram o maior aumento na taxa de mortalidade por Influenza, o vírus da gripe.
“O idoso tem a imunosenescência, isto é, o envelhecimento do sistema imune. Ele apresenta uma reserva um pouco menor de imunidade. Se ele tem contato com um quadro infeccioso ou com alguma situação de estresse físico, a resposta é mais fraca”, explica a especialista.
Para contornar esse problema, as dicas já são conhecidas:
4 – Isolamento social
Um reflexo de todas as questões que comentamos acima é o isolamento social. Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com quase 8 mil participantes de 50 anos ou mais questionou com que frequência os entrevistados se sentiam sozinhos ou solitários. Mais de 16% responderam sempre se sentirem sozinhos e 31,7% afirmaram sempre sentirem solidão. Entre eles, o risco de depressão era quatro vezes maior.
“Existe uma questão social. A gente não coloca o idoso como protagonista. A gente coloca o idoso no cantinho e ele não tem a mesma participação na família que tinha antes. Às vezes, os filhos começam a super protegê-lo e não deixam que ele tenha autonomia”, relata a dra. Karoline.
Tudo isso somado às doenças incapacitantes e a perda de amigos, companheiros e familiares deixam os idosos cada vez mais isolados. Como consequência, há um risco maior de quadros de depressão, ansiedade e demências. Isso porque, a partir do momento que a pessoa fica isolada, ela deixa de estimular certas áreas do cérebro.
Nesses casos, a especialista dá dicas:
- Aproxime-se da família;
- Resgate atividades que gosta de fazer;
- Participe de grupos de convivência;
- Pratique atividades físicas.
5 – Resistência ao tratamento
O problema é que muitas das pessoas com mais de 70 anos se recusam a colocar tais recomendações em prática, assim como buscar tratamento para as suas queixas.
De acordo com a dra. Karoline, isso tem mais a ver com o receio de demonstrar vulnerabilidade e aceitar o processo de envelhecimento, muito por não querer perder a própria independência.
“É aí que entra o geriatra. A gente tem um olhar muito focado nas doenças que são comuns ao envelhecimento. A gente pergunta de queda, de incontinência, de humor, de alimentação, de visão. Temos um olhar diferenciado para identificar as incapacidades do idoso ou coisas que ele precisa trabalhar para que [as incapacidades] não evoluam, a fim de que esse paciente mantenha a autonomia e a qualidade de vida pelo maior tempo possível”, destaca.
Conteúdo produzido em parceria com a marca Tena Brasil, marca líder mundial em produtos para incontinência urinária.
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