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É isso que acontece no seu organismo quando você come muito tarde

Saiba quais são os riscos de deixar para jantar muito tarde.

Entenda quais são os efeitos no seu corpo quando você come muito tarde e quais são os melhores alimentos para essa refeição.

Publicado em 17/05/2024
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Revisado em 14/06/2024

Saiba quais são os riscos de fazer a última refeição perto da hora de ir dormir.

 

Os homens da caverna acordavam com a luz do dia, saíam para caçar, comiam e, assim que o sol se punha, estavam de volta ao abrigo prontos para dormir. Hoje, a rotina dos seres humanos é completamente diferente, mas o nosso relógio biológico segue “configurado” para os horários de antigamente.

Por volta das seis da tarde, a maioria das pessoas ainda está saindo do trabalho, provavelmente a algumas horas de distância da última refeição do dia. O jantar, portanto, acaba acontecendo pouco antes de dormir — e isso tem consequências diretas para a saúde.

 

O que acontece quando você janta muito tarde

“Desrespeitar o nosso ciclo circadiano interfere com o metabolismo e as reações metabólicas do organismo”, explica o dr. Harley Pandolfi, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina da Obesidade (SBEMO). O ciclo circadiano é o ritmo em que o corpo realiza as suas tarefas ao longo do dia.

 

Maior risco de diabetes e doenças associadas

O principal impacto tem a ver com a produção de insulina. A insulina é o hormônio produzido pelo pâncreas responsável por controlar a quantidade de glicose (açúcar) no sangue. Ela funciona como uma chave, que abre as “portas” das células para que a glicose seja absorvida após a alimentação.

Acontece que, durante o período noturno, o pâncreas funciona em um ritmo bem mais lento. Portanto, produz menos insulina, a qual se torna insuficiente para controlar a glicose ingerida em uma refeição tarde da noite, principalmente se ela for muito calórica.

Além do desenvolvimento do diabetes, doença que surge quando a insulina é insuficiente ou incapaz de se comunicar com as células, a pessoa pode ter outras complicações, como obesidade, hipertensão problemas cardiovasculares e várias doenças relacionadas.

 

Fome no dia seguinte e ganho de peso

Outra questão é que a elevada produção de grelina e a diminuição de leptina, dois hormônios responsáveis pelo controle do apetite, podem levar a uma sensação aumentada de fome, que tende a perdurar até o dia seguinte.

“Quando há esse pico de glicemia noturna e o pâncreas não corresponde com a produção adequada e suficiente de insulina, com certeza, no dia seguinte, vem esse efeito de ter mais fome. Isso vai virar um ciclo repetitivo que propicia ganho de peso e até obesidade. Altera todo o nosso metabolismo, além do funcionamento do processo digestivo e do sistema hormonal como um todo”, alerta o dr. Harley.

 

Piora do refluxo

Para quem tem a doença do refluxo gastroesofágico, a conta chega logo. O refluxo é o retorno de alimentos do estômago para o esôfago, causando, a níveis patológicos, azia, tosse e dor no peito. Comer antes de ir dormir é um dos fatores que pioram a condição, já que o estômago fica mais cheio.

“Uma das orientações que nós damos para o tratamento da doença do refluxo gastroesofágico não é, simplesmente, fazer uma cirurgia ou tomar medicamentos para diminuir a acidez do estômago. É também a mudança comportamental de não comer muito à noite e não deitar após a refeição”, afirma o especialista.

 

Dificuldade para dormir

O próprio refluxo pode interferir na qualidade do sono. Além disso, depois de uma refeição, o corpo começa a queimar calorias para produção de calor. Se ele precisar fazer isso no momento do descanso, é possível que a pessoa tenha dificuldade para pegar no sono ou mantê-lo durante a noite. Ela também pode conseguir dormir, mas acordar com aquela sensação de cansaço ou indisposição.

“É uma questão de equilíbrio energético. Durante o dia, a gente ingere a energia que vamos queimar trabalhando ou fazendo as nossas atividades. No período noturno, você ingere e não gasta. Isso vai prejudicar a qualidade do sono e vai se acumular em forma de gordura corporal”, ressalta o dr. Harley.

 

Qual é o melhor horário para jantar?

Considerando tudo isso, a orientação é que se observe um período de, pelo menos, quatro horas entre a última refeição e a hora de ir dormir. A ideia é dar tempo suficiente para que ocorra o esvaziamento gástrico, ou seja, a passagem dos alimentos do estômago para o intestino.

No entanto, considerando a correria da rotina moderna e, ainda, os diferentes turnos de trabalho, não é todo mundo que consegue jantar cedo. Nesses casos, o gastroenterologista recomenda tomar cuidado com a quantidade e a qualidade das refeições:

“No inverno, uma sopa de legumes com frango desfiado, por exemplo, é excelente. Tem legumes e fibras que vão ajudar na digestão. Tem proteína também, o que vai gerar saciedade e impedir que você belisque alguma coisa bem na hora de deitar. No calor, entram as saladas, o peito de frango grelhado, a tilápia, um ovo”, sugere.

Ou seja, se você não puder escolher a hora da sua última refeição, ao menos escolha alimentos menos calóricos, que ofereçam saciedade e ajudem no processo de esvaziamento gástrico.

No vídeo a seguir, o dr. Drauzio Varella fala mais sobre as consequências de jantar tarde e quais são os melhores alimentos para comer no jantar:

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