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Saúde pública

Conheça o Implanon, contraceptivo de longa duração que será disponibilizado pelo SUS ainda este ano

Publicado em 04/07/2025
Revisado em 04/07/2025

Até então, o implante era oferecido gratuitamente apenas no estado de São Paulo e em serviços privados, com preços que variam entre R$ 2 mil e R$ 4 mil.

Até o fim deste ano, mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país contarão com mais uma opção para prevenir gestações não planejadas. Nesta quinta-feira (03/07), o Ministério da Saúde anunciou a incorporação nacional do Implanon, um implante subdérmico contraceptivo que libera o hormônio etonogestrel.

O método é considerado mais eficaz, seguro e vantajoso que os já disponíveis, principalmente por sua longa duração: o dispositivo age no organismo por até três anos. 

“Esse implante é muito mais eficaz que outros métodos para prevenir a gravidez não planejada. Essa decisão foi da Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias], a pedido do Ministério da Saúde, e agora vamos orientar as equipes, fazer a compra e orientar as Unidades Básicas de Saúde de todo o Brasil para já no segundo semestre deste ano começar a utilizar no SUS”, explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em nota. O anúncio também foi publicado em sua página no Instagram

Antes disponível apenas na rede privada, com custo de até R$ 4 mil, o Implanon será distribuído gratuitamente para cerca de 500 mil mulheres em uma primeira etapa. A previsão do Ministério é alcançar a marca de 1,8 milhão de implantes distribuídos até 2026.

“Essa decisão chega como uma política pública para transformar vidas. É mais um método e representa um avanço nas ações de fortalecimento do planejamento sexual e reprodutivo no país, que deve ser ofertado a todas as pessoas pelo SUS”, destacou, também em nota liberada para a imprensa, a secretária de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Ana Luiza Caldas.

Além da prevenção da gravidez não planejada, o acesso a métodos contraceptivos também contribui para a redução da mortalidade materna. O governo federal tem como meta reduzir a mortalidade materna geral em 25% e, entre mulheres negras, em 50% até 2027.

        Veja também: DIU e implante subdérmico são boas opções para adolescentes

O que é o Implanon? 

O Implanon é uma pequena haste inserida sob a pele da parte interna do braço, que libera lentamente o hormônio etonogestrel. Essa liberação contínua impede a ovulação e oferece proteção contra a gravidez por até três anos, sem necessidade de substituição durante esse período. Em cerca de oito horas após a aplicação, os níveis hormonais já são suficientes para inibir a ovulação.

Após esse tempo, o implante deve ser removido e, caso a mulher deseje continuar utilizando o método, um novo pode ser inserido na mesma ocasião, também pelo SUS. A fertilidade retorna normalmente após a remoção.

Com uma taxa de falha de apenas 0,5 a cada mil usuárias, o Implanon é mais eficaz que a vasectomia (1 a 1,5 falhas por mil) e o DIU hormonal (2 falhas por mil), segundo dados do Ministério da Saúde.

Contraindicações do Implanon 

De acordo com a bula, o Implanon não deve ser utilizado por mulheres com:

  • Trombose;
  • Doença hepática grave;
  • Tumores hepáticos (atuais ou antecedentes, benignos ou malignos);
  • Presença ou suspeita de câncer sensível a esteroides sexuais;
  • Alergia a qualquer componente da fórmula;
  • Gravidez confirmada ou suspeita (é necessário fazer um teste antes da inserção).

Há também situações que exigem avaliação médica antes do uso:

  • Lúpus eritematoso sistêmico com FAN positivo: pode haver influência hormonal sobre a doença;
  • Histórico de câncer de mama (sem evidência de doença ativa nos últimos cinco anos): risco deve ser avaliado;
  • Sangramento vaginal inexplicado: é necessário investigar a causa;
  • Distúrbios tromboembólicos venosos ativos: risco aumentado de complicações;

Outras considerações: 

  • O implante pode ser utilizado por mulheres que estão amamentando, geralmente a partir da sexta semana após o parto;
  • Entre os possíveis efeitos colaterais estão: alterações no ciclo menstrual, dores de cabeça, variações de humor e ganho de peso;
  • Medicamentos como anticonvulsivantes e antibióticos usados no tratamento da tuberculose podem reduzir a eficácia do Implanon.

O médico deve ser consultado antes, durante e depois da implantação. 

Prazos para implementação no SUS

Nos próximos dias, o Ministério da Saúde deve publicar a portaria que oficializa a incorporação do contraceptivo no SUS. A partir daí, haverá um prazo de até 180 dias para que as áreas técnicas concluam etapas como:

  • Atualização de diretrizes clínicas;
  • Compra e distribuição dos insumos;
  • Capacitação e habilitação de profissionais;
  • Organização dos serviços para aplicação do implante.

A inserção e retirada do Implanon devem ser feitas por médicos(as) ou enfermeiros(as) habilitados(as), com treinamentos específicos. O investimento previsto para o projeto é de cerca de R$ 245 milhões.

A Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps) será responsável por coordenar a implementação em nível nacional. A expectativa é que os serviços que já atuam com planejamento sexual e reprodutivo iniciem a capacitação de novas equipes nos próximos meses.

        Veja também: 10 mitos sobre a concepção

Outros métodos contraceptivos disponíveis no SUS

Atualmente, o SUS oferece preservativos externo e interno; DIU de cobre; anticoncepcional oral combinado; pílula oral de progestagênio; injetáveis hormonais mensal e trimestral; laqueadura tubária bilateral e vasectomia. 

É importante lembrar que entre esses, apenas os preservativos oferecem proteção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

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