Quando a preguiça pode ser sinal de depressão?

Sentir preguiça é algo normal na vida de toda pessoa. Mas quando a falta de vontade de fazer qualquer coisa é frequente e impacta as atividades diárias, é preciso atenção.

Compartilhar

Publicado em: 15 de janeiro de 2024

Revisado em: 11 de janeiro de 2024

Sentir preguiça é algo normal na vida de toda pessoa. Mas quando a falta de vontade de fazer qualquer coisa é frequente e impacta as atividades diárias, é preciso atenção.

 

Quem não sente uma preguicinha de vez em quando? Aquela vontade de não fazer nada, matar um tempo deitado em frente à televisão ou mexendo no celular, é algo corriqueiro e normal na vida de qualquer pessoa. Contudo, quando essa falta de energia é persistente, de modo que chega a interferir no dia a dia e nas atividades cotidianas, pode ser sinal de algo mais sério, como um quadro depressivo. 

A neuropsicóloga Tammy Marchiori explica que a preguiça ocasional é algo comum na experiência humana. “Todos nós temos dias em que sentimos uma falta temporária de motivação ou energia, geralmente devido a fatores como cansaço, estresse ou simples necessidade de descanso. Essa sensação geralmente se resolve com um bom descanso ou mudando a rotina. Por outro lado, quando falamos de depressão, a preguiça é mais do que apenas um sentimento de não querer fazer nada. Ela se manifesta como uma falta persistente de energia, um desinteresse profundo em atividades diárias e um sentimento constante de cansaço que não melhora mesmo após descanso ou relaxamento”, explica. 

 

Como diferenciar uma coisa da outra 

Segundo Tammy, a chave para diferenciar a preguiça “normal” da preguiça como um sinal de depressão está na duração e na intensidade. “Se a falta de motivação e energia persiste por mais de duas semanas e começa a interferir significativamente nas atividades diárias, relacionamentos e no desempenho profissional ou acadêmico, isso pode indicar a presença de depressão.”

A psiquiatra Jéssica Martani explica que, além do tempo de duração, é importante se atentar ao sentimento associado a essa preguiça. “O que diferencia a preguiça comum da ‘preguiça’ de um estado depressivo é justamente o tempo de duração e o sentimento que temos em relação a elas. Muitas vezes, a preguiça comum vem acompanhada de um sentimento de prazer e descanso. Já na depressão [existe] a dificuldade de realizar as tarefas desde as difíceis até as prazerosas, a pessoa não consegue sair de um estado improdutivo e isso ocasiona em prejuízo em sua vida pessoal e ocupacional”, esclarece.

“Em termos práticos, se você notar que está consistentemente lutando para realizar tarefas simples, perdendo o interesse em atividades que antes lhe davam prazer, ou se sentindo sem energia a maior parte do tempo, isso pode ser um sinal de um problema de saúde mental, como depressão ou ansiedade. É importante lembrar que esses sintomas, quando isolados e de curta duração, podem não indicar um problema sério. No entanto, a persistência é um indicador chave. A saúde mental é complexa e multifacetada, e o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Por isso, se alguém se encontra nessa situação, o ideal é buscar a orientação de um profissional de saúde mental”, recomenda Tammy.

Além disso, é preciso atentar à presença de outros sintomas importantes de depressão, que incluem sentimentos persistentes de tristeza ou desesperança, alterações no apetite ou no sono, irritabilidade, dificuldade de concentração, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e, em casos mais graves, pensamentos recorrentes sobre morte ou suicídio.

“É importante reconhecer que a depressão vai além de um simples estado de tristeza ou desânimo, afetando profundamente a qualidade de vida e o funcionamento diário”, completa a neuropsicóloga.

        Veja também: É possível tratar depressão sem remédios?

 

Por que é importante buscar tratamento

O tratamento da depressão pode incluir psicoterapia, uso de medicamentos e mudanças no estilo de vida. Sem as intervenções necessárias para tratar a doença, os impactos negativos podem ser enormes.

“A depressão é uma doença que afeta não apenas o estado emocional, mas também o funcionamento cognitivo, social e físico de uma pessoa. Quando não tratada, ela pode levar a uma piora importante da qualidade de vida”, destaca a neuropsicóloga. 

De acordo com a dra. Jéssica, as consequências podem ser devastadoras já que a pessoa com depressão começa a sentir que a vida não tem sentido, tem dificuldade de sentir prazer e prejuízos nos âmbitos social e profissional. Além disso, os sintomas podem também aumentar o risco de uso abusivo de drogas. 

“A depressão é uma das maiores causas de queda de qualidade de vida, ela é silenciosa e vai destruindo aos poucos. Pacientes com depressão levam em média três anos para buscar ajuda, muitos demoram por falta de consciência da doença e medo do julgamento. A depressão é silenciosa e infelizmente pode levar a desfechos catastróficos. Por ser uma doença neuroquímica, é muito importante a busca por profissionais capacitados”, afirma a psiquiatra.

 

Informações para quem precisa de ajuda

O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio de forma gratuita. Se você precisa de ajuda e quer conversar, entre em contato pelo número 188 (disponível 24 horas por dia), pelo e-mail apoioemocional@cvv.org.br ou pelo site https://www.cvv.org.br/. Não hesite em pedir ajuda, buscar atendimento médico e psicológico ou um grupo de apoio.

        Veja também: Como conseguir atendimento psicológico gratuito

Veja mais

Sair da versão mobile