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Proctologia

Escala de Bristol: o que a cor e a consistência das fezes podem dizer sobre a sua saúde

close em pernas de mulher sentada no vaso sanitário com calça baixada. escala de bristol ajuda na avaliação do funcionamento dos intestinos
Publicado em 07/09/2022
Revisado em 18/12/2022

Tanto a forma e a cor das fezes como a frequência das evacuações oferecem pistas sobre nossa saúde. Conheça a escala de Bristol.

 

As fezes dizem muito sobre a nossa saúde, embora o tema seja um tabu. Em várias ocasiões, os médicos nos perguntam sobre a consistência e a forma das fezes, e nem sempre sabemos responder, embora existam maneiras de identificá-las. Através da escala de Bristol, por exemplo, é possível diagnosticar problemas hepáticos, pancreáticos, autoimunes e de alimentação. 

Mas como é feita essa classificação? E o que as fezes podem apontar sobre nosso organismo? 

 

Origem da escala de Bristol

A escala de Bristol foi desenvolvida pelos pesquisadores Stephen Lewis e Ken Heaton, da Universidade de Bristol, na Inglaterra, e publicada no “Scandinavian Journal of Gastroenterology”, em 1997. É uma tabela predominantemente gráfica que serve para classificar a forma dos resíduos em sete grupos e apontar se o funcionamento do intestino pode ser considerado normal ou anormal.

“A escala de Bristol permite que o paciente descreva com facilidade, através das imagens, como suas fezes se encontram naquele período. Com isso conseguimos ter um auxílio no diagnóstico de doenças como colite, constipação, incontinência anal, diarreia infecciosa, síndrome do intestino irritável etc”, explica a coloproctologista Marcella Sousa, integrante do Grupo Procto Brasil. Segundo a médica, as fezes atuam como mensageiros, com avisos importantes através do formato, da cor ou da regularidade da evacuação. Um sinal de alerta que pode dizer: procure um médico. 

        Veja também: Quantos dias posso ficar sem ir ao banheiro?

 

Classificação

Na escala de Bristol, as fezes são divididas em 7 grupos de acordo com seu formato e consistência.

Tanto a forma e a cor das fezes como a frequência das evacuações oferecem pistas sobre nossa saúde. Conheça a escala de Bristol.

Em relação aos tipos, a dra. Marcella explica que os 3, 4 e 5 são considerados normais. Já os tipos 1 e 2 podem indicar constipação; e o 6 e o 7 se associam a doenças que evoluem com diarreia

“A consistência, o formato, a coloração e o odor podem falar muito sobre sua saúde intestinal. Dores abdominais, estufamento frequente, excesso de gases e sangramentos também são características que podem indicar algum problema”, esclarece.

Essa mesma observação é compartilhada pela proctologista Maria Eduarda Trevisan, que reafirma a importância do funcionamento de um intestino saudável: “Devemos evacuar pelo menos três vezes na semana, com fezes macias e pastosas, bem formadas (as categorias 3 e 4 da escala de Bristol), sem presença de sangue ou muco e que não cause dor ou necessite de esforço na evacuação”, explica. Mesmo com essa regularidade e com o intestino funcionando de maneira adequada, pessoas a partir dos 45 anos e sem histórico familiar de câncer colorretal (de acordo com as sociedades americana e europeia do câncer; no Brasil, o exame é indicado a partir dos 50 anos) precisam realizar exames para prevenção do câncer colorretal.

        Veja também: Funcionamento dos intestinos | Entrevista

 

A importância da alimentação

Para o bom funcionamento do intestino, a alimentação tem um papel primordial. É o que explica a dra. Maria Eduarda. “Para o intestino funcionar adequadamente é preciso um conjunto de hábitos que incluem uma boa ingestão de fibras e de água e a prática de atividades físicas”, indica.

A recomendação, segundo a proctologista, é consumir de 25 a 35 gramas de fibras por dia. Em geral, elas estão em maior quantidade em verduras, legumes e sementes, como linhaça, chia e aveia”, ressalta.

Ingerir bastante água também é indicado. “Beber em torno de 35 ml de água para cada quilo corporal. Ou seja, um adulto de 60 kg deve beber, em média, 2 litros de água diariamente”, exemplifica a médica.

E, por fim, a prática de atividade física também é um fator relevante quando se fala da saúde intestinal: “Principalmente a aeróbica. Deve-se encaixar na nossa rotina, no mínimo 3 vezes na semana, por pelo menos 30 minutos”.

Sobre a alimentação, vale uma dica: deve-se notar que certos alimentos podem influenciar a cor das fezes sem que isso indique alguma alteração importante. Espinafre gera fezes verde-escuro; chouriço ocasiona excrementos pretos; beterraba deixa os resíduos avermelhados; e a cenoura pode dar um tom alaranjado às fezes. Sem esses alimentos, a cor normal varia do castanho ao castanho-claro. 

Mesmo que seja possível identificar problemas de saúde ou deficiências alimentares através da cor e textura das fezes, é sempre aconselhável consultar seu médico e realizar exames antes de tomar medicamentos ou fazer mudanças drásticas na dieta.

 

Sobre a autora: Angélica Weise é jornalista e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por assuntos relacionados à saúde mental, atividade física e saúde da mulher e criança.

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