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Otorrinolaringologia

Parosmia: a condição que faz tudo cheirar mal depois da covid

A parosmia transforma odores já conhecidos em cheiros insuportáveis. Saiba o que pode causar essa disfunção no olfato.
Publicado em 15/05/2025
Revisado em 15/05/2025

A parosmia transforma odores já conhecidos em cheiros insuportáveis. Saiba o que pode causar essa disfunção no olfato.

Imagine alguém passando um café quentinho. Em vez do aroma agradável da bebida, o que você sente é cheiro de terra, produto de limpeza ou até mesmo de algo podre. Esse é um dos sintomas de quem sofre de parosmia, uma disfunção olfatória que distorce a percepção dos odores.

O que é a parosmia?

“A parosmia, também conhecida como disosmia, é a distorção da sensação olfativa na presença de um odorante. Ou seja, é uma percepção inadequada ou desagradável diante de certos cheiros”, explica a dra. Roberta Pilla, médica otorrinolaringologista membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).

Ela não se resume somente ou especificamente ao café, mas pode interferir em como a pessoa sente o cheiro de perfumes, chocolates, carnes, queijos, água corrente, entre outros cheiros que são percebidos de forma individual, variando de pessoa para pessoa.

“O olfato está diretamente ligado ao prazer, à memória e também a sinais de alerta — como uma comida queimando no fogão ou o cheiro de algo pegando fogo. Quando o olfato está prejudicado ou alterado, isso pode repercutir bastante na vida da pessoa. Em alguns casos, pode levar a distúrbios emocionais, como depressão”, detalha a especialista.

Nesses casos, o próprio paladar fica comprometido, já que o olfato é uma ferramenta importante na degustação dos alimentos. Uma pessoa que antes apreciava vinhos, por exemplo, pode deixar de sentir os sabores adequadamente devido à parosmia.

Causas da parosmia

Existem diversas causas que levam ao quadro de parosmia. Entre elas, estão a rinite, a rinossinusite e as infecções provocadas por vírus, como influenza, adenovírus, herpes e, especialmente, o Sars-Cov-2 (vírus da família dos coronavírus). 

Segundo a dra. Roberta, a covid-19 fez o número de casos de parosmia aumentar. É que o vírus causador da doença afeta diretamente o epitélio olfatório, estrutura do nariz onde ficam as células responsáveis por detectar os cheiros.

Outras causas incluem traumas; doenças neurológicas, como Parkinson e Alzheimer; uso de certas medicações; exposição a substâncias tóxicas, como formaldeído ou benzeno; tumores; doenças sistêmicas, como diabetes; deficiências vitamínicas; alterações na tireoide e até o envelhecimento.

Existe tratamento?

O diagnóstico é feito através de uma avaliação otorrinolaringológica e exames específicos, como a laringoscopia e alguns testes de olfato. Dependendo do caso, podem ser necessários exames de imagem e laboratoriais.

Depois de confirmado o quadro de parosmia, o tratamento deve começar o quanto antes. Ele é focado na doença de base: por exemplo, a rinite ou a sinusite. Quando a queixa só surge depois da infecção, não tem causa conhecida ou está relacionada a um problema neurológico, as opções terapêuticas abrangem a ingestão de vitaminas, o uso de sprays no nariz e a realização de lavagens nasais.  

“O principal tratamento indicado é o treinamento olfatório. Existem kits prontos e também métodos caseiros, orientados por profissionais. Utiliza-se frascos com odores específicos que o paciente deve cheirar por determinados períodos e em uma sequência específica — por exemplo, duas vezes ao dia, com trocas a cada três meses. Isso ajuda bastante nas perdas olfativas pós-infecciosas, traumáticas ou idiopáticas, e até mesmo em casos associados a doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer”, destaca a otorrinolaringologista.

Veja também: Distúrbios que afetam o olfato: quais são, sintomas e causas

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