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Infertilidade secundária: por que alguns casais não conseguem ter outros filhos?

Depois de um ou mais filhos, alguns casais têm dificuldade em engravidar novamente. Conheça a infertilidade secundária.
Publicado em 05/12/2023
Revisado em 05/12/2023

Depois de um ou mais filhos, alguns casais têm dificuldade em engravidar novamente. Conheça a infertilidade secundária.

 

Mesmo que um casal consiga ter um ou mais filhos, isso não significa que ele não poderá enfrentar problemas de fertilidade em uma próxima tentativa. A infertilidade secundária é uma condição associada a doenças, idade, hábitos de vida e, principalmente, a um pré-natal inadequado em gestações anteriores. Pode atingir a mulher, o homem ou ambos.

 

Causas de infertilidade secundária na mulher

“Como foi a qualidade da assistência que essas mulheres tiveram tanto no pré-natal quanto no parto? Por exemplo, um processo inflamatório durante a gravidez ou após o parto que leva à obstrução das trompas [tubas uterinas] é uma consequência importantíssima. Se as trompas ficam fechadas, a mulher não vai conseguir engravidar. Se elas não fecharam completamente, mas ficaram aderidas, isso pode provocar grande dificuldade”, exemplifica a dra. Maria do Carmo Borges de Souza, ginecologista com área de atuação em reprodução humana e ex-presidente da Red Latinoamericana de Reproducción Asistida (Redlara).

Existem ainda outros motivos, como as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A gonorreia e a clamídia são duas ISTs que, quando não tratadas, podem prejudicar a passagem dos espermatozoides até o óvulo. Mesmo se a gravidez acontecer, pode haver complicações e aumentar o risco de abortamento espontâneo. 

Além disso, as mulheres estão sujeitas a alterações menstruais e ovarianas. A endometriose e a síndrome dos ovários policísticos, por exemplo, são doenças que dificultam ou diminuem muito o número de períodos ovulatórios da mulher, dificultando uma nova gravidez.

A idade é outro fator importante. Toda mulher nasce com uma quantidade específica de óvulos que envelhecem junto com ela. Por isso, quanto mais tarde ela optar por ter filhos, maiores serão as dificuldades na hora de engravidar. 

“Hábitos de vida ruins, como sedentarismo, má alimentação, ingestão de bebidas alcoólicas, uso de drogas lícitas e ilícitas, entre outros, também têm um efeito sobre a fertilidade a longo prazo”, ressalta a ginecologista.

 

Causas de infertilidade secundária no homem

O alerta se estende aos homens. Os esteroides e anabolizantes, muito utilizados pela população masculina, também podem provocar infertilidade. Quando aplicados indiscriminadamente, em geral com o objetivo de aumentar a massa muscular, a ação da testosterona tende a desequilibrar a função reprodutiva natural.

A clamídia e a gonorreia, assim como outras infecções sexualmente transmissíveis, também são causas de infertilidade secundária nos homens. Neles, as infecções danificam as estruturas em que os espermatozoides ficam abrigados e podem interferir na produção e na qualidade dessas células.

A idade do homem não é um fator tão determinante quanto a da mulher, mas também influencia.

“Enquanto o óvulo tem a idade da mulher, o homem faz a espermatogênese [formação dos espermatozoides] a cada 85 dias. Só que, pelo fato dessas multiplicações celulares serem muito mais intensas ao longo da vida, isso favorece com que algumas alterações possam ocorrer”, destaca a dra. Maria do Carmo. A varicocele, por exemplo, é uma das causas dessas alterações.

Veja também: Uso de testosterona para ganho de massa muscular: quais são os riscos?

 

Prevenção e acompanhamento pré-natal

De acordo com a especialista, a dica para evitar problemas de fertilidade é manter um estilo de vida saudável. Para isso, é preciso:

  • Alimentar-se de forma balanceada;
  • Evitar a ingestão exagerada de álcool;
  • Não fumar;
  • Não se automedicar indiscriminadamente;
  • Manter uma boa rotina de sono; e
  • Praticar atividades físicas com regularidade.

Para as gestantes, o pré-natal é de extrema importância. “Ele acompanha a mulher durante os nove meses: o ganho de peso que ela está tendo, se a glicose está indo bem, se ela sofre algum risco, como diabetes gestacional ou hipertensão. São situações que, se forem devidamente avaliadas e conduzidas, não vão gerar sequela nenhuma nem para o bebê nem para a mulher depois”, ressalta a especialista.

 

Quando buscar ajuda?

Agora, se a mulher já tiver tido algum problema durante as gestações anteriores ou durante o parto e estiver desejando engravidar novamente, a recomendação é buscar a ajuda de um especialista de imediato.

Se não houver histórico, depende do tempo que o casal estiver tentando e da idade da mulher. 

“Quando a mulher tem menos de 35 anos, ela pode esperar até um ano. Se ela tem até 38 anos, seis meses. Se ela tem acima de 38, o melhor é conversar com o ginecologista e ver se existe algum impedimento”, orienta a especialista.

O diagnóstico frequentemente envolve a histerossalpingografia nas mulheres, que é o exame do útero e das tubas uterinas; e o espermograma nos homens, exame que avalia a quantidade e qualidade dos espermatozoides.

Veja também: Como funciona o congelamento de óvulos

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