Veja os tipos de TPM mais comuns e o que fazer para amenizar os sintomas.
Ansiedade, irritabilidade, depressão, dor nas mamas, inchaço, desconforto gastrointestinal… E a lista continua com mais de 150 sintomas. Já sabe do que estamos falando? É a tensão pré-menstrual, popularmente conhecida como TPM.
A TPM atinge pelo menos 75% das mulheres e é mais frequente entre os 30 e 40 anos de idade. Para quem sofre com ela todos os meses, entender melhor as mudanças que ocorrem nesse período é uma forma de amenizar os sintomas. Para isso, existem vários tipos de TPM que buscam catalogar os sinais e facilitar a sua compreensão.
O que é a TPM e quais são as suas causas?
“A TPM é uma série de sintomas que se iniciam de 15 a dez dias antes do início do período menstrual e que terminam obrigatoriamente quando a menstruação acaba”, explica o dr. Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa de São Paulo e membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Quanto às causas, ainda há incertezas. A principal teoria é a de que a TPM estaria relacionada à variação da produção hormonal no organismo da mulher, principalmente do estrogênio e da progesterona, hormônios que interferem no funcionamento dos neurotransmissores.
“Um dos neurotransmissores mais relacionados ao humor é a serotonina. Então, quando os níveis de serotonina caem, os sintomas passam a ser mais frequentes”, diz o especialista.
Tipos de TPM
Para tentar agrupar de forma mais didática as várias manifestações da TPM, existem algumas classificações principais. Estes são os tipos de TPM:
TPM A
Marcada pela sensação de ansiedade, o tipo A acontece por causa da queda do estrogênio, que, entre suas várias funções, regula o estado emocional. “Há ainda uma maior liberação de adrenalina e cortisol, neurotransmissores que aumentam os níveis de estresse”, acrescenta o dr. Carlos.
Os principais sintomas do tipo A são:
- Angústia;
- Tensão;
- Alterações no sono (insônia ou sono em excesso);
- Dores musculares;
- Fadiga;
- Irritabilidade;
- Alterações no humor;
- Desatenção.
Nesses casos, a dica é praticar atividades físicas que conciliam o trabalho do corpo e da mente, como yoga, meditação e exercícios de respiração.
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TPM C
O tipo C recebe esse nome por causa da palavra em inglês “craving”, que quer dizer desejo, e tem a ver com a compulsão alimentar. Ocorre quando a mulher sente muita vontade de comer doces. Esses alimentos ativam o sistema de ganho e recompensa do cérebro e acabam sendo interpretados como uma forma de combater o incômodo.
Outros sintomas da TPM do tipo C são:
- Compulsão por comidas gordurosas/calóricas;
- Descontrole alimentar em um curto período de tempo;
- Sentimento de culpa, arrependimento ou vergonha depois de comer.
Para combater a compulsão, o recomendado é praticar atividades aeróbicas moderadas, como andar de bicicleta ou fazer uma caminhada. Elas aumentam a liberação de endorfina e dopamina, proporcionando relaxamento, e ainda ajudam na estabilização das taxas de glicemia.
TPM D
Já o tipo D está associado à depressão. Quando os níveis de serotonina diminuem, o humor, o sono, o apetite, a frequência cardíaca e vários outros fatores também são afetados.
Os sintomas de alerta são:
- Variação frequente do humor;
- Desinteresse por atividades do dia a dia;
- Dificuldade de concentração;
- Alterações no sono (insônia ou sono em excesso);
- Tristeza sem causa aparente;
- Fraqueza generalizada;
- Dores no corpo.
Na TPM tipo D, é indicado praticar atividades que proporcionem prazer. Além disso, é importante investir na ingestão de vitamina B6, que ajuda na síntese de serotonina. Ela pode ser encontrada em ovos, banana, cereais integrais, feijão branco, soja, entre outros alimentos.
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TPM H
O tipo H está relacionado à hidratação, ou seja, é caracterizada pela retenção de líquido. Isso se dá pela maior produção de progesterona, que aumenta o volume de líquido do sangue e dá a sensação de inchaço.
Outras queixas podem ser:
- Ganho de peso;
- Sensibilidade e inchaço nas mamas;
- Inchaço nas extremidades do corpo, como mãos e pés.
“Para esses casos, a gente orienta que a paciente faça restrições em relação ao sal, porque o sódio está relacionado à retenção hídrica. Outra alternativa é buscar alimentos que estimulam a diurese [secreção de urina], como o chuchu”, recomenda o dr. Carlos.
Frutas, verduras, legumes, grãos inteiros e proteínas magras também ajudam. Bebidas alcoólicas e gasosas e alimentos ultraprocessados devem ser evitados.
TPM O
“No entanto, é muito difícil a gente ter esses subtipos de TPM puros. Os sintomas podem variar mês a mês, misturando-se”, afirma o ginecologista. No tipo O, estão agrupados todos os outros sintomas que podem aparecer durante a tensão pré-menstrual:
- Alterações no funcionamento gastrointestinal;
- Aumento da frequência de urinar;
- Calores repentinos e sudorese fria;
- Dores generalizadas;
- Cólicas;
- Náuseas;
- Acne e pele oleosa;
- Reações alérgicas;
- Infecções do trato respiratório;
- Entre outros.
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Tratamento da TPM
O tratamento da TPM pode envolver tanto medidas comportamentais, como adotar uma dieta mais equilibrada, começar a praticar atividades físicas com regularidade e seguir bons hábitos de sono, quanto prescrições de medicamentos, como fluoxetina, paroxetina e sertralina.
“Outra coisa muito importante é o autoconhecimento. Normalmente, a gente pede para a paciente elaborar um diário durante três a quatro meses, onde ela vai anotando os sintomas e aprende a relacionar as mudanças quando está para menstruar. Nesse período, ela já entende que está em uma fase um pouco mais sensível e que vai precisar de um controle maior”, conta o dr. Carlos.
De forma geral, se a TPM for incapacitante ao ponto de interferir na rotina, é fundamental procurar a ajuda de um ginecologista.
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