Entre as principais opções de contraceptivos de longo prazo estão o dispositivo intra-uterino (DIU de cobre) e o sistema intrauterino, o SIU (também conhecido como DIU medicado ou DIU hormonal).
A pílula anticoncepcional transformou a vida da mulher ao proporcionar praticidade e autonomia, além de prevenir problemas de saúde como a endometriose. Entretanto, a disciplina requerida para tomar o medicamento muitas vezes não é seguida pelas mulheres. Resultado: gravidez indesejada, já que muitas utilizam o medicamento como único anticoncepcional. Segundo dados do estudo “Nascer no Brasil”, da Fundação Oswaldo Cruz, para 30% das grávidas brasileiras a gestação não foi planejada.
Uma forma de evitar esse problema por simples esquecimento são os métodos chamados de contraceptivos de longo prazo. Em setembro de 2014, a Academia Americana de Pediatria publicou uma nova diretriz, que endossa a recomendação do Colégio Americano de Ginecologia e amplia as orientações de uso desse tipo de anticoncepcional, inclusive para adolescentes. Entre as principais opções estão o dispositivo intra-uterino (DIU de cobre) e o sistema intrauterino, o SIU (também conhecido como DIU medicado ou DIU hormonal). Tais métodos podem proteger as pacientes por períodos de até dez anos.
O SIU ainda é pouco conhecido no Brasil. Segundo o ginecologista e obstetra José Bento, do hospital Israelita Albert Einstein, o dispositivo é colocado dentro do útero e tem o formato de um pequeno tubete.“Ele impede a passagem dos espermatozóides. Além disso, há liberação de progesterona, que atrofia o endométrio e deixa a camada do útero bem fininha, fazendo com que ela não sangre durante o mês”, explica.
Na maioria das vezes, não há contraindicação para o uso. “Normalmente, as restrições são relativas à anatomia do útero. Do ponto de vista hormonal, tem menos contraindicação que uma pílula convencional”, afirma Bento.
O procedimento é simples e rápido, executado por um ginecologista. No momento da colocação pode haver algum leve incômodo, como se fosse uma fisgada. Se for o caso, o médico pode recomendar que a paciente tome algum antiinflamatório ou antiespasmódico uma ou duas horas antes.
A diferença para o DIU é que esse é feito de cobre e não tem ação medicamentosa, enquanto o SIU libera o hormônio dentro do útero, o que ajuda na diminuição das cólicas e dos sintomas indesejados da menstruação. Infelizmente, o SIU não está disponível na rede pública de saúde, como o DIU de cobre o as pílulas anticoncepcionais.
De preferência, tanto o DIU quanto o SIU devem ser colocados no período menstrual. As razões são bastante simples. Primeira, porque garante que a mulher não está grávida; segunda, porque enquanto está sangrando o colo do útero fica mais amolecido. “A única observação é que especificamente o DIU faz com que as mulheres sangrem mais durante a menstruação, por isso não é indicado às pacientes com anemia severa”, ressalta o médico.
Mas o ginecologista alerta: “esse tipo de proteção não é eficaz contra doenças sexualmente transmissíveis. Nunca, em hipótese alguma, deixe a camisinha de lado”.