Mulheres têm mais dificuldade para largar o cigarro

Homens e mulheres fumam por motivos diferentes. Enquanto a maioria dos homens fuma por prazer, as mulheres fumam mais por motivos psicológicos, por isso têm mais dificuldade em abandonar o cigarro.

Close de mãos de mulher partindo um cigarro ao meio. mulheres têm mais dificuldade para largar o cigarro.

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Publicado em: 31 de maio de 2014

Revisado em: 22 de outubro de 2021

As mulheres têm mais dificuldade para largar o cigarro por causa de fatores hormonais, psicológicos e sociais.

 

As mulheres têm mais dificuldade em largar o cigarro do que os homens. Isso acontece, segundo o pneumologista Luiz Carlos Corrêa da Silva, coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia, em decorrência de fatores hormonais, psicológicos e sociais. Segundo a última pesquisa da Vigitel 2013, do Ministério da Saúde, o número de ex-fumantes no país é maior entre os homens (26,0%) do que entre as mulheres (18,6%).

 

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”A depressão é mais comum no sexo feminino, e a nicotina tem efeito antidepressivo, pois dá sensação de relaxamento, de bem-estar. Então, quando a mulher começa a tentar deixar o cigarro, ela pode passar por períodos de instabilidade gerados pela falta da substância no organismo. Portanto, ela tende a ter mais recaídas por causa da ansiedade. Tem também o vício psicológico,  porque ela pode ficar mais ansiosa e descontar na comida, o que leva ao aumento de peso. Entretanto, com orientação médica e atividade física é possível reverter esse quadro”, explica.

“Tem também a questão da autoafirmação, principalmente entre as mais jovens. Hoje em dia existe uma liberalidade maior, as mulheres fumam e bebem mais. Antigamente, elas fumavam escondidas. Isso ainda acontece, mas não é tão comum. Hoje, fumar é um ato mais social”, completa Silva.

Pesquisa recente feita pelo Centro de Referência e Tratamento do Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) de São Paulo constatou que apesar de elas serem maioria entre os que buscam tratamento para abandonar o vício, as mulheres  têm mais dificuldade do que os homens em manter-se abstêmias. O levantamento foi feito com 500 pacientes que buscaram ajuda médica no Cratod. Do total, 63% eram mulheres. Por outro lado, enquanto 47% dos pacientes do sexo masculino já haviam conseguido ficar longos períodos sem fumar (mais de um ano), entre elas, essa taxa recuou para 34%.

O Hospital A.C. Camargo de São Paulo também fez um estudo do gênero com 6 mil pacientes que buscaram apoio para abandonar o vício. Segundo o levantamento, as mulheres tendem a usar o cigarro para diminuir sintomas de ansiedade e depressão, ao contrário dos homens, que na grande maioria das vezes fumam por prazer. Com isso, na hora de deixar o vício, uma série de fatores psicológicos entra em jogo.

A questão hormonal, principalmente para aquelas que estão entrando na menopausa, também interfere. O cigarro antecipa a menopausa, e nesse período, ainda de acordo com o especialista, o organismo da mulher sofre algumas alterações, como ondas de calor, suores noturnos, autoestima baixa e depressão, fatores que facilitam o apelo ao vício. Com o fim do ciclo reprodutivo, o corpo deixa de produzir estrógeno, o hormônio sexual feminino. Como a substância protege ossos e artérias, sobretudo, a falta de estrógeno deixa a mulher mais suscetível a doenças do coração.

“Além da questão da menopausa, é de extrema importância alertar as mulheres, principalmente as mais jovens, sobre o uso de cigarros e anticoncepcional. O uso dessas duas substâncias aumenta em 30 vezes o risco de trombose venosa profunda, que afeta os membros inferiores, gerando trombos que podem se desprender, cair na corrente sanguínea e ir para os pulmões, para o cérebro e outras regiões, causando derrame, por exemplo”, alerta o pneumologista.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), uma das evidências dos malefícios do cigarro no corpo da mulher são os casos de câncer de pulmão. Na década de 1940, esse tipo de tumor maligno era incomum entre as brasileiras. Já no último balanço, divulgado este ano, está em terceiro lugar no ranking de incidência, só atrás do câncer de mama e do de colo de útero. Estudos já constataram que 95% dos cânceres de pulmão ocorrem em pacientes com histórico de tabagismo.

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