Em 2022, cerca de 5 milhões de casos de virose da mosca foram registrados no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
A “virose da mosca” é o nome popular dado às doenças diarreicas agudas (DDAs), um grupo de enfermidades causadoras de gastroenterites, que são inflamações no estômago e no intestino. Os principais sintomas provocados são diarreia, febre, dor abdominal, vômitos, desidratação e, em alguns casos, sangue ou muco nas fezes.
A doença é causada por vírus, bactérias e protozoários presentes na água e nos alimentos contaminados. E é aqui que a mosca entra na história. Como esses insetos vivem por aí revirando lixo e fezes atrás de comida, elas podem ficar com parasitas infecciosos grudados nas patinhas e levá-los para dentro de casa.
“As moscas param em áreas contaminadas e transportam esses microorganismos para os alimentos. A partir daí ocorre a transmissibilidade”, explica o infectologista Victor Horácio de Souza Costa Júnior, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR).
Os insetos tendem a se proliferar mais rápido em épocas chuvosas e de alta temperatura. Como consequência, os casos da virose seguem o mesmo ritmo.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, quase 5 milhões de casos de doenças diarreicas agudas foram registrados ao longo de 2022. O número é 53% superior à quantidade relatada no mesmo período do ano anterior. Entre janeiro e março de 2023, outras 1,3 milhão de notificações foram incluídas no sistema do governo federal.
O Sudeste e o Nordeste brasileiros são as regiões com o maior número de casos. Por causa disso, as secretarias de saúde municipais e estaduais desses locais costumam divulgar comunicados e alertas para a população, com dicas sobre o tratamento e as formas de prevenção.
Tratamento
O tratamento da virose da mosca depende da causa da doença e da gravidade dos sintomas. Em casos leves, o quadro pode melhorar por si só em dois ou três dias, desde que a pessoa se hidrate adequadamente. “Orientamos repouso, hidratação e uma alimentação leve e balanceada, sem gordura e fritura”, recomenda o dr. Costa Júnior.
O soro caseiro continua sendo uma ferramenta e tanto para lidar com a doença. O preparo é super simples: em um um litro de água mineral, filtrada ou fervida (já fria), misture uma colher de sopa de açúcar (20 g) e uma colher de café de sal (3,5 g). Depois, é só mexer e tomar ao longo do dia, aos goles.
Em casos mais graves, no entanto, a virose da mosca pode evoluir para um quadro de desidratação, especialmente em crianças e idosos, que costumam ter mais dificuldade para se hidratar adequadamente. Se a pessoa chega a esse estágio, pode apresentar sintomas como sede em excesso, aumento da diarreia, vômitos frequentes e redução da urina. Nessas condições, o acompanhamento e a orientação de um médico são essenciais.
De acordo com o Ministério da Saúde, médicos podem também receitar antibióticos para pessoas com doenças diarreicas agudas com sangue ou muco nas fezes (quadro conhecido como disenteria).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 220 milhões de crianças são afetadas pelas doenças diarreicas todos os anos no mundo. Desse total, 96 mil acabam morrendo. A enfermidade figura como uma das principais causas de mortes em crianças menores de 5 anos, mesmo sendo evitável e tratável.
Prevenção
Medidas simples podem afastar os micro-organismos transmissores da doença e as moscas. Conheça algumas delas:
- mantenha as mãos sempre limpas após ir ao banheiro, depois de usar o transporte público e antes de preparar os alimentos;
- lave muito bem as frutas e verduras;
- lave e desinfete os potes e demais utensílios usados na preparação de alimentos;
- mantenha todo o ambiente limpo – chão, pia, móveis, etc. – para evitar o aparecimento de micro-organismos e insetos;
- como alimentos expostos costumam atrair moscas e outros insetos, procure mantê-los em recipientes fechados;
- o lixo também costuma ser um chamariz para as moscas. Por isso, é ideal manter o lixinho da cozinha com a tampa fechada.
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