A gripe H1N1 | Artigo

Em tempos de epidemia, é necessário atentar para medidas básicas de higiene e implementar medidas de saúde pública para conter o vírus da H1N1.

Mãos ensaboadas embaixo de uma torneira com água corrente.

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Publicado em: 15 de abril de 2011

Revisado em: 11 de agosto de 2020

Em tempos de epidemia, é necessário atentar para medidas básicas de higiene e implementar medidas de saúde pública para conter o vírus da H1N1.

 

O vírus que causa a gripe, conhecido como influenza, é um dos mais estudados pelos cientistas até hoje. Foram desvendadas sua estrutura e variações genéticas, decifrados os meios que usa para produzir a doença, disponibilizados remédios para o tratamento e até conhecidos detalhes do vírus que causou a famosa “gripe espanhola”, no início do século 20. Há pouco, ouvimos falar muito da gripe aviária e muita galinha caminhou para a morte pela simples possibilidade de esse vírus rondar o país em que viviam.

 

Veja também: Entrevista sobre gripe aviária

 

Infelizmente, conhecemos também o lado ruim da gripe: sua capacidade de causar epidemias. Os exemplos históricos são assustadores. O mais marcante foi a “gripe espanhola”, que provocou a morte de 40 milhões a 100 milhões de pessoas em todo o planeta. Após a gripe espanhola, outras duas epidemias ocorreram: a gripe asiática, no fim dos anos 1950, que provocou cerca de 1 milhão a 1,5 milhão de mortes, e a gripe de Hong Kong, no fim dos anos 1960, que matou ao redor de 1 milhão de pessoas.

Essas epidemias aparecem de tempos em tempos, mas ainda não conseguimos prever o intervalo entre elas. Já se passaram 40 anos desde a última. Cabe a nós ficarmos vigilantes. Por isso, as várias organizações nacionais e internacionais realizam monitorizações permanentes. Os dados são gerados em um grande número de paises, informando a ocorrência de casos, a circulação de novos vírus e sua capacidade de produzir doença.

 

O vírus A H1N1

 

Foi essa vigilância constante que possibilitou detectar a ocorrência de casos de gripe no México e identificar o vírus responsável: o tipo A subtipo H1N1, que se adaptou em porcos (daí o nome inicial de “gripe suína”). Graças a ela, é possível dizer que esse vírus está se alastrando por vários outros países.

Tudo leva a crer que o vírus H1N1 continuará a ser transmitido em todo o mundo, e o Brasil não deverá ser uma exceção. Portanto, é fundamental que sejam rapidamente implementadas, inclusive no Brasil, medidas para detectar casos dessa infecção e adotar condutas efetivas que possam minimizar a sua disseminação. Especialmente, porque entramos agora na estação de meses frios no sul e no sudeste do país, quando os vírus da gripe se espalham com mais facilidade.

 

Veja também: Artigo do dr. Drauzio sobre a gripe H1N1

 

O que podemos esperar, então? Já sabemos que, como na maioria dos surtos de gripes, a infecção por esse vírus causa os seguintes sintomas: febre, dores de cabeça e pelo corpo, dor de garganta e tosse, sintomas, frequentemente, fortes o suficiente para afastar as pessoas do trabalho e da escola. Também sabemos que a gripe é transmitida de pessoa para pessoa, através das secreções respiratórias e do contato.

 

Perigos da gripe

 

Gripes podem levar à morte, esteja ela relacionada com a doença propriamente dita ou em consequência de complicações, como a pneumonia e as infecções disseminadas. Essas mortes ocorrem todos os anos. Por isso, o governo brasileiro decidiu adotar a vacinação contra a gripe em pessoas acima de 60 anos.

Logo que foram identificados os primeiros casos da “gripe suína”, surgiu o temor que essa nova doença pudesse ser tão grave e mortal como foi a “gripe espanhola”. Com certo alívio, o que estamos vendo nos casos mais recentes é que a “gripe suína” se comporta como uma gripe comum.

 

Os casos no México

 

Ainda não sabemos o que ocorreu no México em detalhes (e isso precisa ser investigado), mas não há confirmação de morte (até o presente momento) não associada ao surto mexicano, entre os mais de 150 casos notificados fora daquele país.

Esse número certamente irá aumentar com o passar dos dias e das semanas. Dificilmente o Brasil será poupado e a melhor forma de combater a “gripe suína” é informar a população.

Podemos minimizar a transmissão do vírus lavando sempre as mãos, usando lenços descartáveis para cobrir boca e nariz, ao tossir ou espirrar, evitando o contato com muitas pessoas, se ficarmos doentes. O uso das máscaras descartáveis tem efeito muito limitado na prevenção em pessoas que não estão gripadas e eu não as recomendo. Não há qualquer problema em comer carne de porco bem cozida (o lombinho está garantido!).

É importante, também, conhecer os sintomas e procurar assistência médica adequada tão logo eles se instalem.

 

A gripe suína na saúde pública

 

A “gripe suína” representa um novo desafio para a saúde pública. Pela primeira vez, após consolidado o conhecimento sobre a transmissão da gripe, vemos um novo vírus influenza originário de animais ser transmitido para os humanos. O sistema de saúde de vários países está sendo posto à prova pela atual capacidade de comunicação e transparência com que as pessoas estão sendo informadas. Devemos gerenciar a informação e a experiência adquiridas com estratégia e inteligência para não disseminar o pânico.

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