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Drauzio

Orientações sobre a gripe H1N1 | Artigo

Representação digital de vírus.
Publicado em 15/04/2011
Revisado em 11/08/2020

Conhecer o quadro clínico dos primeiros pacientes com H1N1 pode ajudar a desenvolver medicamentos e conter a disseminação do vírus.

 

Não é de hoje que o vírus da gripe suína anda à espreita. Gripes resultantes da recombinação de genes dos vírus influenza dos porcos, das aves e do homem têm sido identificadas em porcos norte-americanos desde 1998, causando 12 casos de infecção humana no período de 2005 a 2009.

Nos dias 15 e 17 de abril de 2009, no entanto, os americanos identificaram dois casos de gripe causados por um vírus de origem suína caracterizado como H1N1, nos quais havia uma combinação de genes ainda não identificada em infecções humanas: o vírus S-OIV.

Foi o início da primeira pandemia de gripe dos últimos 40 anos; a primeira do século 21.

 

Veja também: Dr. Drauzio escreve sobre os surtos de H1N1 ao longo da história humana

 

Acabam de ser publicadas as características dos primeiros pacientes americanos que adquiriram essa gripe. Conhecê-las pode ser útil neste momento em que o vírus se espalha entre nós.

Entre 15 de abril e 15 de maio de 2009, foram identificados 642 casos, em 41 estados americanos. A idade variou de três meses a 81 anos. Um total de 40% apresentava entre dez e 18 anos, e apenas 5% tinham mais de 51 anos. Essa distribuição inverte aquela das gripes sazonais, que atingem principalmente os mais velhos e as crianças pequenas.

É possível que as crianças e os adultos jovens sejam realmente mais suscetíveis ao S-OIV ou que a interação social entre esses grupos retarde o acometimento dos mais velhos. Pode ser, ainda, que estes apresentem certo grau de proteção cruzada adquirida às custas de anticorpos resultantes de infecções anteriores por outros vírus influenza H1N1.

Os sintomas mais comuns foram febre (94% dos casos), tosse (92%) e dores de garganta (66%). Além deles, diarreia e vômitos, queixas raras nas gripes sazonais, estiveram presentes em 25% dos casos.

Dos 399 pacientes com informações disponíveis, 9% precisaram ser hospitalizados, oito dos quais foram internados em unidades de terapia intensiva e 4 precisaram de ventilação mecânica. Uma criança de 23 meses e uma mulher de 30 anos, previamente sadias, permaneciam gravemente enfermas no momento da publicação do estudo. Faleceram uma criança de 22 meses portadora de miastenia gravis e uma mulher grávida de 33 anos.

A disseminação ocorre principalmente através das gotículas expelidas na tosse e nos espirros, do contato com as mãos e objetos manipulados pelos doentes e do contato com material gastrointestinal, nos casos em que há diarreia e vômitos.

O período de incubação vai de dois a sete dias.

A maioria dos pacientes pode espalhar o vírus do primeiro dia antes da instalação dos sintomas a 7 dias depois de seu desaparecimento. Entretanto, em crianças pequenas e em adultos com o sistema imunológico debilitado esse período pode ser mais longo.

Os grupos com maior risco de desenvolver complicações são as crianças com menos de 5 anos, mulheres e homens com mais de 65 anos, crianças ou adultos portadores de doenças crônicas e as mulheres grávidas.

Duas classes de medicamentos antivirais estão indicadas no tratamento das gripes sazonais: os inibidores da neuramidase (oseltamivir e zanamivir) e as adamantanas (rimantadina e amantadina).

O S-OIV é sensível aos inibidores da neuramidase, mas resistente às adamantanas. Neste momento, a eficácia clínica do oseltamivir e do zanamivir é mal conhecida.

Dada a impossibilidade de administrar essas drogas a todos e à possibilidade de o uso indiscriminado tornar o vírus resistente aos antivirais, o tratamento deve ser indicado apenas nos casos confirmados, com prioridade para os pacientes hospitalizados e para aqueles que apresentam mais riscos de complicações.

A prevenção é feita com o isolamento domiciliar dos doentes. Os cuidados com as secreções respiratórias são de importância decisiva. Pacientes e contatuantes devem lavar as mãos com água e sabão com muita freqüência, porque essa medida simples reduz o risco de infecção e de transmissão.

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