Deficiência de testosterona é bastante comum: os níveis deste hormônio começam a declinar no homem a partir dos 30 anos.
Níveis baixos de testosterona são mais frequentes do que imaginávamos. Até recentemente pensava-se que ocorriam apenas em homens portadores de deficiências congênitas, ou naqueles com falência da função testicular resultante de tumores na hipófise ou traumatismo na bolsa escrotal.
Hoje, está claro que pode acontecer diminuição acentuada dos níveis de testosterona em condições como obesidade grau 3, infecção pelo HIV, estresse psicológico, doenças debilitantes ou como efeito colateral de medicamentos como os derivados da cortisona, por exemplo.
Queda na produção de testosterona provoca os seguintes efeitos no homem:
- Perda de massa óssea e aumento do risco de fraturas;
- Perda de força e diminuição da massa muscular;
- Aumento da massa gordurosa;
- Diminuição da libido;
- Redução da fertilidade;
- Fadiga;
- Aumento da resistência à insulina e do risco de diabetes;
- Depressão;
- Comprometimento das funções cognitivas.
A secreção de testosterona começa a declinar nos homens a partir dos 30 anos. Estudos mostram que, na faixa dos 40 aos 70 anos, a queda é de 0,8% ao ano.
O impacto dessa redução fisiológica é mal conhecido e varia entre os indivíduos. Apesar da variabilidade, em homens sintomáticos cujos níveis sanguíneos de testosterona estejam baixos, o diagnóstico de hipogonadismo deve ser aventado.
Quando o hipogonadismo surge na infância não é difícil reconhecê-lo: o menino não sofre as transformações características da puberdade. Mas, quando se instala na vida adulta, o reconhecimento se torna problemático, porque os sintomas costumam ser vagos e características como distribuição da barba, massa muscular e desenvolvimento dos genitais, são mantidas por muito tempo apesar da falência da função testicular.
Um grupo canadense desenvolveu um questionário para auxiliar no diagnóstico:
1) Você notou diminuição do desejo sexual?
2) Você notou diminuição da energia?
3) Você notou diminuição da força muscular e/ou da resistência física?
4) Você perdeu peso?
5) Você perdeu a alegria de viver?
6) Você vive triste e desanimado?
7) Sua ereção está menos consistente?
8) Tem sido mais difícil manter a ereção durante o ato sexual?
9) Você adormece depois do jantar?
10) Sua performance no trabalho deteriorou recentemente?
Resposta positiva nos itens 1 ou 7, ou três respostas positivas nos demais itens, sugere hipogonadismo (embora não obrigatoriamente).
A confirmação do diagnóstico requer a presença de níveis sanguíneos de testosterona abaixo do intervalo normal. Resultados abaixo de 200 ng/dL são considerados confirmatórios.
Mas, há casos de homens com níveis normais apesar de terem sintomas de hipogonadismo. Nessas situações, há necessidade de exames laboratoriais mais detalhados.
Não há evidência de que níveis baixos de testosterona interfiram com a mortalidade masculina, mas certamente pioram a qualidade de vida. A reposição de testosterona pode ser feita com injeções intramusculares, subcutâneas, adesivos ou com gel de testosterona. Adesivos transdérmicos são mais práticos de usar, porém mais dispendiosos do que as formas injetáveis.
Os níveis sanguíneos de testosterona devem ser determinados mensalmente, porque a disfunção sexual costuma ser corrigida assim que eles atingem a metade inferior da faixa da normalidade, mas os efeitos positivos sobre as massas óssea e muscular podem exigir níveis mais elevados para se fazerem sentir.
História prévia de câncer de próstata ou mama constituem contraindicações formais para a reposição de testosterona. Contraindicações relativas são: sintomas urinários obstrutivos provocados por aumento benigno da próstata, apneia do sono, insuficiência cardíaca grave e número elevado de glóbulos vermelhos.
Homens recebendo reposição devem ser submetidos a controle do PSA, toque retal e à avaliação da série vermelha do sangue, três meses depois de iniciar o tratamento. Daí em diante, as avaliações devem ser repetidas a cada seis meses.
Como as consequências a longo prazo da reposição são mal conhecidas, a maioria dos autores a indica apenas no caso de homens sintomáticos. Pela mesma razão, se depois de três meses não houver melhora da qualidade de vida, a interrupção do tratamento é recomendada.