Publicado em 30/10/2014
Revisado em 11/08/2020

Sonambulismo é um distúrbio cuja causa ainda é desconhecida. O que se sabe é que ele se manifesta mais no sexo masculino e que alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolver o transtorno.  

 

Sonambulismo é um distúrbio que se manifesta durante o estágio mais profundo do sono, o sono de ondas lentas, não-REM. Classificado como uma parassonia, o transtorno se caracteriza pela realização de atividades motoras sem a pessoa ter consciência plena do que está fazendo, uma vez que parte de suas funções cerebrais continua adormecida, e ela permanece num estado de transição entre o sono e a vigília. Por isso, na manhã seguinte, os sonâmbulos não lembram, ou lembram muito pouco, o que aconteceu durante a noite (amnesia total ou parcial).

Em geral, os episódios ocorrem uma ou duas horas depois que a pessoa adormeceu, duram de poucos segundos a meia hora e terminam quando ela acorda ou volta para cama para continuar dormindo. Embora os casos de sonambulismo sejam mais comuns na infância até por volta dos 12, 13 anos, adultos e idosos também podem ser afetados por esse tipo de distúrbio do sono.

No passado, acreditava-se que sonâmbulos nunca deveriam ser despertados durante a crise, ou que, se alguém lhes pregasse um susto nessa hora, ficariam definitivamente curados. Nada disso é verdade. Sonâmbulos podem ser acordados. O inconveniente maior é que despertarão meio confusos, sem entender direito o que está acontecendo naquele momento. Assustá-los não trará o menor benefício para o controle do distúrbio. O melhor mesmo é levá-los com calma de volta para a cama a fim de que continuem dormindo.

 

Sintomas

 

A palavra sonambulismo define bem o principal sintoma do transtorno: andar (ambular) dormindo, quase sempre de olhos abertos, mas vazios, sem expressão. Durante os episódios, a pessoa pode sentar na cama, arrumar as cobertas, andar pela casa, falar sem nexo, mudar de roupa, abrir e fechar portas e janelas, ir ao banheiro. Levantar para comer sem despertar completamente é outro sintoma comum no sonambulismo.

Quase sempre, o sonâmbulo repete ações rotineiras, estereotipadas, sem a interferência direta do cérebro, o que pode resultar em acidentes. Ou seja, não é raro a pessoa cair ou ferir-se com a faca que usou para cortar um alimento durante a crise de sonambulismo.

São menos comuns os casos em que o sonâmbulo sai de casa, caminha pelas ruas ou dirige automóvel, por exemplo. Qualquer que seja a situação, porém, ao acordar, ele se mostra aturdido e desorientado por algum tempo, porque o episódio ocorre em fases profundas do sono. Pode também reagir com alguma agressividade nesses momentos.

O intrigante é que, apesar de ter perambulado pela casa durante a noite, no dia seguinte, a pessoa não dá sinais de cansaço e sonolência.

 

Causas e fatores de risco

 

A causa do sonambulismo ainda é desconhecida. O que se sabe é que ele se manifesta mais no sexo masculino e que alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolver o transtorno. Entre eles, vale destacar o componente genético, já que vários casos ocorrem em membros da mesma família.

Nas crianças, a desordem pode estar correlacionada com o processo de amadurecimento do cérebro e costuma desaparecer com o crescimento sem deixar vestígios. Nos adultos, em geral, os episódios se repetem ao longo dos anos e são desencadeados, na maior parte das vezes, por níveis altos de estresse físico e mental.

Constituem também fatores predisponentes para o sonambulismo: privação do sono (noites mal dormidas), distúrbios psiquiátricos (depressão e ansiedade), respiratórios (apneia do sono, asma), febre, consumo de álcool e outras drogas, medicamentos que interferem no mecanismo do sono, bexiga cheia, ruídos, temperatura desagradável, entre outros.

 

Diagnóstico

 

O diagnóstico do sonambulismo leva em conta o relato dos pacientes e das pessoas que com ele convivem. O resultado da polissonografia, exame que registra as reações do organismo durante o sono, e do eletroencefalograma são dados importantes para respaldar o diagnóstico.

 

Tratamento

 

O sonambulismo é um distúrbio benigno do sono, que pode desaparecer espontaneamente nas crianças. O tratamento só se torna necessário, quando os episódios são frequentes e podem oferecer risco de acidentes ou constrangimento para o paciente. Nesses casos, tem-se mostrado útil recorrer aos medicamentos que combatem os estados de tensão e ansiedade e atuam sobre o padrão do sono, entre eles os benzodiazepínicos e certos antidepressivos. Técnicas de relaxamento e psicoterapia também ajudam a controlar o distúrbio que ainda não em cura.

Crises de sonambulismo associadas a doenças, como a apneia do sono, o refluxo gastroesofágico e a febre, por exemplo, respondem bem quando as enfermidades de base são tratadas convenientemente.

 

Recomendações

 

Conviver com uma pessoa sonâmbula requer alguns cuidados especiais.

Com o ambiente:

  • Trancar portas e janelas e retirar as chaves das fechaduras;
  • Colocar telas ou grades de proteção nas janelas;
  • Bloquear o acesso às escadas;
  • Não permitir que o sonâmbulo durma na parte superior das beliches;
  • Guardar facas e tesouras em locais de difícil acesso;
  • Retirar das passagens móveis e objetos em que a pessoa possa tropeçar.

Com a rotina diária:

  • Não ingerir bebidas alcoólicas;
  • Evitar atividades perto da hora de dormir que mantenham o paciente em estado de alerta, como o computador, videogame, televisão, etc;
  • Cultivar hábitos saudáveis de vida: a alimentação balanceada e a prática de atividade física ajudam a combater o estresse responsável por crises de sonambulismo;
  • Respeitar o ciclo de sono e vigília: o paciente deve ser estimulado a ir para cama sempre no mesmo horário, todos os dias da semana, inclusive sábados e domingos;
  • Não se automedicar: alguns medicamentos, em vez de ajudarem, comprometem mais ainda a qualidade do sono.

 

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