Polimiosite

A polimiosite é uma doença inflamatória grave e de origem autoimune, caracterizada pelo enfraquecimento e atrofia da musculatura esquelética.

mulher com polimiosite sentada na cama com a mão no quadril, em sinal de dor

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A polimiosite é uma doença inflamatória idiopática grave, que enfraquece e atrofia a musculatura esquelética.

 

Miopatia é o nome que se atribui às desordens degenerativas da musculatura esquelética que afetam o músculo sem envolver as doenças do sistema nervoso central, nem os nervos periféricos ou a junção neuromuscular.

Polimiosite é uma miopatia inflamatória crônica do tecido conjuntivo que atinge basicamente os músculos ao redor dos quadris, coxas, ombros, braços e pescoço, próximos ao tronco e dos dois lados do corpo. Não há registro de que os músculos das mãos, pés e rosto sejam diretamente afetados por esse processo inflamatório.

Veja também: Artigo do dr. Drauzio sobre síndrome da fadiga crônica

Em geral, a doença se instala durante ou logo após uma infecção aguda causada por vírus, ou como resultado de certas reações autoimunes hereditárias. Essa condição acomete mais os adultos depois dos 30/40 anos, as crianças entre 5 e 15 anos, as mulheres e pessoas negras.

Nos homens, a partir dos 60 anos, a polimiosite pode estar associada ao risco aumentado de câncer.

Geralmente, as crianças podem apresentar longos períodos assintomáticos, dando a falsa impressão de estarem completamente curadas. Infelizmente, esses períodos de remissão podem ser interrompidos, dando lugar a novos episódios da doença (recidivas).

Como ocorre em todas as doenças autoimunes, ainda não foram encontradas formas de prevenir, ou evitar, as crises de polimiosite.

 

Causas da polimiosite

 

Ainda não se conhece a causa exata da polimiosite. Estudos indicam que a inflamação dos músculos é resultado de um mecanismo de autoagressão, em que o sistema imunológico, que deveria proteger as células musculares saudáveis, passa a produzir anticorpos que atacam os tecidos musculares do próprio organismo.

Em outras palavras: a polimiosite é uma doença inflamatória idiopática grave, que enfraquece e atrofia a musculatura esquelética. Estudos mais recentes sugerem que alguns vírus e certas reações autoimunes hereditárias podem estar envolvidos no aparecimento da doença.

 

Sintomas da polimiosite

 

Os sintomas mais comuns da polimiosite são dor e fraqueza muscular progressiva, que se instalam lenta ou abruptamente e podem piorar com o passar do tempo. A inflamação afeta, em especial, os músculos esqueléticos responsáveis pelos movimentos voluntários, o que torna difícil realizar até mesmo as atividades simples do dia a dia, como caminhar curtas distâncias, subir escadas, levantar-se da cadeira ou da cama, pentear os cabelos, escovar os dentes, lavar o rosto. Fadiga intensa, febre, dor nas articulações e fezes escurecidas são outros sintomas da polimiosite que assume formas mais agudas nas crianças do que nos adultos.

Muitas podem apresentar uma forma pós-viral, benigna, autolimitada e de evolução rápida da condição. Em outras, no entanto, a evolução é lenta, as desordens musculares persistem, assim como a dificuldade de locomoção. Embora não seja comum a doença afetar os órgãos internos, alguns sintomas podem indicar agravamento do quadro. Falta de ar e tosse, por exemplo, podem ser sinal de que a inflamação está afetando os músculos respiratórios e os pulmões, assim como a manifestação de certas cardiomiopatias evidencia que o edema pode não ter poupado o músculo cardíaco. Do mesmo modo, a dificuldade para engolir, que ocorre quando os músculos da garganta e do esôfago foram comprometidos pelo processo inflamatório, representa uma complicação grave da polimiosite, na medida em que se torna um entrave para a nutrição adequada e pode facilitar o refluxo, inclusive da saliva, para os pulmões.

 

Diagnóstico da polimiosite

 

O diagnóstico da polimiosite baseia-se nos achados do exame físico (perda da força muscular, emagrecimento, voz anasalada) e no levantamento da história clínica do paciente. Exames complementares de sangue são úteis para verificar 1) se há aumento de uma enzima, a creatinofosfoquinase, produzida pelas fibras musculares danificadas pela inflamação, e 2) se há alterações nos níveis de anticorpos específicos das miopatias inflamatórias.

A eletromiografia, a ressonância magnética e a biopsia muscular são exames importantes para estabelecer o diagnóstico conclusivo da polimiosite autoimune típica e orientar o tratamento. O que se sabe, entretanto, é que quanto mais cedo ele for introduzido, menor será perda  de massa muscular e  mais leves serão suas consequências.

 

Tratamento da polimiosite

 

A evolução da polimiosite varia muito de uma pessoa para outra. Entretanto, apesar de não podermos falar em cura definitiva, a proposta terapêutica consiste em recuperar a função muscular prejudicada pelo edema e aliviar os sintomas.

No que se refere ao uso de medicação, a polimiosite inclui:

  • Prescrição de altas doses de corticosteroides por via oral, com o intuito de combater efetivamente a inflamação que danifica os músculos; às vezes, uma dose baixa desses medicamentos precisa ser mantida por longos períodos a fim de evitar recidivas;
  • Indicação de agentes imunossupressores, quando os corticosteroides utilizados não oferecem a reposta desejada ou estão associados a efeitos colaterais indesejáveis;
  • Aplicação intravenosa de gamaglobulina (produto do sangue purificado composto por anticorpos saudáveis de inúmeros doadores) tem-se revelado um recurso eficaz no tratamento da polimiosite;
  • A fisioterapia, tanto na fase aguda quanto na fase crônica da doença muscular, representa um recurso importante para o tratamento, uma vez que ajuda a reabilitar o músculo, inibindo retrações e atrofias, que prejudicam a mobilidade.

Outro fator a considerar é a importância da prática de exercícios físicos. Desde que devidamente orientados, eles podem trazer benefícios não só para a melhora da força muscular e da capacidade funcional, mas também para a melhora da qualidade de vida do paciente.

 

Polimiosite e dermatomiosite: semelhanças e diferenças básicas

 

Assim como a polimiosite, a dermatomiosite integra o grupo de doenças autoimunes musculares reumáticas relativamente raras, denominadas miopatias idiopáticas inflamatórias. Nos dois casos, o processo inflamatório é crônico e provoca fraqueza e degeneração muscular progressiva.

Do mesmo modo que na polimiosite, a causa da dermatomiosite ainda não foi totalmente esclarecida. Os sintomas, porém, guardam algumas diferenças marcantes entre si. A principal delas é que, além do problema muscular, na dermatomiosite, a enfermidade afeta a pele, causando as seguintes alterações dermatológicas, de início aparecem junto com a fraqueza motora:

  • Erupção cutânea vermelha ou vermelho-arroxeada, ao redor dos olhos e nas articulações, ou espalhadas pelo corpo, especialmente nas regiões em que a pele fica mais exposta ao sol;
  • Calcinose (depósitos subcutâneos de cálcio) e vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos que confere cor violácea à pele) são sinais que se manifestam especialmente na infância;
  • Placas lisas ou em relevo sobre as articulações dos dedos das mãos, dos pés, cotovelos, tornozelos ou joelhos;
  • Pele grossa nas mãos e base das unhas avermelhadas.

Quando os sinais característicos da dermatomiosite involuem, podem surgir, no local das lesões, uma pigmentação parda ou manchas de despigmentação.

 

Perguntas frequentes sobre polimiosite

 

Quais os sintomas da polimiosite?

Sintomas mais comuns: dor e fraqueza muscular progressiva, de início lento ou repentino. A inflamação afeta, em especial, os músculos esqueléticos responsáveis pelos movimentos voluntários, o que torna difícil realizar até mesmo as atividades simples do dia a dia.

Outros sintomas possíveis: fadiga intensa, febre, dor nas articulações e fezes escurecidas.

Sintomas menos frequentes como tosse e falta de ar podem indicar que a doença afetou os órgãos internos, alguns sintomas podem indicar agravamento do quadro. Isso, no entanto, é menos comum.

 

A polimiosite pode levar à morte?

Existe o risco de morte para adultos com quadros graves e progressivos, que são menos comuns, pois a doença pode afetar a respiração, a deglutição e a nutrição desses pacientes.

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