Foliculite

A foliculite é uma inflamação dos folículos pilosos que pode ocorrer em qualquer momento da vida. Pessoas negras, asiáticas, com obesidade ou com baixa imunidade estão mais propensas ao problema.

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Publicado em: 2 de agosto de 2016

Revisado em: 25 de agosto de 2023

A foliculite é uma inflamação dos folículos pilosos que pode ocorrer em qualquer momento da vida. Pessoas negras, asiáticas, com obesidade ou com baixa imunidade estão mais propensas ao problema.

 

Foliculite é o nome que se dá à inflamação aguda ou crônica dos folículos pilosos, estrutura complexa formada em minúsculas reentrâncias na pele, onde os pelos nascem e crescem.

Folículos pilosos estão espalhados por todo o corpo humano, exceção feita à palma das mãos, plantas dos pés e às áreas de transição entre a pele e as mucosas, como os lábios, por exemplo. Embora possa ocorrer em qualquer lugar do corpo onde haja pelos, as regiões mais vulneráveis ao aparecimento das lesões são face, couro cabeludo, axilas, coxas, nádegas e virilha. Quadros inflamatórios mais leves podem evoluir favoravelmente com cuidados básicos de higiene. Os mais graves podem levar à perda definitiva dos pelos e a cicatrizes permanentes.

Qualquer um de nós pode apresentar episódios de foliculite em algum momento da vida. Entretanto, pessoas negras, asiáticas, com obesidade ou com baixa imunidade estão mais propensas a desenvolver a doença.

 

Causas e fatores de risco da foliculite

A principal causa da foliculite é a infecção pelo Staphilococcus aureus (estafilococos), uma bactéria comum que se aloja na pele dos seres humanos. Mas não é só ela: outras bactérias, vírus e fungos também podem estar envolvidos no aparecimento das lesões cutâneas características desse distúrbio.

Da mesma forma, o uso de lâminas de barbear, de roupas muito justas ou que retêm umidade e calor, escoriações na pele, feridas cirúrgicas, picadas de insetos, enfermidades como a acne e a dermatite, uso tópico e contínuo de cremes esteroides e de antibióticos podem comprometer a integridade dos folículos pilosos.

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Classificação e sintomas da foliculite

De acordo com a extensão do processo inflamatório, a foliculite pode ser classificada em superficial ou profunda. Na superficial, ela se instala na parte superior do folículo piloso, a pele em volta fica avermelhada e sensível e podem aparecer pequenas pústulas semelhantes a espinhas com conteúdo amarelado de, no máximo, 1 cm de diâmetro. Quase sempre é possível enxergar o pelo no centro da lesão, que coça bastante.

Na foliculite profunda, a inflamação se estende por todo o folículo piloso e alcança a raiz. No local, surge a lesão típica da doença: extensa área avermelhada que tem no centro um nódulo endurecido com pus. Coceira, dor, edema (inchaço) e tumefação local são sintomas comuns nesses casos. É um tipo de infecção mais grave, que pode destruir o folículo piloso e deixar cicatrizes.

A foliculite superficial pode apresentar-se sob as seguintes formas:

  • Foliculite estafilocócica: é causada pelo Staphilococcus aureus, bactéria gram-positiva que pode formar colônias na pele das pessoas. Esse micróbio só causa problemas quando um ferimento funciona como porta aberta para que ele possa penetrar no organismo e infectar o folículo piloso, dando origem a pequenos nódulos vermelhos com um ponto branco no centro em volta de um ou mais folículos pilosos, que coçam e doem;
  • Foliculite por pseudomonas: também conhecida por foliculite da banheira, é transmitida por Pseudomonas, bactérias que sobrevivem em diversos ambientes, incluindo banheiras de hidromassagem e piscinas aquecidas, se os níveis de cloro e o pH estiverem mal regulados. Nesses casos, a erupção cutânea é formada por pequenas lesões cheias de pus, que coçam bastante e podem acometer áreas extensas do corpo;
  • Pseudofoliculite da barba (coceira de barbeiro): inflamação causada por pelos encravados. É mais comum em homens negros adultos, especialmente no rosto e pescoço. Mulheres que fazem depilação com cera quente também estão sujeitas a desenvolver essa reação inflamatória na região das axilas e da virilha;
  • Foliculite pitirospórica: infecção pelo fungo Pytirosporum ovalle (Malassezia) que têm preferência pelas áreas úmidas do corpo. As lesões têm a forma de papulopústulas, mais ou menos do mesmo tamanho, que se instalam sobretudo nas costas, peito e braços de adolescentes e homens adultos.

Entre as diferentes apresentações da foliculite profunda, é importante destacar:

  • Foliculite ou sicose da barba: também aqui o agente transmissor é o Staphilococcus aureus. As lesões aparecem na região da barba (face, lábio superior, queixo e mandíbula) dos homens adultos. Têm a forma de pápulas ou pústulas com um pelo no centro, ou de crostas que podem juntar-se para compor placas avermelhadas. A repetição do ato de barbear-se pode tornar a infecção mais grave e deixar cicatrizes;
  • Foliculite gram-negativa: em geral, se desenvolve em pessoas que recebem antibióticos orais por longos períodos para tratamento da acne, uma vez que o uso constante desses medicamentos altera a flora bacteriana do nariz e promove o aparecimento de bactérias gram-negativas que se espalham pela pele do rosto;
  • Furúnculos e carbúnculos: são lesões que têm como causa a infecção profunda do folículo piloso pelo Staphilococcus aureus. O furúnculo é um abscesso, ou seja, um nódulo vermelho e duro com pus, na parte central. Essa secreção é formada pelo acúmulo de células mortas, bactérias e leucócitos em processo de degeneração. O furúnculo afeta um único folículo piloso e pode aparecer nas nádegas, pescoço, axilas e virilha. Em grande parte dos casos, depois de alguns dias, ocorre a drenagem espontânea do conteúdo purulento. O carbúnculo atinge um grupo de folículos pilosos próximos, formando um aglomerado de furúnculos. Em geral, aparece na parte de trás do pescoço, ombros, quadris e coxas. Idosos e portadores de diabetes estão mais propensos a desenvolver esses quadros infecciosos;
  • Foliculite eosinofílica: a causa ainda não está bem esclarecida, embora não se possa descartar a possibilidade de estar associada à infecção pelo fungo Pytirosporum. O que se sabe é que a doença se manifesta especialmente nos portadores de HIV/aids e em pessoas com baixa imunidade. As lesões, parecidas com espinhas comuns, aparecem principalmente no rosto, coçam muito e deixam manchas escuras no local.

 

Diagnóstico de foliculite

O exame clínico das lesões cutâneas associado ao levantamento da história do paciente podem ser suficientes para o diagnóstico da foliculite. Em alguns casos, porém, pode ser necessário colher uma amostra da lesão e mandar para análise laboratorial a fim de identificar o agente responsável pela infecção, estabelecer o diagnóstico diferencial e orientar o tratamento.

 

Tratamento da foliculite

O esquema de tratamento da foliculite varia de acordo com a causa, tipo e gravidade das lesões. Os casos mais leves costumam responder bem à aplicação de medidas caseiras, tais como:

  • Colocar compressas mornas e úmidas várias vezes por dia no local. Alguns experimentos mostram que mergulhar a compressa numa solução de duas xícaras de água e uma colher de chá de sal ajuda a promover drenagem mais rápida da pústula e acelera o processo de cura;
  • Fazer a higiene do local utilizando água morna e sabonete antisséptico. De preferência, enxugar com uma toalha descartável;
  • Aplicar pomadas ou cremes de uso tópico com propriedades anti-inflamatórias sobre a lesão.

Quando o processo infeccioso está instalado, é grave ou recorrente, pode ser necessário introduzir antibióticos por via oral, se a infecção for causada por bactérias, ou medicamentos específicos para combater a infecção por fungos. A indicação de corticoides por via oral para reduzir a inflamação deve ser feita por períodos curtos em virtude dos efeitos colaterais indesejáveis que esses medicamentos podem provocar.

Abscessos maiores podem exigir intervenção cirúrgica para drenar o pus. Isso ajuda a aliviar a dor e facilita o processo de recuperação. Terapia fotodinâmica e depilação a laser, técnicas que destroem completamente o folículo piloso, podem ser recomendadas se as outras opções de tratamento não forem suficientes.

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Prevenção da foliculite

Incorporar alguns hábitos simples na rotina diária pode ajudar a evitar a foliculite. Veja alguns exemplos:

  • Lave bem as mãos e com frequência, especialmente antes e depois de tocar as lesões;
  • Tome banho ou faça a higiene com loções e sabonetes antissépticos antes e depois da depilação, mas não exagere no utilização desses produtos porque, além de deixar a pele mais seca, podem atacar as bactérias protetoras do organismo;
  • Verifique as condições de asseio e o nível de cloro das banheiras de hidromassagem e piscinas aquecidas que pretende usar; na dúvida, espere que os desacertos sejam corrigidos;
  • Não use roupas muito justas, porque aumentam o atrito com a pele e retêm o suor;
  • Troque a roupa de banho molhada por outra seca o mais depressa possível;
  • Mantenha a pele sempre hidratada e livre de células mortas;
  • Redobre os cuidados na hora de fazer a barba. Use água morna e creme ou gel para reduzir o atrito da lâmina e irritar menos a pele. Passe a lâmina no sentido do crescimento do pelo. Terminada a função, é bom aplicar uma loção hidratante;
  • Evite alimentos muito gordurosos, beba bastante líquido e procure manter o peso controlado, pois o sobrepeso é um fator de risco para a manifestação da foliculite.

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Referências

Sociedade Brasileira de Dermatologia www.sbd.org.br/doencas/foliculite/

www.abcmed.com.br

www.dermatologia.net

www.mayoclinic.org/diseases-conditions/folliculitis

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